Versos de 4 a 11 e de 13 a 15 da obra
Brhad-Bhagavatamrta, de Sanatana Gosvami. Comentários de Sanatana Gosvami
parafraseados por Sua Graça Gopiparanadhana Prabhu.
Sri Narada disse: Agora, após tanto tempo, finalmente
vejo-te - o verdadeiro receptáculo da completa misericórdia de Krsna! Neste
momento, meus esforços frutificaram! Desde o teu nascimento, és dotado de
devoção pura por Krsna. Semelhante amor espontâneo jamais foi visto em lugar
algum anteriormente.
COMENTÁRIO: Narada estudara diligentemente as escrituras
reveladas de modo a aprender acerca dos devotos mais íntimos do Senhor, e,
recentemente, havia se dado ao trabalho de visitar Prayaga, o país ao sul, e
Sivaloka. Quando disse este verso, ele sentia-se tão satisfeito pelo encontro
com Prahlada que todos os seus esforços pareceram-lhe terem valido a pena.
Em virtude dessa devoção pura, superaste terríveis
obstáculos, as milhares de atrocidades que teu pai cometeu contra ti. E, devido
à tua influência, todos os demônios tornaram-se vaisnavas.
COMENTÁRIO: O pai de Prahlada, Hiranyakasipu, foi o mais
destacado antagonista do Senhor Visnu e de Seus devotos. Prahlada insistiu em
unir-se ao lado dos inimigos de Hiranyakasipu, em consequência do que
Hiranyakasipu tentou matá-lo. Porém, como o Senhor protegeu completamente
Prahlada, seu pai demônio não foi capaz de matá-lo, apesar da muitas
tentativas. Isto é narrado no Sétimo Canto do Srimad-Bhagavatam
(7.5.42-44):
"Meu caro rei Yudhisthira, quando todas as
tentativas dos demônios de matar Prahlada Maharaja revelaram-se inúteis, o rei
dos demônios, Hiranyakasipu, ficando muito temeroso, começou a imaginar outros
meios para matá-lo. Hiranyakasipu não pôde matar seu filho atirando-o debaixo
da pata de grandes elefantes, jogando-o no meio de grandes e assustadoras
cobras, fazendo feitiços de destruição, atirando-o do topo de uma colina,
conjurando ilusões, administrando veneno, fazendo-o passar fome, expondo-o a
severo frio, e a ventos, fogo e água igualmente severos, ou jogando contra ele
pesadas pedras de modo a esmagá-lo".
Vaisnavas menores não seriam capazes de suportar tão
bravamente quanto Prahlada as severas categorias de aflição impostas por
Hiranyakasipu. Em face a tormentos tão gigantescos, qualquer um não tão rendido
e absorto na lembrança da Personalidade de Deus perderia a coragem e a
determinação de continuar servindo o Senhor. Nenhum destes testes, entretanto,
desviou Prahlada de seu serviço devocional. Sendo solidamente fixo em bhakti-yoga,
Prahlada tinha o poder de pregar efetivamente; os filhos dos inimigos demônios
de Visnu tornaram-se vaisnavas ouvindo as instruções de Prahlada, e até mesmo
simplesmente tocando ou vendo-o. Em virtude disso, no Hari-bhakti-sudhodaya (13.7),
que é parte do Narada Purana, a deusa da Terra, Dharani-devi,
glorifica deste modo a potência especial de Prahlada:
"Ah, este mundo humano é agora especialmente
afortunado uma vez que tu, o melhor dos vaisnavas, estás presente.
Qualquer um que te toque ou veja tua pessoa e os sintomas de tuas emoções
extáticas será autorizado a residir em Hariloka".
Enquanto imerso em meditação em Krsna, parecias esquecer-te
de tua própria existência. Como um louco (mattah), dançavas e cantavas e
gritavas alto enquanto teu corpo tremia. Desta forma, propagavas o serviço
devocional ao Senhor Visnu, libertando todos os mundos do ciclo de vida
material e enchendo-os de júbilo.
COMENTÁRIO: Quando um devoto é inspirado pela lembrança
de Krsna, ele às vezes se comporta de maneiras tão incomuns que as pessoas
talvez pensem que ele está ou intoxicado ou insano. A palavra matta
neste verso pode ser compreendida em ambos estes sentidos. No entanto,
comportar-se fora das normas socialmente aceitas não é algo que em si mesmo
torna alguém santo. Prahlada Maharaja não agia simplesmente de modo estranho;
ele era capaz de livrar dos sofrimentos da vida material qualquer um que o
visse. O lógico Bhasarvajna, em seu Nyasa-sara (3.39), enumera vinte e
uma fontes de miséria material - o corpo, os seis sentidos, os objetos de cada
sentido, o julgamento baseado nesses seis tipos de sensações e o prazer e a dor
em si.
Descrevendo a influência de Prahlada em pessoas que
testemunhavam seus sintomas extáticos, o Sri Hari-bhakti-sudhodaya
(15.1-2) declara:
"Ao ouvirem suas palavras brilhantes, algumas
pessoas experimentavam um extraordinário sentimento de desapego da vida material
e começavam a derramar lágrimas. Outros que o viam respondiam curvando-se a
ele. Outros maravilhavam-se vendo-o rir de modo divertido e simplesmente se
mantinham em grupo observando-o. Todas essas pessoas eram libertas da
contaminação material". Prahlada liberou pessoas ordinárias não apenas
livrando-as da infelicidade, mas também lhes dando a mais elevada felicidade do
serviço devocional a Visnu.
Quando o Senhor Krsna apareceu na beira do oceano, Ele te
colocou em Seu colo e te acariciou como uma mãe. Assim, Ele honrou-te,
ignorando Brahma, Siva e outros semideuses a oferecerem orações, e ignorando
até mesmo a deusa Padma.
COMENTÁRIO: Mesmo após matar Hiranyakasipu, o Senhor
Nrsimha prosseguia furioso. Ninguém era capaz de apaziguá-lO. Os servos pessoais
do Senhor, encabeçados por Sua esposa Laksmi, por Garuda e por Brahma e outros
semideuses, mantinham-se à distância, horrorizados, temerosos demais para
aproximarem-se dEle. Brahma então pediu a Prahlada que tentasse acalmar o
Senhor. O Sri Hari-bhakti-sudhodaya (14.13) descreve a reação do Senhor:
"O Senhor, que é amigável unicamente para com Seus
devotos, então Se sentou no chão e colocou Prahlada em Seu colo. Balançando
gentilmente para frente e para trás, Ele dava carinhosos tapinhas em Prahlada
com Sua mão de lótus e o abraçava repetidamente, como uma mãe abraça seu
filho". Desta maneira, o Senhor Supremo atendeu Prahlada, negligenciando
as muitas outras elevadas personalidades presentes.
Brahma, aterrorizado, implorou-te que te aproximasses de
Sri Nrsimha. E, quando caíste aos divinos pés de lótus do Senhor, o Senhor
colocou-Se de pé e te levantou do chão. Ele colocou Sua mão de lótus sobre tua
cabeça e começou a lamber todo o teu corpo.
COMENTÁRIO: Quando o Senhor Nrsimha manifestou-Se
explosiva e repentinamente do pilar, Ele parecia tão irado com Hiranyakasipu
pelos abusos contra Seu devoto Prahlada que Brahma pensou que o Senhor poderia
estar disposto a destruir todo o universo. Brahma, portanto, suplicou ao Senhor
Nrsimha que misericordiosamente reduzisse Sua ira. Diante do não atendimento da
oração, Brahma solicitou a Prahlada que intercedesse:
"Meu querido filho, o Senhor Nrsimhadeva está
extremamente furioso com teu pai demoníaco. Por favor, adianta-te e acalma o
Senhor". (Bhagavatam 7.9.3)
Prahlada atirou-se aos pés do Senhor em completa
rendição, mas o Senhor o pegou e derramou-lhe imensa afeição:
"Quando o Senhor Nrsimhadeva viu o garotinho
Prahlada Maharaja prostrado ante as solas de Seus pés de lótus, Ele ficou
imensamente extasiado em afeição por Seu devoto. Levantando Prahlada, o Senhor
acomodou Sua mão de lótus sobre a cabeça do garoto porquanto Sua mão está
sempre pronta a criar destemor em todos os Seus devotos". (Bhagavatam
7.9.5)
Similarmente, o Brhan-narasimha Purana declara: "O Senhor Nrsimha lambeu os membros de Prahlada assim como uma leoa comum
trata seu filhote".
Quando o Senhor Hari, com os mais atrativos e astutos
artifícios, tentou oferecer a ti a morada suprema (param padam), não
demonstraste qualquer interesse pela liberação, pela qual oram Brahma e todos
mais. Ao invés disso, pediste apenas por devoção ao Senhor, nascimento após
nascimento.
COMENTÁRIO: O Senhor Nrsimha ofereceu a Prahlada param
padam, a mais elevada posição de um associado eterno em Vaikuntha, mas
Prahlada não estava inclinado a aceitar sequer isso. Ele simplesmente queria
continuar praticando serviço devocional, independentemente de quantas vidas seu
serviço levaria até a perfeição.
O Senhor tentou instigar Prahlada com palavras gentis,
como descreve o Srimad-Bhagavatam (7.9.52):
"A Suprema Personalidade de Deus disse: Meu querido
Prahlada, ó amabilíssimo, melhor da família dos asuras, toda boa fortuna
a ti. Estou muitíssimo contente contigo. É Meu passatempo satisfazer os desejos
de todos os seres vivos, e, portanto, podes pedir-Me qualquer bênção que
queiras".
Similarmente, o Senhor Nrsimha diz a Prahlada no Visnu
Purana (1.20.17):
"Prahlada, porque Me ofereces serviço devocional
sem desvio, estou muito agradado contigo. Por favor, escolhe qualquer bênção
que queiras de Mim".
O Senhor também diz a Prahlada no Hari-bhakti-sudhodaya
(14.28-32):
"Minha querida criança, abandona, por favor, essa
atitude de temeroso respeito que tua reverência para coMigo produziu em ti. Não
gosto muito desse sentimento em Meus devotos. Ao invés disso, apenas sente-te
livre para expressar teu amor por Mim. Quando um devoto olha para Mim sem
hesitação e fala coMigo afetuosamente, Meu prazer cresce a cada novo momento.
Conquanto eu seja eternamente livre de todas as limitações, semelhante
comportamento magnífico prende-Me com as cordas do amor. Conquanto Eu seja
inconquistável, Meus devotos podem conquistar-Me. E, conquanto Eu não Me
sujeite ao controle de alguém, torno-Me subordinado a eles. Pertenço unicamente
àquele que demonstra seu amor por Mim abandonando toda afeição pela família e
pelas posses, e semelhante devoto também pertence a Mim. Nem Eu nem ele temos
qualquer outro amigo verdadeiro. Meus desejos são sempre automaticamente
satisfeitos, mas aceito vários nascimentos neste mundo simplesmente para
outorgar aos Meus devotos a satisfação de todos os seus desejos. Assim,
dize-Me, por favor, o que gostarias de obter de Mim".
Depois que Prahlada respondeu, recusando todas as bênçãos
materiais, o Senhor Nrsimha continuou:
"Sim, é claro, Minha cara criança, nada é querido a
ti senão a oportunidade de Me ver. Devido a isso, sinto mais e mais afeição por
ti. Ainda assim, Eu gostaria de conceder-te algum favor, muitíssimo embora já
sejas bem-sucedido sob todos os aspectos. Quero dar-te algo. Assim,
bondosamente escolhe alguma bênção apenas para agradar-Me".
Respondendo ao amor de teu Senhor, concordaste em assumir
o trono de teu pai. E, como disseste ao Senhor Nrsiàmha em tuas orações;
fazendo-o, desejas ajudar a libertar todas as pessoas. Tu prossegues no assento
real, fixo em meditação no Senhor Nrsimha.
COMENTÁRIO: Considerando a afeição incondicional do
Senhor para com ele, Prahlada finalmente concordou em se sentar no trono de seu
pai. Ele intencionava utilizar o vasto tesouro do reino de Hiranyakasipu para
pregar. Caso pudesse arranjar tudo de forma a liberar todos no universo,
Prahlada calculou, isso deveria satisfazer o Senhor.
Certamente parece curioso que Prahlada tenha, a
princípio, recusado a elevação ao reino espiritual, mas, em seguida, tenha
aceitado um reino limitado no mundo material. Todavia, Prahlada o fez movido
por uma inquietude especial em seu coração: seu desejo de livrar o povo do
mundo de sua aflição. Ele não temia que, em decorrência de envolvimentos
políticos, seus interesses espirituais pudessem ser colocados em perigo, haja
vista que ele tinha confiança de que sua ininterrupta meditação na
Personalidade de Deus sempre iria protegê-lo. Deste modo, Prahlada orou ao
Senhor Nrsimha:
"Meu querido Senhor, estais sempre
transcendentalmente situado na outra margem do rio da morte (para-cara), mas,
devido às reações de nossas próprias atividades, estamos sofrendo deste lado da
margem. Com efeito, caímos neste rio e estamos sofrendo repetidamente as dores
do nascimento e da morte e comendo coisas horríveis. Neste instante,
bondosamente olhai-nos - não apenas a minha pessoa, mas também todos os outros
a sofrerem - e, mediante Vossa misericórdia sem causa e Vossa compaixão,
libertai e mantende-nos". (Bhagavatam 7.9.41)
A existência material é como o rio Vaitarani, a passagem
para a corte da Morte. De maneira geral, a vida material na Terra é repleta de
sofrimento, não menos do que a vida nos reinos subterrâneos do inferno. Por
conseguinte, embora imune desses perigos; para o nosso interesse, Prahlada
fala como se temesse as dificuldades pelas quais ele pode esperar em vários
nascimentos e mortes, e ele apresenta-se como se deludido como a maioria das
pessoas, as quais lidam entre si como inimigos ou como amigos e que, deste
modo, estão perturbadas em todas as circunstâncias.
Prahlada se dirige ao Senhor Nrsimha como para-cara,
aquele que está situado do outro lado do rio Vaitarani, ou, em outras palavras,
no reino eternamente livre de nome Vaikuntha. Expressando sua dor pessoal ante
a contemplação da dor de outras almas no mundo material, Prahlada solicita ao
Senhor que faça a bondade de cruzá-las pelo Vaitarani até um local seguro. Ele
então prossegue orando:
"Ó meu Senhor, ó Suprema Personalidade de Deus,
mestre espiritual original do mundo inteiro, que dificuldade teríeis Vós, que
administrais os assuntos do universo, para libertar as almas caídas ocupadas em
Vosso serviço devocional? Sois o amigo de toda a humanidade sofredora, e, para
grandes personalidades, é necessário mostrar misericórdia pelos tolos.
Portanto, acredito que mostrareis Vossa misericórdia sem causa por pessoas como
nós, que se ocupam em Vosso serviço". (Bhagavatam 7.9.42)
Aqui, Prahlada se endereça ao Senhor Nrsimha como o
mestre espiritual de todas as almas, indicando que Lhe é bastante condizente
mostrar misericórdia para com todos, sem exceção. Para o Senhor, liberar todas
as almas na existência não pode ser algo que exija grande esforço, porquanto
Ele cria, mantém e destrói os universos como uma mera diversão. E certamente
ainda menos difícil seria o Senhor liberar Seus próprios devotos e seus servos,
como Prahlada, que se considera um demônio caído com a única boa qualificação
de ser um fiel discípulo de Narada Muni.
Certa vez, foste à floresta Naimisa a fim de ter o
darsana de Narayana, que é conhecido como "o Senhor em vestes
amarelas". Enquanto na estrada, satisfizeste o Senhor em combate, e Ele
te disse: "Sim, sempre sou conquistado por ti!".
COMENTÁRIO: Este incidente é recontado em um grande
número de escrituras, como a escritura Vamana Purana (7). Certa vez,
Prahlada viajou a Naimisaranya de modo a ver o Senhor Pitavasa, a bela forma do
Senhor Supremo. Enquanto percorria a estrada, encontrou-se com um sujeito
estranho, que estava vestido como um renunciante austero, mas que portava o
arco de guerreiro e também flechas. Prahlada supôs, a partir das vestes e
pertences contraditórios daquele homem, que ele deveria ser um hipócrita
abusando dos verdadeiros princípios da religião. Em virtude disso, Prahlada deu
início a um combate contra o sannyasi, prometendo: "Juro que irei
derrotar-te!". Contudo, mesmo após muitos dias de duelo, Prahlada foi
incapaz de subjugar seu adversário.
Certa manhã, antes de retomar à batalha, Prahlada adorou
sua Deidade pessoal. Ele então viu seu oponente a certa distância usando a
mesma guirlanda que ele havia acabado de oferecer à Deidade. Prahlada repentinamente
reconheceu que o estranho era o Senhor Pitavasa, o próprio Narayana. Após este
entendimento, oferecendo orações ao seu oponente com toda competência ao seu
alcance, Prahlada tentou satisfazê-lO. Em resposta, o Senhor tocou-lhe com Sua
mão de lótus, a qual aliviou Prahlada da fadiga da luta e de toda ansiedade.
Prahlada perguntou ao Senhor Pitavasa o que fazer em relação ao fato de ter
transgredido o dever do ksatriya ao ter feito uma promessa - a saber, a
promessa de derrotar seu oponente - e não a ter cumprido. O Senhor,
completamente satisfeito com a diversão de lutar com Prahlada, disse-lhe: "Mas sou sempre derrotado por ti!".
Ó melhor dos vaisnavas, por que eu deveria dizer que o
Senhor Mukunda foi conquistado apenas por ti? Teu neto Bali, o líder dos
Daityas, também O conquistou. Por tua graça, Bali mantém o Senhor como seu
porteiro.
COMENTÁRIO: Bali conquistou o Senhor no sentido de ganhar
controle sobre Ele, em consequência do que o Senhor Vamanadeva agora sempre
serve como o porteiro de Bali. Uma vez que Bali era líder dos Daityas, os
inimigos dos devotos do Senhor Visnu, ele só poderia ter auferido tal
influência pelo favor especial do Senhor. O próprio Sri Prahlada explicou isto
enquanto oferecia orações ao Senhor Vamana:
"Ó Suprema Personalidade de Deus, sois
universalmente adorado; mesmo o Senhor Brahma e o Senhor Siva adoram Vossos pés
de lótus. Todavia, conquanto sejais tão grandiosa personalidade, bondosamente
prometestes proteger-nos, os demônios. Acredito que semelhante bondade jamais
foi lograda sequer pelo Senhor Brahma, pelo Senhor Siva ou pela deusa da
fortuna, Laksmi, para não falar de outros semideuses ou pessoas comuns".
(Bhagavatam 8.23.6)
O Prahlada-samhita do Skanda Purana, nos
capítulos a descreverem as glórias de Dvaraka-dhama, também relata a seguinte
história. Quando a cidade de Dvaraka foi, certa vez, atacada por dez poderosos
Daityas; um comitê de residentes, encabeçado por Durvasa rsi, foi em meio a
grande aflição para a morada de Bali Daityaraja. Lá, o sábio Durvasa suplicou
ao Senhor Vamanadeva que fosse a Dvaraka a fim de derrotá-los, mas o Senhor
respondeu:
"Ó melhor dos brahmanas, Eu não sou
independente. Porque sou obtido pela devoção pura - e unicamente pela devoção
pura -, agora sou mandatário de Bali. Sou completamente controlado por aquele
rei dos Daityas. Assim, meu caro excelente brahmana, faz, por favor, tua
solicitação ao demônio Bali, o filho de Virocana, e, caso ele Me ordene, farei
prontamente tudo o que queiras" (Skanda Purana, Prabhasa-khanda 4.19.2-3).
Porém, quando Durvasa submeteu seu pedido a Bali Maharaja, Bali recusou-se a
autorizar que o Senhor Vamana deixasse Sutala-loka. Mesmo depois que Durvasa
expressou a intenção de jejuar até a morte, Bali disse-lhe:
"Que todas as tuas intenções se concretizem. O que
quer que tenhas em mente, faze, por favor. Eu, entretanto, jamais deixarei os
dois pés perante os quais Brahma, Rudra e todos os outros semideuses se
curvam". (Skanda Purana 7.4.19.16)
itah prabhrti-de
agora em diante; kartavyah-deveria aceitar; nivasah-residência; niyatah-fixa;
atra-aqui; hi-certamente; maya-por mim; abhibhuya-sendo
findadas; daksa-adi-de Daksa e outros; çapam-as maldições; yusmat-tua;
prabhavatah-pela influência.
De agora em diante, intenciono ficar aqui contigo
permanentemente. Por teu poder, certamente poderia me ver livre das maldições
que recebi de Daksa e outros.
COMENTÁRIO: Não apenas Daksa, mas outros também
amaldiçoaram Narada a ser incapaz de permanecer em um lugar por mais do que
pouco tempo. Daksa o amaldiçoou da seguinte forma:
"Fizeste com que eu perdesse meus filhos uma vez,
e, agora, novamente fizeste o mesmo ato inauspicioso. És, portanto, um patife
que não sabe como se conduzir em relação aos outros. Tu talvez viajes por todo
o universo, mas amaldiçoou-te a não ter residência em lugar algum" (Bhagavatam
6.5.43). Na história alegórica do rei Puranjana; a Velhice, a filha do Tempo,
também amaldiçoa Narada:
"Porque recusaste minha solicitação [de te casares
comigo], não serás capaz de permanecer em um lugar por muito tempo". (Bhagavatam
4.27.22)
Sri
Pariksit disse: Incapaz de tolerar a audição de um louvor direcionado a si,
Prahlada, envergonhado, abaixou sua cabeça.
Tradução de Bhagavan dasa (DvS) e revisão de Prema-vardhana devi
dasi (DvS) e Prana-vallabha devi dasi (DvS)