Nrsimhadeva, o Protetor dos Devotos
Fonte: http://narasimhadeva.blogspot.com.br/
Originalmente
publicado em Back to Godhead [Volta ao Supremo], revista fundada por
Sua Divina Graça Srila Prabhupada no ano de 1944
Artigo referente à edição do bimestre de novembro/dezembro de 2007
Nrsimhadeva, o Protetor dos Devotos
Lord Nrsimha, Protector of Devotees
por Aja Govinda Dasa
Uma
das formas mais deslumbrantes do Senhor Krsna é a de Sri Nrsimhadeva,
Sua encarnação como meio homem meio leão. O Senhor Nrsimha aparece para
proteger Seu devoto Sri Prahlada Maharaja do ateísta rei
Hiranyakasipu, o próprio pai de Prahlada.
Prahlada, o Garoto Santo
Sri
Prahlada Maharaja era devoto do Senhor Krsna desde seu nascimento,
tendo recebido o conhecimento acerca do serviço devocional ainda no
ventre. Certa vez, durante a ausência de Hiranyakasipu, seus inimigos,
os semideus, servos do Senhor Supremo responsáveis pela a administração
do universo, seqüestraram sua esposa para matarem seu embrião. Eles
temiam que aquele embrião pudesse se tornar, posteriormente, outro
poderoso inimigo. Sri Narada Muni, todavia, resgatou a mãe e a criança
após convencer os semideuses que aquele garoto no ventre era um
grandioso devoto do Senhor Krsna. [Veja a seção extra ao fim "Por que
Prahlada se torna filho de Hiranyakasipu"].
No ventre de sua mãe, enquanto ela permanecia no asrama
de Narada Muni, Prahlada ouviu os tópicos transcendentais concernentes
às glorias do Senhor, refugiou-se no infalível abrigo dos pés de
Krsna, e se tornou completamente destemido. Posteriormente, embora
fosse apenas uma criança de cinco anos, possuía firme fé na proteção do
Senhor, e invocou essa mesma devoção pura ao Senhor no coração de seus
colegas de sala da escola ateísta de Sukracarya, o guru dos daityas,
ou ateístas descendentes de Diti. Muito enraivecido pela indesviável
devoção de seu filho por seu pior inimigo – o Senhor Visnu, a forma de
quatro braços do Senhor Krsna – Hiranyakasipu sentenciou Prahlada à
morte. Os servos de Hiranyakasipu tentaram de tudo para matar Prahlada.
Tentaram matá-lo por fome, por envenenamento, rogando-lhe maldições,
assombrando-o com demônios e fantasmas, mandando um elefante
pisoteá-lo, prendendo-o com cobras venenosas, arremessando-o de altas
montanhas e o atacando com pedras, fogo e gelo. Apesar de todos os
esforços de Hiranyakasipu, Prahlada permanecia intocado, o que fez a
ira daquele rei demoníaco crescer ainda mais.
O Plano de Hiranyakasipu para se Tornar Deus
A
inimizade de Hiranyakasipu para com o Senhor Visnu começou quando o
Senhor, sob Sua forma como um javali gigante, matou o irmão gêmeo de
Hiranyakasipu, Hiranyaksa, que havia desequilibrado a Terra por
gananciosamente minerá-la em busca de mais e mais ouro. Com a morte de
seu irmão, Hiranyakasipu acusou o Senhor Visnu de parcialidade para com
os semideuses: "A Suprema Personalidade de Deus abandonou Sua
tendência de ser equânime para com os demônios e semideuses. Embora Ele
seja a Pessoa Suprema, agora, influenciado por maya
[ilusão], Ele assumiu a forma de um javali para comprazer Seus
devotos, os semideuses, assim como uma criança inquieta se inclina mais
a uma pessoa do que a outra".
O Senhor, de fato, nunca demonstra parcialidade para com alguém: samo 'ham sarva-bhuteshu na me dveshyo 'sti na priyah (Bhagavad-gita 9.29). Ele simplesmente reciproca cada entidade viva de acordou com seus desejos individuais. O Senhor Krsna diz no Bhagavad-gita (4.11):
ye yatha mam prapadyante
tams tathaiva bhajamy aham
mama vartmanuvartante
manushyam partha sarvashah
tams tathaiva bhajamy aham
mama vartmanuvartante
manushyam partha sarvashah
"A
todos aqueles que se rendem a Mim, Eu os recompenso proporcionalmente.
Todos seguem o Meu caminho sob todos os aspectos, Ó filho de Prtha".
Assim, o Senhor aparece como a morte para o ateísta e como o salvador
amoroso para o Seu devoto; uma vez que está acima de qualquer idéia de
afinidade material.
Para vingar a morte de seu irmão, o poderoso daitya
Hiranyakasipu prometeu satisfazer a alma de seu irmão derramando o
sangue de Visnu. Para obter o poder e imortalidade que precisava,
executou penitências humanamente impossíveis, através das quais obteve
favores do senhor Brahma, o criador do universo. Hiranyakasipu pensou
que poderia se tornar Deus através de suas austeridades e penitências
pessoais. Ele tolamente concluiu que, uma vez que o Senhor Visnu estava
favorecendo os semideuses, Ele também era uma alma condicionada comum
(influenciada por atração e rejeição) que havia se tornado Deus através
de austeridades. Essa mentalidade é própria dos filósofos Mayavadis,
que dizem que cada alma é Deus iludido por maya
e, uma vez que a ilusão seja dissipada, a alma novamente realiza sua
identidade como Deus. Essa teoria, todavia, é inaceitável quando
consideramos a supremacia do Senhor Krsna, a Suprema Personalidade de
Deus, como Ele estabelece no Bhagavad-gita (9.10):
mayadhyakshena prakritih
suyate sa-caracaram
hetunanena kaunteya
jagad viparivartate
suyate sa-caracaram
hetunanena kaunteya
jagad viparivartate
"Esta
natureza material, que é uma de Minhas energias, funciona sob Minha
direção, ó filho de Kunti, produzindo todos os seres, móveis e inertes.
Sob sua ordem, esta manifestação é criada e aniquilada repetidas
vezes". A energia material, maya, é uma das diversas potências do Senhor Supremo. Sendo maya
completamente submissa ao Senhor, não há nenhuma possibilidade do
Senhor Supremo e Absoluto ser controlado por sua influência. As
entidades vivas, todavia, uma vez que são partes diminutas do Senhor,
podem ser iludidas. A teoria Mayavada, de que após a liberação a alma se
funde em Deus, é refutada no Bhagavad-gita (15.7, 2.12), onde Krsna declara que todas as almas jivas são Suas partes eternas, sendo sempre individuais.
Os Mayavadis também declaram que a concepção mais elevada de Deus é a do impessoal e todo penetrante nirguna brahman
(a Verdade Absoluta destituída de qualidade, atributos e forma), que
aceita um corpo material, como o nosso, sempre que vem a este mundo.
Assim, para os Mayavadis, o Senhor Visnu ou Krsna são saguna-brahman
(Brahman com atributos e formas) que, para eles, quer dizer que estão
iludidos pela energia material, uma vez que não podem entender a
transcendência com forma e qualidades.
Frustrados
devido ao sofrimento causado pelo corpo material, os filósofos
impersonalistas concebem a transcendência, ou liberação, como
destituídas de qualidades e atributos. O Senhor comenta sobre essa
noção:
avyaktam vyaktim apannah
manyante mam abuddhayah
param bhavam ajananto
mamavyayam anuttamam
manyante mam abuddhayah
param bhavam ajananto
mamavyayam anuttamam
"Homens
sem inteligência, que não Me conhecem perfeitamente, pensam que Eu, a
Suprema Personalidade de Deus, Krsna, antes teria sido impessoal e que
agora assumi esta personalidade. Devido a seu conhecimento limitado,
eles não conhecem Minha natureza superior, que é imperecível e suprema" (Bhagavad-gita 7.24). Aprendemos, portanto, através do Bhagavad-gita,
que o Senhor Krsna nunca fez nenhuma austeridade ou penitência para se
tornar Deus. Ele é eternamente a Suprema Verdade Absoluta, e as almas
individuais são Suas eternas partes fragmentárias.
Nrsimhadeva mata Hiranyakasipu

Assim
como os Mayavadis mantêm a falsa teoria de que uma alma pode se tornar
Deus através de um pouco de penitências, Hiranyakasipu considerava que
poderia se tornar invencível e vencer o Senhor Visnu com seus poderes.
Mas Prahlada desafiava seu poder.
O arrogante Hiranyakasipu rogou-lhe pragas e inquiriu: "De onde você tira forças para desafiar minha supremacia?".
"O
Senhor Visnu é a fonte de minhas forças", respondeu o destemido
Prahlada. "Ele é a origem da força de todos, inclusive da sua".
Ouvir
que sua força era produto da graça de Visnu, seu pior inimigo, foi o
pior dos insultos para Hiranyakasipu, que desafiou Prahlada: "Maldito
Prahlada, você está sempre falando sobre um supremo controlador
onipresente superior a mim. Se ele está em todo o lugar, por que,
então, Ele não está presente diante de mim neste pilar? Se ele não
aparecer deste pilar, separarei, hoje, sua cabeça de seu corpo com
minha espada".
Com
essas palavras, Hiranyakasipu golpeou o pilar, do qual ouviu-se um som
tão alto que parecia que a cobertura do universo seria destruída.
[Veja a seção extra ao fim "Como Prahlada Sabia que o Senhor Nrsimha
Iria Protegê-lo"].
Para
comprovar a afirmação de Seu devoto Prahlada, o Senhor Supremo
apareceu do pilar em uma forma jamais vista, uma forma que não era nem
homem, nem leão: a forma de Sri Nrsimhadeva.
Embora
Hiranyakasipu parecesse uma mariposa entrando no fogo quando foi
atacar o Senhor Nrsimha, ele ridiculamente pensou que poderia derrotar o
Senhor como fizera anteriormente com seus demais inimigos.
Anteriormente, quando seu irmão fora morto, Hiranyakasipu, irado, se
dirigiu para a residência do Senhor com um tridente em mãos. O Senhor
então desapareceu entrando na narina de Hiranyakasipu. Não conseguindo
achá-lO, Hiranyakasipu considerou que Deus estava morto.
Agora,
Hiranyakasipu confrontava o Senhor, que brincou com ele da mesma forma
que um gato brinca com um rato. Quando o sol começou a se pôr, o
Senhor Nrsimha colocou Hiranyakasipu em Seu colo e enterrou Suas garras
no torso do demônio.
O daitya exclamou:
"Como isso é possível? Meu corpo que está sendo rasgado agora por
Nrsimhadeva é o mesmo corpo que quebrou as presas de Airavata, o
elefante de Indra; é o mesmo corpo que não sofreu nenhum ferimento,
mesmo após ter sido golpeado pelo machado do senhor Shiva". (Nrsimha Purana 44.30)
Nrsimhadeva
rasgou o peito pétreo de Hiranyakasipu com Suas garras semelhantes a
diamantes. O Senhor, então, enguirlando-se com os intestinos do rei como
se fosse Sua guirlanda da vitória, e, para convencer os semideuses da
morte de Hiranyakasipu, o Senhor arrancou o coração do daitya.
Como
outro aspecto de Sua peça divina, o Senhor de repente se surpreendeu
ao ver que o corpo de Hiranyakasipu havia desaparecido. Quando balançou
Suas mãos, todavia, os pedaços mutilados do corpo de Hiranyakasipu
caíram de Suas unhas no chão (Nrsimha Purana
44.32-35). Assim, entendemos que Hiranyakasipu era apenas um
insignificante inseto se comparado com o leão transcendental, o Senhor
Nrsimhadeva, como confirma Jayadeva Gosvami:
tava kara-kamala-vare nakham adbhuta-shringam
dalita-hiranyakashipu-tanu-bhringam
keshava dhrita-narahari-rupa jaya jagadisha hare
dalita-hiranyakashipu-tanu-bhringam
keshava dhrita-narahari-rupa jaya jagadisha hare
"Ó
Keshava! Ó Senhor do universo! Ó Senhor Hari, que assumiu a forma
metade homem, metade leão! Todas as glórias a Ti! Assim como se pode
facilmente esmagar uma vespa entre as unhas, o corpo de Hiranyakasipu,
um demônio parecido com uma vespa, foi dilacerado pelas afiadas unhas de
Tuas belas mãos de lótus".
O
Senhor Nrsimhadeva derrotou Hiranyakasipu sem contrariar nenhuma das
bênçãos concedidas pelo senhor Brahma, que abençoara Hiranyakasipu para
que não fosse morto:
dentro ou fora de qualquer residência (o Senhor o matou no portal de entrada)
nem durante o dia nem durante a noite (o Senhor o matou no crepúsculo)
nem no céu nem na terra (o Senhor o matou em Seu colo)
nem por homem nem por animal (o Senhor Nrsimha é meio homem, meio leão)
nem por nenhum semideus, demônio ou serpente divina (o Senhor está acima de todas essas categorias)
nem por qualquer arma ou entidade, corporificada ou não-corporificada (O Senhor Nrsimha perfurou o daitya com
Suas garras, que não são consideradas armas, e o Senhor é
transcendental ao processo de corporificação e descorporificação).
Por
fim, Hiranyakasipu não poderia ser morto por nenhuma entidade viva,
criada ou não criada por Brahma. Hiranyakasipu teve o cuidado de
garantir que também não seria morto pelo senhor Brahma, pelo senhor
Shiva ou pelo Senhor Visnu, as três deidades que presidem o universo
(as três únicas personalidades que não foram criadas por Brahma). O
Senhor Nrsimha é um lila-avatara, ou encarnação de passatempo do Senhor Krsna, e não está na categoria que inclui Brahma, Shiva e Visnu, que são guna-avataras, deidades com o encargo dos três modos da natureza material.
Hiranyakasipu,
o ditador do universo, desejou inverter o sistema piedoso criado por
Krsna. Ele queria que os impiedosos fossem recompensados e os piedosos,
punidos. Assim, com a morte de Hiranyakasipu, todos os semideuses e
habitantes de diversos planetas piedosos ofereceram orações ao Senhor
Nrsimha, expressando gratidão por o Senhor ter matado o daitya,
que havia roubado suas esposas, riquezas e a parte das oferendas
sacrificiais que lhes cabia. Apenas Prahlada Maharaja, todavia, pôde
acalmar, com suas orações devocionais, a ira transcendental do Senhor
Nrsimha, que está disposto a aparecer sob qualquer forma e em qualquer
lugar para proteger Seus devotos puros.
O
Senhor Nrsimha ficou extasiado ao ver a fé inabalável de Prahlada
Maharaja, e pediu repetidas vezes para que ele Lhe pedisse alguma
benção. Mas Prahlada, como o mais compassivo de todos os devotos, se
interessa muito mais pelo bem dos outros do que com o seu próprio;
assim, seu único pedido foi que o Senhor salvasse seu pai demoníaco.
Satisfeito, o Senhor Supremo garantiu liberação para vinte e uma
gerações de parentes da dinastia de Prahlada Maharaja.
(extra)
Por que Prahlada se torna filho de Hiranyakasipu

Certa
vez, o poderoso Hiranyakasipu subiu até o pico do monte Kailasa, a
residência do senhor Siva, e começou a praticar severas austeridades. O
senhor Brahma, o administrador do universo, sabendo que Hiranyakasipu
aterrorizaria todo o universo com os poderes adquiridos através de suas
austeridades, começou a meditar em como deter o daitya. O sábio Narada garantiu a seu temeroso pai, Brahma, que iria distrair Hiranyakasipu de seu transe ascético.
Narada
e seu amigo Parvata Muni assumiram, então, a forma de dois pássaros e
voaram para o local onde Hiranyakasipu estava em profunda meditação.
Lá, eles recitaram três vezes o mantra om namo narayanaya.
Ao ouvir o nome de seu inimigo Narayana, ou Visnu, Hiranyakasipu
atirou uma flecha para matar os pássaros, mas os sábios voaram para
longe.
Tendo
já perdido a concentração em suas penitências, Hiranyakasipu se
recolheu ao seu palácio, onde desfrutou da noite junto de sua rainha
Kayadhu. Kayadhu perguntou a seu esposo por que ele havia abandonado
sua determinação em executar penitências por dez mil anos. Ele contou
para ela sobre os pássaros que lhe perturbaram cantando em voz alta o
nome de Narayana. O daitya
estava desfrutando de forma íntima a companhia de sua esposa, e seu
sêmen foi liberado em seu interior no exato momento em que contou para
ela sobre o mantra om namo narayanaya. Assim, o santo nome do Senhor foi recitado no momento da concepção de Sri Prahlada Maharaja.
— do Nrsimha Purana 41.7–34
Como Prahlada Sabia que o Senhor Nrsimha Iria Protegê-lo

Como uma das últimas tentativas de matar Prahlada, Hiranyakasipu ordenou a seus soldados amararem Prahlada com nagapasha (corda
de cobra) durante o começo da madrugada, jogá-lo no mar, e rolarem
diversos pedregulhos gigantes para que o esmagassem no fundo do oceano.
Quando Prahlada foi atirado no oceano, todavia, as ondas levaram o
garoto para a costa, onde o transportador pessoal do Senhor Visnu, a
gloriosa ave Garuda, aguardava Prahlada para libertá-lo das cobras que
lhe prendiam. Então, Varuna, o senhor do mar, despertou Prahlada
oferecendo-lhe seus respeitos.
Ao
reaver seus sentidos, Prahlada orou a Varuna: "Ó senhor do oceano, és
muito afortunado, pois sempre vês o Senhor Visnu, que repousa em uma
cama de serpente sobre tuas águas. Por favor, instrui-me a como vê-lO
pessoalmente, bem diante de meus olhos".
Varuna
respondeu: "Querido Prahlada, ó melhor dos yogis, simplesmente ora a
Ele em meditação profunda, e o Senhor, que é o benquerente de Seus
devotos, certamente aparecerá diante de ti".
Tendo respondido, Varuna desapareceu entre as águas.
Sentindo-se
desqualificado para alcançar o Supremo Senhor Visnu, Prahlada chorou
na praia com seu coração repleto de pesar, até que desmaiou.
Então,
o Senhor Visnu apareceu ali e levantou Prahlada, colocando-o em Seu
colo. Despertado pelas afáveis mãos do Senhor, Prahlada estava com
medo, surpreso e satisfeito por ver o Senhor, e novamente desmaiou em
profundo êxtase. O Senhor abraçou Prahlada, e quando Prahlada recobrou
sua consciência, ofereceu reverência no chão para o Senhor, mas não
conseguiu oferecer-Lhe orações.
O
Senhor o levantou do chão e disse: "Querido filho, abandone esse medo
de Minha grandeza, pois não Me há ninguém mais querido do que você. Por
favor, peça-Me qualquer coisa que deseje do fundo de seu coração".
Prahlada
respondeu: "Meu Senhor, tudo o que desejo é contemplar o néctar de Sua
forma divina, que é raramente vista mesmo pelos mais grandiosos
semideuses".
Quando
o Senhor insistiu que Prahlada Lhe pedisse uma benção, o grande santo
pediu unicamente devoção imaculada e exclusiva por Ele.
Após
abençoar Prahlada dizendo que teria tudo o que desejasse e desfrutaria
de todos os prazeres, o Senhor disse: "Não fique ansioso por Meu
desaparecimento, pois Eu nunca deixo o seu coração. Muito em breve você
Me verá novamente, quando, para matar Hiranyakasipu, Eu aparecerei na
forma de Nrsimha – querida pelos santos e mortal para os ateístas".
— do Nrsimha Purana 43.28–85
O Dia do Aparecimento Transcendental de Nrsimhadeva

Um dos capítulos do Padma Purana, o Uttara Khanda,
descreve as glórias do Sri Nrsimha Caturdashi, o dia do aparecimento
transcendental do Senhor Nrsimha. Nesse capítulo, o senhor Siva narra a
seguinte história pra sua esposa Parvati:
Depois
que o Senhor Nrsimha derrotara Hiranyakasipu, Prahlada ofereceu-Lhe
orações com profunda devoção e, então, perguntou ao Senhor: "Como pude
eu, meu Senhor, obter a raríssima posição do serviço devocional puro à
Suprema Personalidade de Deus?".
O Senhor Nrsimhadeva respondeu: "Prahlada, em sua vida anterior você foi um indigno filho de um brahmana.
Rejeitando as escrituras Védicas, você era extremamente apegado a
diversas atividades pecaminosas. Simplesmente por observar completo
jejum – de alimentos e de água – no auspicioso dia de Meu aparecimento,
o Sri Nrsimha Caturdashi, você obteve o serviço devocional puro por
Mim. E todo aquele que observa esse jejum, Eu lhe garanto eterna
bem-aventurança, desfrute e liberação".
O
Senhor Nrsimha é uma forma eterna do Senhor que aparece em diversos
universos em diferentes momentos para executar Seus passatempos
divinos. Seu Nrsimha Caturdashi, o décimo quarto dia lunar da lua
crescente do mês de Madhusudana, é, portanto, eternamente um dia
sagrado, no qual Seus devotos jejuam a fim de glorificarem o
aparecimento transcendental do Senhor.

Tradução por Bhagavan dasa (DvS)