Bhagavad Gita por Srila Sridhara Maharaj

 
SRIMAD BHAGAVAD-GITA
Srila Bhakti Raksaka Srila Sridhara Maharaj

CAPÍTULO - I

dhrtarastra uvaca
dharma-ksetre kuru-ksetre, samaveta yuyutsavah
mamakah pandavas caiva, kim akurvata sanjaya
sanjaya uvaca
drstva tu pandavanikam, uyudham duryodhnas tada
acaryam upasangaya, raja vacanam abravit
pasyaitam pandu-putranam, acarya mahatim camum
uyudham drupada-putrena, tava sisyena dhimata

1. Dhrtarasta disse:
Ó Sanjaya, após reunirem-se para a batalha no lugar sagrado de Kuruksetra, o que meus filhos e os filhos de Pandu fizeram?

2. Sanjaya respondeu:
Olhando para os soldados e o exército dos Pandavas colocados em posição militar, o Rei Duryodhana aproximou-se de Dronacharya e falou o seguinte:

atra sura mahesvasa, bhimarjuna- sama yudhi
yuyudhano viratas ca, drupadas ca maha-rathah
dhstaketus cekitanah, kasirajas ca viryavan
purujit kuntibhojas ca, saibyas ca nara-pungavah
yudhamanyus ca vikranta, uttamaujas ca viryavan
saubhadro draupadeyas ca, sarva eva maha-rathah
asmakam tu visista ye, samjnartham tan bravimi te

3. Ó, mestre, por favor observe o grande exército dos Pandavas, colocados em posição militar pelo seu inteligente discípulo, Dhristadyumna .

4.6. Entre esses soldados estão os peritos arqueiros, Bhima e Arjuna, assim como outros que são igualmente especialistas, tais como Satyaki, Rei Virata, o grande guerreiro Drupada, Dhrstaketu, Chkitana, o poderoso herói Kasiraja, Purujit, Kuntibhoja, o nobre rei Saibya, o valente Yudhmanyu, o heróico Uttamaya, Abhimanyu, e os filhos de Draupadi - todos os quais, são, de certo, grandes gerreiros.

7. Ó melhor entre os duas vezes nascido, por favor, fique ciente, ainda, dos grandes heróis e líderes de nosso exercito. Para sua consideração, farei, agora, uma descrição completa.

8.9.Além de você, que é sempre vitorioso nas batalhas, e de Bhisma, Karna, Krpacharya, existem muitos outros heróis, peritos nas artes de combate, todos eles equipados variadas armas e determinados a darem suas vidas por mim.

10. - Nosso exército, liderado por Bhisma é insuficiente, enquanto que o exército dos Pandavas, protegidos por Bhima, é competente.

11.- portanto, permanecendo em suas respectivas divisões, em pontos estratégicos na formação por favor, cooperem para proteger o avô Bhisma

12. - Então, com um “grito de guerra”, semelhante ao rosnar do leão, Bhisma o poderoso Senhor dos Kurus, soprou, ruidosamente, seu búzio, para encorajar Duryodhana.

13. - De imediato, búzios, tambores, trompas e outros instrumentos, soaram produzindo, de repente, uma tumultuosa vibração.

14 -                Do outro lado, o Senhor Sri Krsna e Arjuna, numa grande carruagem dirigida por cavalos brancos, soaram seus búzios divinos.

15 -                Hrisikesa, fez soar o seu búzio, o Panchajanya; Dhananjaya, fez vibrar o seu búzio, o Devadatta; e Bhimasena, o realizador de excelsas tarefas, soprou o grande búzio chamado Paundra.

16-        O Rei Yudhisthira, filho de Kunti, soprou a Anantavijaya, enquanto que Nakula e Sahadeva soaram, respectivamente, os búzios chamados Sughosa e Manispuspaka.

17.18     Ó Senhor da terra, o experiente arqueiro Kasiraja, o grande guerreiro Sikhandi, Dhrstadyumna, o Rei Virata, o invencível Satyaki, o Rei Drupada, os filhos de Draupadi, e o poderoso filho de Subhadra, Abhimanyu - todos fizeram vibrar seus respectivos búzios.

19.-       O extraordinário som desses búzios, ressoando através da terra e dos céus, transpassou os corações dos filhos de Dhritarastra.

20.-       Nesse momento, o Rei, Dhananjaya (Arjuna) numa carruagem decorada com a bandeira de Hanuman, estava pronto para desferir suas flechas . Ao ver  Duryodhana e seus acompanhantes posicionados para o combate, ele pegando seu arco, falou com Sri Krsna.


21.23.    Arjuna disse: Ó Krsna, por favor, posicione minha quadriga entre os dois exércitos, para que eu possa observar os guerreiros com deverei me defrontar  e que vieram lutar para a satisfação do perverso Duryodhana, nesta batalha.

24.25.    Sanjaya disse: Ó descendente de Bharata, depois que o atento Arjuna proferiu essas palavras, Sri Krsna, o Senhor de todos os sentidos, manobrou a magnífica quadriga entre os dois exércitos, diante de Bhisma, Drona e todos os Imperadores. O Senhor então disse: Ó Partha, observe os Kauravas reunidos aqui para a batalha.

26.        Lá, entre os dois exércitos, Arjuna, de fato, pode ver os patriarcas, avós, instrutores, tios maternos, irmãos, filhos, netos, sogros, amigos e outros bem-querentes.

27.        Assim vendo seus próprios parentes presentes no campo de batalha, o filho de Kunti, Arjuna tomado de tristeza e dominado por grande compaixão, proferiu as seguintes palavras.

28.        Arjuna disse: Ó Krsna! Ao ver todos os meus parentes, à minha frente, ansiosos pela guerra, os membros de meu corpo vão exaurindo suas forças e sinto minha boca ressecar.

29.        Meu corpo inteiro treme e arrepia-se. Não tenho mais a firmeza para segurar meu arco, Gandiva, e sinto a pele queimar.

30.        Ó Kesava, não posso me conter por mais tempo. Minha mente está desorientada, e vejo apenas sinais hostis, carregados de maldade.

31. Sequer eu vejo algum bem em matar meus próprios parentes nesta batalha. Ó Krsna não desejo vitória, reino ou felicidade.

32.34.    Ó Govinda, qual o valor de nosso reino, qual o propósito da felicidade e do desfrute, se aqueles para quem nós desejamos tudo isso – mestres, patriarcas, filhos, avós, tios maternos, sogros, netos, cunhados, e outros parentes – vieram hoje, para a batalha, decididos a sacrificar suas próprias vidas? Portanto, Ó Madhusudana, mesmo que queiram tirar minha vida, eu não desejo matá-los.

35.        Ó Janardana, que tipo de felicidade poderíamos obter ao matar Duryodhana e sem séquito, mesmo que ao fazê-lo viéssemos a obter a soberania sobre os três mundos, sem falar do reinar sobre a terra?

36.        Somente obteremos o pecado, se agredirmos nossos mestres e guardiões, mesmo que eles sejam nossos agressores. Não podemos tirar a vida de nossos próprios parentes, os filhos de Dhritarastra, Ó Madhava. Como podemos ser felizes, matando nossos próprios parentes?

37.38.    Apesar desses homens terem seus corações dominados pela ambição e não podem ver o grave pecado de lutar contra amigos e matar membros da família, por que nós, Ó Janardana, não nos deveríamos refrear desse ato atroz, em pleno conhecimento das graves conseqüências?

39.        Com o declínio da dinastia, destroem-se as tradições religiosas da família. Quando as práticas religiosas, são, assim, perturbadas, a dinastia é dominada pela irreligião.

40.        Ó Krsna, descendente da dinastia Vrsni, quando na família predomina a irreligião, as mulheres degradam-se, e do adultério, nasce uma prole indesejável e sem virtudes.

41.        A prole indesejada força a ambos, família e seus destruidores a uma condição infernal. O mesmo destino recai sobre os ancestrais dessa família, por que a oferenda regular de alimentos e água àqueles ancestrais é interrompida.

42.        Os atos perversos de tais destruidores da dinastia, causa a eclosão de prole híbrida. Por esses atos antigas tradições familiares e altas linhagens nobres são completamente devastadas.

43.        Ó Janardana, temos ouvido dizer que as pessoas cujas tradições familiares, sociais e religiosas são destruídas vivem sempre no inferno.

44.        Ó, que grave pecado decidimos cometer: Levados por nossa frívola cobiça de verdadeira felicidade estamos prestes a matar nossos próprios parentes.

45.        Seria muito mais auspicioso para mim, se, desarmado e sem resistir, eu tivesse que ser morto neste campo de batalha pelos bem armados filhos de Dhritarastra.

46.        Sanjaya disse: Tendo, então, falado assim, no campo de batalha, Arjuna pôs de lado seu arco e flechas e sentou-se na quadriga com o coração tomado pela lamentação.




















CAPÍTULO     II

1  Sanjaya disse:
    O Senhor Supremo, Madhusudana, falou, então as seguintes palavras para o pesaroso Arjuna, que estava dominado pela compaixão, e cujos olhos cheios de tristezas brilhavam com lágrimas.

2. O Senhor Supremo disse:
    Ó Arjuna por que essa ilusão tomou conta de você, neste momento crítico? Isso não é apropriado a um nobre (Aryano). É um obstáculo para a obtenção do Céu e destrói o bom nome e a fama.

3. Ó filho de Kunti, abandone essa covardia, pois ela não é digna de você. Ó grande herói, elimine essa fraqueza de coração e levante-se para a luta.

4. Arjuna disse:
    Ó Madhusudana, destruidor do inimigo, como posso contra-atacar, disparando flechas, no meu Grão-senhor Bhisma e no mestre Drona, que são dignos de minha adoração.

5. É melhor viver nesse mundo esmolando do que tirar a vida de nossos grandiosos e nobres patriarcas e instrutores. A não ser assim, matando-os, tão somente viveremos, neste mundo para desfrutar da fortuna e propriedades banhadas no sangue deles.

6. Não podemos entender o que será melhor para nós – vitória ou derrota. Se eliminássemos os filhos de Dhritarastra, não deveríamos, sequer, desejar viver, e eles estão, agora, à nossa frente, na linha de batalha.

7. Agora, estou confuso. Qual é o meu verdadeiro dever? Extremamente apreensivo com a queda de nossa dinastia, estou implorando que, por favor, diga-me de modo claro, qual rumo é mais benéfico para mim. Eu sou seu discípulo rendido. Bondosamente, instrua-me.

8. Mesmo que obtenhamos um império extenso e incomparável na terra, e a supremacia sobre o reino dos Céus, não consigo encontrar nada que avalie esta tristeza que me torna néscio.

9. Sanjaya disse:
    E dessa maneira o castigador dos inimigos, o mui atento Arjuna, dirigiu-se a Krsna, o Senhor dos sentidos de todos os seres e declarou então, “Govinda eu não lutarei” e caiu silente.

10. Ó Bharata, a seguir Sri Hrisikesa, sorridente, em meio a ambos os exércitos, dirigiu-se ao pesaroso Arjuna, da seguinte maneira.

11. Ó Arjuna, você lamenta-se por aquilo que não é digno de pesar. Embora fale palavras sábias. Todavia, o sábio não se lamenta, nem pelos vivos nem pelos mortos.

12. Nunca houve um tempo e que Eu, você, ou todos esses Reis, não existíssemos. Tal como no presente, também existimos no passado, e continuaremos a existir no futuro.

13. Assim como o ser vivente corporificado passa, gradualmente, neste corpo, da infância à juventude e à velhice, assim também, a alma, obtém outro corpo na morte. Os sábios não se confundem com tal transformação.

14. Ó filho de Kunti, é somente a ocupação dos sentidos com seus objetos que ocasiona as sensações de frio, calor, prazer e dor. Porém, esses efeitos são temporários – aparecem e desaparecem. Portanto, Ó Bharata, você deverá tolerá-los.

15. Ó mais nobre entre os homens, uma pessoa de inteligência firme, equilibrada no prazer e na dor, impassível ante as experiências sensuais, de certo, qualifica-se para a liberação.

16. Para o que é mutável, como o corpo, não há existência perpétua, e para a alma não há transformação nem destruição. Os videntes da verdade distinguiram a analisaram, assim, a natureza de ambas, a realidade eterna e a ilusão temporária.

17. Saiba que a alma que penetra o corpo inteiro é imperecível. Ela é imutável e perpétua, e ninguém pode destruí-la.

18. Apenas estes corpos físicos da alma eterna, indestrutível e imesurável estão sujeitos à destruição. Portanto, lute, Ó Bharata, e não abandone seus princípios religiosos genuínos.

19. Aqueles que pensam que a entidade viva é a que mata ou é morta, ignoram sua verdadeira natureza. A alma nem mata e nem é morta.

20. A alma nunca nasce e nunca morre, nem vem a existir e aumentar repetidas vezes, pois é não nascida e eterna. Ela é inesgotável, eternamente jovem, ainda que antiga. Embora o corpo esteja sujeito ao nascimento e à morte, a alma nunca é destruída.

21. Ó Partha, como pode alguém que sabe que a alma é imutável, indestrutível, não-nascida, e inesgotável, matar alguém ou causar a morte de alguém.

22. Assim como uma pessoa aceita uma roupa nova, rejeitando a velha e usada, a alma continua a aceitar um novo corpo, abandonando o velho e inútil.

23. As armas não podem perfurar a alma e o fogo não pode queimá-la; ela não pode ser molhada pela água, nem ressecada pelo ar.

24.25. A alma é indivisível e não pode ser queimada, molhada ou ressecada. Ela é perpétua, imutável, inabalável e sempr3e existente. Nada pode obstruir sua passagem. Esta alma é imperceptível, inconcebível e insensível as mutações* . Portanto, conhecendo assim a alma, você não deve mais lamentar.

26.27. Ó melhor dos guerreiros, mesmo que você pense que a alma está perpetuamente sujeita a nascimentos e mortes, ainda assim, você não tem razão para lamentar. Pois, para aquele que nasce a morte é certa, e, aquela que morre, necessita renascer para receber as reações de suas ações passadas. Portanto, você não deveria lamentar-se do inevitável.

28. Ó Bharata, quando todas as entidades vivas estão imanifestas antes do nascimento, manifestas entre o nascimento e a morte, e novamente imanifestas após a morte. Porque lamentar por elas? (As autoridades santas não confirmam esta conclusão. Todavia, se aceita-a só para argumentar, ainda assim, seu dever é lutar para manter seus princípios religiosos genuínos - “Svadharma”.

29. Alguns consideram a alma como algo espantoso, outros a descrevem como algo espantoso; outros ouvem sobre ala como algo espantoso, enquanto que outros, mesmo depois de ouvirem a seu respeito, não a podem compreender de forma alguma.


* Nascimento, existência, crescimento, maturidade e destruição

30. Ó Bharata, a alma, habitando dentro dos corpos de todos os seres vivos, é eterna e não pode ser morta. Portanto você não deveria se lamentar por ninguém.

31. Além disso, considerando seu “svadharma”, você não tem razão para indecisões, pois nenhuma ação é mais benéfica para um “Ksatrya” do que lutar pela justiça religiosa.
(Comentário)

32. Ó Partha, somente os guerreiros mais afortunados podem participar de batalha, que como o abrir-se dos portais do céu, ocorre de seu modo próprio.

33. de fato, se você optar por não se ocupar nesta guerra religiosa, seus princípios religiosos se perderão, a fama o abandonará e o pecado tomará conta de você.

34. As pessoas falarão de sua infância em todos os tempos vindouros, e, para o celebrado, a infância é pior que a morte.

35. Aqueles grandiosos guerreiros, que lhe consideraram honra superior, ridicularizá-lo-ão, considerando que você teve medo de lutar.

36. Seus inimigos farão pouco caso de suas habilidades com muitas palavras insultantes. O que poderia ser mais doloroso?

37. Ó Kaunteya, se você for morto, você irá para o céu, e se for vitorioso, você desfrutará da terra. Portanto confiante no sucesso, levante-se para a batalha.

38. Sabendo que o prazer e a dor, o ganho e a perda, a vitória e o fracasso, são o mesmo – lute. O pecado não o afetará.

39.Acabo de explicar-lhe a sabedoria do conceito da realidade. Agora ouça o conceito do serviço devocional, ou o “Bhakti-yoga”. Ó Partha, por meio de buddhi-yoga, ocupando sua inteligência em devoção, você será capaz de cortar, por completo, o cativeiro da ação.

40. Mesmo um pequeno início neste serviço devocional não será em vão e nem haverá nenhuma perda. A prática mais insignificante de tal serviço devocional salva a pessoa do medo  todo-devorador dos repetidos nascimentos e mortes neste mundo.

(Comentário)

41. Ó descendente da dinastia Kuru, a inteligência ocupada em exclusiva devoção a Mim unidirecional e firmemente situada em Mim, desde que Eu sou sua meta única. Porém, a inteligência daqueles que evitam a devoção exclusiva a Mim é fragmentada e caracteriza-se por intermináveis desejos, devido a seu envolvimento com os inúmeros objetos dos sentidos.

42.44. Ó Partha, aquelas pessoas lascivas e ignorantes, sem o conhecimento de que o principal propósito dos Vedas é alcançar a Suprema Verdade, estão sempre preocupados com interpretações de seus aspectos indiretos e triviais, e afirmam: “Não há nada digno de se conhecer além disso”. Desejosos de desfrutar os resultados de suas ações e buscando alcançar o céu, tais tolos sentem-se atraídos pelo encantamento aparente em última análise venenoso das palavras da secção Karma-kanda dos Vedas, onde muitos processos de sacrifício, e de outros rituais, são descritos, os quais produzem fortuna, satisfação dos sentidos, nascimento nobre e os frutos das ações. Iluidos por essas palavras floridas e enamorados por prazeres e opulências mundanas, a inteligência indiscriminadas dessas pessoas não alcança a determinação resoluta da dedicação exclusiva e ininterrupta ao Senhor Supremo.

45. Ó Arjuna, ao definir caminhos não-devocionais baseados na ação e no conhecimento, os Vedas lidam com os três modos da natureza. Os tolos cuja inteligência está coberta pela tendência à exploração e à renúncia, ocupam-se, respectivamente, no cultivo da ação e do conhecimento. Desta forma permanecem na ignorância do objetivo principal apontado pelos Vedas: a transcendência além dos três modos da natureza material. Porém, Arjuna, livre-se da dualidade, viva na associação dos meus devotos eternos e abandone toda busca de ganho e preservação. Então, pelo budhi-yoga , dedicando sua inteligência a Mim, alcance a dimensão que está livre de qualidades materiais e situe-se na transcendência, que o objetivo dos Vedas. Em outras palavras, afaste-se do cultivo da ação e do conhecimento e ocupe-se, exclusivamente, no caminho da devoção como ordenado pelos Vedas.

46. Todos os propósitos cumpridos por inúmeros poços podem cumprir-se de imediato  por um grande lago. De modo similar, os resultados obtidos ao se adorar   os vários semi-deuses através das preces védicas respectivas  podem de imediato ser superado pela devoção exclusiva  a Mim. Tal devoção é a única e singular direção dos vedas. Uma pessoa auto - realizada que está dessa forma em pleno conhecimento da essência dos vedas, satisfaz todas as necessidades ao adorar o Senhor Supremo em devoção de maneira exclusiva.

47.        Descreverei, agora, o Niskama Karma-yoga – o caminho da ação desprendida. Você tem o direito de executar seu dever prescrito peculiar, porém não está autorizado a quaisquer frutos dessa ação. Você não deve agir com o desejo de usufruir dos resultados de seu trabalho e nem, por via de conseqüência, deve apegar-se a negligenciar seus deveres.

48. Ó Dhananjaya, após abandonar o desejo dos frutos da ação, situe-se no caminho da devoção (bhakti-yoga). Com disposição equânime diante do sucesso e do fracasso, desempenhe os deveres que sua própria natureza prescreve. Yoga é, certamente, permanecer equilibrado no sucesso ou no fracasso do resultado da ação.

49. Ó Dhananjaya, a ação fruitiva é abominável ao extremo se comparada ao buddhi-yoga, ou ao equilíbrio na ação desprendida. Aqueles que anseiam pelos frutos  de suas ações são mesquinhos; estando cheios de desejos, arruinam-se. Portanto, abrigue-se na inteligência, cuja meta e objetivo é a ação desprendida.

50. A pessoa que não se motiva pelo desejo de usufruir dos resultados de suas ações, livra-se de ambos, os bons e os maus atos, no decorrer dessa existência. Ocupe-se, portanto, no caminho da ação desapegada, por que tal buddhi-yoga, ou equilíbrio na ação desapegada, é de certo, a arte da ação.

51. Os homens sábios de inteligência resoluta, liberam a si mesmo das amarra do nascimento, renunciando aos frutos provenientes da ação. Assim, entram no estado de divina tranqüilidade, que é tão só alcançada pelos devotos.

52.        Assim, quando a sua inteligência emergir, na totalidade da densa floresta de ilusão, você sentirá indiferença por toda   trivialidade, tanto aquela ouvida  anteriormente  quanto a que se ouvirá no futuro.

53.        Desse momento, quando a sua inteligência não estiver mais atribulada pelas diversas interpretações dos Vedas, então naturalmente, permanecendo fixo no indesejável transe (samadhi), você alcançará o caminho da devoção pura.

54.        Arjuna disse: Ó Kesava, quais são os sintomas das pessoas ajustadas adequadamente, que estão absortas em perfeita meditação? O que eles dizem e como reagem aos apelos dos sentidos, tanto em publico, quanto em particular? Eu gostaria de saber como se conduzem em seus esforços.

55.        O Senhor Supremo disse: Ó Partha, aquele que, tendo abandonado todas as aspirações mundanas, saboreia o êxtase da plena auto satisfação interna dentro do seu castro coração, deve ser conhecido como uma pessoa de sabedoria  harmonizada.

56. Aquele que não é perturbado pelas misérias triplas, que não se interessa por prazeres mundanos e que está livre de apegos, medo e ira, é conhecido como um sábio de inteligência corretamente ajustada.

57. Aquele que está desprovido do afeto mundano, que não se exalta e não se ressente diante de desgraças e bençãos mundanas com certeza tem sua inteligência firmamente situada em transe divino.

58. Quando alguém controla seus sentidos à vontade ao remove-los totalmente, dos objetos, assim como a tartaruga retrai seus membros dentro do casco, então tem-se uma inteligência bem situada.

59. Desde que alguém com uma consciência corpórea grosseira possa evitar os objetos dos sentidos pela renúncia externa, seu anseio pelo desfrute dos sentidos permanece internamente. Entretanto, aquele cuja inteligência está ajustada, devido ao vislumbre da beleza todo-atrativa da Verdade Suprema, detecta, de modo espontâneo, o apego interno ao objeto dos sentidos.

60. Ó filho de Kunti, mesmo a mente de um homem de sólido julgamento que aspira à liberação é carregada , à força, pelos sentidos mentalmente agitados. (No entanto, não há tal possibilidade para aquele cujo coração se atraiu por Mim)

61. Praticando a devoção perfeita à Mim, o bhakti-iogui mantém seus sentidos sob perfeito controle. Aquele que tem seus sentidos controlados é de fato inteligente.

62. Por outro lado, quando uma pessoa, tentando o caminho não devocional da renúncia, contempla os objetos dos sentidos, gradualmente apega-se a esses objetos e daí nasce o desejo. O desejo provém do apego, e, quando o desejo é barrado pela força surge a ira.

63. Da ira surge a ilusão, e o poder da ilusão causa o esquecimento; o esquecimento destroi a boa inteligência e, quando a inteligência falha , perde-se tudo.

64. De qualquer maneira, um verdadeiro devoto no caminho da renuncia em devoção (yukta-Vairagya) age, exclusivamente, para a minha transcendental satisfação. Abandonando o apego e a inveja, mesmo que aceite os objetos dos sentidos com os sentidos sob controle obtém plena satisfação no coração.
65. Quando se alcança o contentamento do coração todas as misérias desaparecem. A inteligência de tal pessoa logo absorve-se toda em sua meta desejada. Portanto, somente por bhakti (devoção) pode-se obter um coração tranqüilo.

66.Com os sentidos descontrolados não se tem o poder de discriminação e os pensamentos não tem significado. Sem pureza de pensamento, não se pode atingir a paz, e como almejar nela a verdadeira felicidade sem a parte mental?

67. Porque, tal como um barco no oceano é impulsionado de cá para lá pelos ventos desfavoráveis, a mente correndo atrás dos sentidos que vagueiam  entre os objetos sensuais, captura a inteligência da pessoa desajustada e desocupada.

68. Portanto, você deveria saber, Ó subjugador do inimigo, que aquele que removeu, por completo, seus sentidos dos objetos sensoriais, através da renuncia em devoção - yuktavairagya - é com certeza, um homem de inteligência perfeitamente estável.

69. Enquanto que a consciência espiritual é como noite para os seres   viventes encantados pelo materialismo, a alma auto-relizada nela permanece desperta, desfrutando, diretamente, o êxtase divino de sua contínua inteligência espiritual. Por outro lado, o que é dia para as pessoas materialistas viciadas no desfrute dos sentidos, é noite para a pessoa auto-realizada, que sente completa indiferença por tais apelos. As almas realizadas, indiferentes ao mundano, estão sempre alegres no plano divino extático enquanto que a massa em geral está desvairada pelas fugazes fantasias mundanas, destituídas de alegria espiritual.( Esse é o significado essencial).

70. O insondável oceano, sempre pleno em si mesmo, nunca se perturba, mesmo que muitos rios e riachos nele desemboquem. Da mesma forma, uma pessoa de inteligência estável, nunca se agita se nela desembocam provocantes tentações sensuais. Portanto, unicamente tal pessoa obtém a paz, para sempre inatingível pelos caçadores de prazeres dos sentidos.

71. Abandonando toda a espécie de desejos sensuais, desapegada dos objetos dos sentidos, livre do falso ego e do falso senso de posse, é certo que tal pessoa obtém a tranqüilidade, já que adentrou na sua divina relação com a Verdade Absoluta.

72. Ó Partha, conhece-se esse como o estágio positivo de realização da Eterna Verdade Absoluta e, ao alcança-lo, no decorrer da existência mundana, nunca mais se é iludida. Até no momento da morte, mesmo uma momentânea realização desse estado, leva a pessoa à moradia Divina.


































CAPÍTULO III - O CAMINHO DA AÇÃO

1. Arjuna disse:
Ó Janardana, Ó Kesava, se você considera que a resoluta e determinada inteligência espiritual (Vyavasayatmika-buddhi) é melhor do que a ação em bondade e paixão, então por que você me incita à violenta atividade de guerrear?

2. Minha inteligência confundiu-se com suas palavras. Estas parecem ambíguas, algumas vezes apoiando a ação e outras o conhecimento. Portanto, favoreça-me, instruindo-me sobre qual desses dois caminhos é o mais benéfico para mim.

3.  O Senhor Supremo respondeu:
    Eu já descrevi os dois tipos de fé que se encontram neste mundo. Estabeleci que tanto o erudito, que está desperto para o mundo da consciência, quanto aquele que atua, principalmente, no plano mundano, ocupam-se na prática rudimentar do caminho da devoção (sadhana bhakti-yoga) por seguir os respectivos caminhos do conhecimento e da ação desprendida da oferenda ao senhor. De fato, a escada que leva à terra da dedicação é una, enquanto que  a fé é dupla, conforme os degraus galgados pelos aspirantes.

4. Sem executar os deveres das injunções escritas, não se poderá atingir o conhecimento que o levará à liberação da ação e da reação. Como pode uma pessoa de coração impuro atingir a perfeição abandonando seus deveres prescritos?.

5. Ninguém pode ficar sem agir, nem mesmo por um momento. Todos são forçados a agir estimulados pelos modos da natureza material. Portanto, não é adequado que uma pessoa de consciência impura rejeite as atividades purificatórias prescritas pelas escrituras.

6. Aquele que, externamente, reprime suas mãos, pernas e outros sentidos de ação, mas cuja mente permanece nos objetos dos sentidos, é um tolo. Reconheça-o como hipócrita.

7.  Ó Arjuna, superior a tal hipócrita é aquele que, na vida conjugal, controlou seus sentidos por meio da mente, e que, sem apego, começou a executar Karma-yoga através de seus sentidos de ação.

8.  Executar, diariamente, as suas oblações, adoração e outros deveres, já que mesmo a manutenção do corpo é possível sem a ação. É melhor que uma pessoa desqualificada execute seu dever do que a ele renuncie. Pelo abandono da ação fruitiva pela regular execução de seus deveres e obrigações diárias, seu coração será, de modo gradual, purificado. Então, transcendendo o plano da renúncia, você obterá a devoção pura, além do plano mundano.

9.  O dever altruísta, executado como uma oferenda ao Senhor Supremo, é chamado Yajna ou sacrifício. Ó Arjuna, toda ação executada com qualquer outro propósito causa o emaranhamento neste mundo de repetidos nascimentos e mortes. Portanto, permanecendo desapegado do fruto da ação, executa todos os seus serviços neste espírito de sacrifício. Tal ação é o meio de engressar no caminho da devoção e, com o despertar da verdadeira percepção do Senhor, isso o qualificará para alcançar a devoção pura, imaculada e livre de todas as qualidades materiais (nirguna-bhakti).

10.  No começo da criação, o Senhor Brahma criou a população, juntamente com os sacrifícios para o Senhor Supremo, Visnu. Brahma assim instruiu: “Abrigando-se neste princípio religioso de sacrifício prospere e floreça. Possa esse sacrifício satisfazer todos os meus desejos”.

11  “Satisfaça aos semi-deuses com este sacrifício – e que estes deuses, assim saciados, possam satisfazê-lo concedendo-lhe todo o sucesso almejado. Dessa maneira, através da vontade mútua, você obterá muita auspiciosidade”.

12  Os semideuses parte integral da minha manifestação externa e satisfeitos com a execução de sacrifício certamente proverão todas as suas necessidades. Pela graça de todos os semideuses que estão sob Meus cuidados, há suficiente chuva, luz do sol, e outros elementos para prover com fortuna os alimentos. Aquela que, como um egoísta, desfruta desses presentes, sem oferecê-los aos deuses (geralmente através dos cinco sacrifícios), incorre em todos os pecados de um ladrão.

13  As almas virtuosas libertam-se de todos os pecados, que surgem dos cinco diferentes tipos de violência cometidos contra todos os seres vivos pela aceitação das subras dos cinco sacrifícios oferecidos aos semideuses universais* . Porém os descrentes que preparam alimento para sua própria gratificação, tão só compartilham do pecado.

14. Do alimento surgem os seres viventes, e das chuvas produz-se o alimento. A chuva é conseqüência da execução de sacrifícios, e o sacrifício nasce da ação.

15. A ação origina-se nos Vedas e os Vedas no Aksara, O Uno Infalível. Portanto, o todo-penetrante e infalível Senhor Supremo, situa-se, pela eternidade, nos atos e sacrifícios a Ele oferecidos.

16. Ó Arjuna, aquele que não segue este sistema cíclico casual, que é estabelecido, diretamente, pelo Senhor Supremo, com certeza leva uma vida pecaminosa, esteja ele no estágio da ação ou do conhecimento. Tal desfrutador dos sentidos mantém  sua vida em vão.

17. Porém, não há dever a cumprir para quem sente prazer no eu, que se satisfaz apenas no ser, e está pleno de auto-satisfação interior. Ele trabalha apenas para a auto-satisfação das necessidades básicas da manutenção corpórea

18. neste mundo, a pessoa auto-realizada, que se alegra na alma, não acumula o bem pela execução das ações, nem incorre em pecado por abster-se dos deveres. Dentre todos os seres viventes – das formas de vidas mais elevadas do planeta do Senhor Brahma - descendo ao mundo dos organismos imóveis – tal pessoa nuca depende de outrem para qualquer necessidade pessoal que seja.

19. portanto, renunciando a todo apego do fruto da ação, execute sempre suas atividades prescritas por uma questão de dever. Pela execução continua da ação, sem apego, o ser vivente obtém a liberação. E a verdadeira liberação é o estado de exclusiva devoção atingida no amadurecimento final da ação desprendida.

* os remanentes dos alimentos a que se refere este verso não são o mesmo que prasada, ou os sagrados alimentos aceitos pelos devotos do Senhor Supremo. Todos os comestíveis aprovados pelos devotos puros são primeiro oferecidos ao Senhor e, portanto, eles não acumulam nem a piedade e nem o pecado. (Veja 9.20.25)

20. O Rei Janaka e outras personalidades sábias  atingiram a perfeição na devoção pela execução de seus deveres prescritos. Assim é apropriado que você execute seu dever para instruir as massas.

21. O povo, em geral, imitam o exemplo dos grandes homens. Segue tudo o que a grande personalidade aceita como a conclusão correta.

22. Ó Arjuna, Eu, o Senhor Supremo, não tenho nenhum dever que seja nos três mundos, visto que não há nada inalcançável, ou necessário, a ser por Mim obtido; no entanto, pessoalmente, Eu ajo.

23. Ó Arjuna, se Eu deixar de agir, então, toda a humanidade, seguindo Meu exemplo, abandonará seus deveres.

24. Se Eu não executar deveres, então, seguindo o meu exemplo, todos os habitantes destes mundos renunciarão os seus deveres e, portanto, se arruinarão. Assim Eu seria a causa da desordem social, criando uma população desvirtuada, e dessa forma, Eu serei responsável por arruinar a posteridade.

25. Ó Arjuna, assim como os ignorantes e as pessoas apegadas trabalham, o sábio também deve trabalhar, mas sem apego, a fim de proteger o “svadharna”, ou os princípios religiosos daqueles que são competentes para seguir o caminho da ação. A distinção não reside nas ações desses dois tipos de pessoas, mas sim nas suas respectivas atitudes de apego e indiferença.

26. os proponentes eruditos do caminho do conhecimento não devem confundir as pessoas ignorantes e apegadas, desviando-as com o conselho: “Deixem de lado a ação e cultivem o conhecimento”. Ao contrário, controlando sua própria mente, o erudito deveria executar todos os deveres sem almejar os resultados e, dessa forma, por via de conseqüência, ocupar as pessoas comuns na ação.

27. Todas as várias atividades são, por todos os meios, executadas pelos (sentidos ativados pelos) modos da natureza material. Porém, quem se ilude ao identificar-se  com o seu corpo e suas extensões, pensa: “Eu, somente, estou realizando isto”.

28. Entretanto, ó poderosamente armado Arjuna, aquele que tem pleno conhecimento da classificação dos modos materiais em bondade, paixão e ignorância, e suas respectivas funções pertinentes aos semideuses, aos sentidos e ao objetos dos sentidos – não se declara, falsa e egoisticamente, como o executor da ação, sabendo bem que os sentidos (ouvido, pele, olhos, língua e nariz) concedidos pelas deidades controladoras, estão, apenas, ocupados com seus próprios desejados objetos dos sentidos (som, textura, forma, sabor e cheiro).

29. Uma pessoa influenciada pelos modos da natureza material está como que possuído por um fantasma. Completamente cativado, está viciado no desfrute sensual dos variados objetos dos sentidos. Um perfeito  sábio  não deveria perturbar as pessoas desqualificadas, ignorantes e torpes, revelando-lhes verdades filosóficas. Pelo contrário, deveria instruí-las na execução de ações destituídas do desejo do desfrute dos sentidos, por que tal ação anula o encantamento dos modos da natureza.

30. Entregue todas as suas atividades a Mim, com a compreensão  de que “Todas as minhas ações estão sob o controle do Senhor interno”. Com tal consciência, livre-se de todo o sentido de posse e lamentação, recorra à batalha (sendo este seu svadharma, ou dever natural).

31Pessoas fiéis e não-invejosas, que praticam, sempre este caminho de yoga da ação desprendida por Mim aprovado, mesmo que esteja ativos, obtêm a liberação do emaranhamento da ação.

32. Entretanto, aqueles que, por inveja, não seguem esses Meus ensinamentos, estão destituídos de qualquer bom senso. Saiba que tais pessoas são, por inteiro, ignorantes e estão condenadas à ruína.

33. Até mesmo uma pessoa de conhecimento  tende a agir conforme sua natureza, isto é suas inerentes  tendências demoníacas, o que resulta em sua escravidão a tais tendências. Portanto, o resultado dos esforços das entidades vivas ao agirem desse modo é tornar-se escravizadas por essas inclinações.

34. Ainda que os sentidos sejam, inevitavelmente, atraídos ou repelidos por seus vários objetos dos sentidos, não se deixe subjugar por tais caprichos – estes são os maiores inimigos do candidato à auto-realição, ( Aqui não se menciona o apego e o desapego devocionais).

35. É melhor executar o próprio dever, mesmo que com alguma imperfeição, do que, com perfeição, desempenhar os deveres de outrem. Saiba que até mesmo a morte é auspiciosa na execução dos deveres apropriados à sua posição natural, na ordem do sistema sócio-religioso, pois seguir o caminho de é perigoso.

(3) (comentário)

36. Arjuna perguntou: Ó descendente dos Vrsnis, quem impele o ser vivente a cometer atividades pecaminosas, mesmo contra sua própria vontade?

37. O Senhor Supremo respondeu: Certamente é a luxúria é a base do desejo de desfrute dos sentidos e, em diferentes situações, transforma-se em ira. É absolutamente insaciável e maliciosa ao extremo. Saiba que neste mundo, a luxúria é a única e maior inimiga do ser vivente.

38. Como o fogo é de leve, coberto pela fumaça, como um espelho é densamente coberto pela poeira e como o embrião fica todo encerrado dentro do ventre, assim também a luxúria cobre a consciência do Ser vivente em três graus de intensidade, conforme os três modos da natureza material – bondade, paixão e ignorância.

39. Ó Arjuna, esta luxúria, com a ignorância na sua base, é inimiga perpétua dos sábios e, tal como o fogo, que nunca se satisfaz ( pelas oferendas de manteiga clarificada), cobre o bom-senso e a discriminação.

40. É dito que os sentidos, a mente e a inteligência são a favorita dessa terrível inimiga conhecida como luxúria. Encobrindo o bom-senso do ser vivente, a luxúria o ilude, através desses tais canais, e o arremessa ao fundo do charco do materialismo grosseiro.

41. Portanto, Ó mais nobre dos Bharatas, no princípio, seus próprios sentidos sob controle e abertamente desfeche o golpe que destrói ambos: Jmana ( conhecimento discriminativo do ser e do não-ser, como delineado nas escrituras) e Vijnana ( realização subsequente na consciência divina).

42. O sábio proclama que os sentidos são superiores aos objetos inertes, a mente é superior aos sentidos, e a faculdade de inteligência resoluta é superior à mente. E, ainda, superior à inteligência está a própria alma.

43. Ó poderoso Arjuna, sabendo então que a alma é, por completo diferenciada da inteligência, estabiliza a mente com uma inteligência resoluta e destrua a luxúria, o inimigo indomável.






CAPÍTULO IV - JNANA-YOGA - DO O CAMINHO CONHECIMENTO DIVINO




1. O Senhor Supremo disse:

Em tempos idos, eu revelei a Surya a deidade predominante do Sol está imutável senda do conhecimento, que se alcança  pela ação desapegada. Surya confiou-a ao seu filho Vaisvasvata  Manu, tal qual a outra de mim; a seguir, Manu instruiu seu filho Ikasvaku, com o mesmo conhecimento.

2. Ó conquistador do inimigo, foi dessa maneira que os reis santos,, como Nimi, Janaka e outros, aprenderam esta senda do conhecimento, através da sucessão divina. Atualmente, passado, já, um longo tempo, essa sucessão quase que por completo se perdeu.

3. Eu lhe confiarei este ensinamento interno. Pois você é Meu devoto e amigo hoje se revela por Mim a você este caminho oculto Supremo.

4. Arjuna disse:
Vivasvan, o deus do sol, nasceu em tempos remotos, e você nasceu apenas recentemente. Portanto, como é que deveremos acreditar que você os instruiu, na antigüidade, com estes ensinamentos?

5. O Senhor Supremo disse:
Ó Arjuna, subjugador do inimigo, ambos, Eu e você vivenciamos, anteriormente, muitos nascimentos. Devido à minha posição como o Supremo controlador, Eu sou capaz de lembrar todos esses nascimentos, enquanto que voc6e - um ser vivente de consciência finita - não pode.

6. Ainda que minha forma eterna seja transcendental ao nascimento e à morte, e Eu seja o controlador de todos os seres, apareço, neste mundo, em Minha forma original, por Minha própria doce vontade,, expandindo Minha potência interna de yoga-maya.

7. Ó Bharata, toda vez que há um declínio da religião e um incremento da irreligião, Eu, pessoalmente, apareço como um ser nascido neste mundo.

8. Eu apareço, em cada era, para libertar os santos devotos, para conquistar os pecadores descrentes e estabelecer, com firmeza, a verdadeira religião.

9. Ó Arjuna, quem, de fato, perceber que meus nascimentos e atividades supramundanos são executados por minha doce vontade, não nasce outra vez. Após abandonar seu atual corpo, ele Me alcança. Tornando-se subserviente a meu divino prazer, na forma de Minha potência divina revelada (hládinisakti), esta alma obtém o serviço devocional eterno a Mim.

10. Estando livres da paixão mundana, do medo e da ira, muitas pessoas refugiaram-se em Mim absorvendo deus corações em ouvir sobre Mim, cantar Minhas glórias divinas e lembrarem-se de mim. Purificadas, por inteiro por Me conhecer, e pelas penitências em Meu favor, elas obtiveram amor divino por Mim.

11. Eu reciproco à medida que a pessoa se refugia em Mim. Sendo a meta final de todas as filosofias e doutrinas, eu sou o objetivo a ser alcançado por todos. É certo, Ó Partha, que todos seguem Meus vários caminhos.

12. As pessoas mundanas, que desejam sucesso fácil na vida material, adoram Indra e outros semideuses. Tal adoração, rapidamente, concede os frutos de seus esforços neste mundo, tal como a obtenção do paraíso.

13. Eu criei, na sociedade humana, as divisões quádruplas de Varna (brahmana, etc.), conforme a gradação apropriada das qualidades materiais ( bondade, etc.) e dos deveres (controle dos sentidos, etc.). Além de Mim, não existe nenhum outro Criador no mundo inteiro. Entretanto, embora Eu seja o criador da graduação natural da sociedade humana (Varna-dharma), você não deverá conhecer-Me como o realizador, por que Eu estou a parte, transcendental aos modos da natureza material e mutável.

14. Nunca sou afetado pela lei do karma, que Eu criei para preencher os destinos dos seres viventes; nem jamais anseio pelos resultados das ações. (desde que Eu sou o Senhor Supremo, repleto das seis opulências plenas, os mesquinhos frutos das ações mundanas são-Me totalmente insignificantes). Aquele que aprecia este conceito de Minha independência singular das ações dos deres deste mundo e que pode, então, compreender Minha imutável existência, nunca é aprisionado por nenhuma ação. Por praticar serviço devocional puro, de certo vem à Mim.

15. Conhecendo esse princípio básico, liberacionista, ou tempos remotos, renunciaram a toda a ação fruitiva e, sem interesse privado, executaram todas as suas atividades como uma oferenda a Mim. Da mesma forma, voc6e deveria adotar este caminho do Yoga da ação desinteressada, como tem feito as grandes personalidades santas, desde tempos imemoráveis.

16. Até mesmo os sábios confundem-se em compreender a natureza da ação e da inação. Alguns não podem compreender a ação, enquanto que outros não podem compreender a inação, e, ao conhecer isso,, você alcançará a liberação deste mundo demoníaco.

17. Dever-se-ia compreender a ação prescrita pelos Vedas, a ação proibida pelas escrituras e a renúncia da ação. A execução dos deveres é conhecida como ação (karma); a execução das ações proibidas é pecaminosa (Vikarma); e a não execução da ação, ou renúncia da ação, é conhecida como inação(akarma). É difícil ao extremo perceber o princípio interno do karma, Vikarma e Akarma.

18. Aquele que percebe que a ação desprendida, executada pelo homem de conhecimento puro,, nunca está sujeita ao apego sendo, então, de fato, inação enquanto que a abnegação praticada por um renunciante de coração impuro é a malfadada causa do apego – quem compreende isso é, entre os homens, o iogui inteligente e o executor, de fato, de todos os trabalhos.

19. As pessoas conscientes descrevem o homem de verdadeira sabedoria como sendo aquele para quem cada ação é destituída de desejo fruitivo e que queima no fogo do conhecimento puro, todavia a ação prescrita e a proibida.

20. Abandonando o apego aos frutos da ação, satisfeito na eterna bem-aventurança interior, e diferente à segurança  da aquisição  e preservação mundanas - tal não faz nada, em absoluto, mesmo ocupando-se plenamente. Isto é, ela  nunca se prende aos frutos de suas ações.

21. por ter renunciado a todos os desejos de prazer fruitivo, a todos os esforços excessivos para aquisições mundanas, e mantendo sua mente e corpo subjugados pela inteligência (desenvolvida) mesmo que tal pessoa se ocupe em atividades espúrias para o seu mínimo sustento físico - não incorre em nenhuma reação pecaminosa,, ou piedosa que seja.

22. Satisfeita com o que quer que obtenha , com facilidade e sem nunca ser dominada pela dualidade fundada no prazer e na dor,  ou no apego e na aversão, tal pessoa livra-se da inveja. Ela está equilibrada,, não estando nem exultante, nem abatida, no sucesso ou no fracasso. Portanto ela nunca se prende a alguma ação.

23. Todas as ações são dissipadas perfeitamente quando executadas no espírito de sacrifício pala alma desapegada, liberada e iluminada. (As ações da alma no caminho da ação desprendida não levam à conseqüência de apurva como é o pressuposto da seção Karma-mimamdaka).

COMENTÁRIO:
Segundo a sua ideologia ética contudo ateísta, os filósofos KARMA-MIMAMSAKA (            mundanos) alegam que as ações piedosas  produzem uma potência sutil e invisível  conhecida como APURVA, que deve produzir frutos no devido tempo após a morte. A concepção deles de que este fruto pode ulteriormente ser compartilhado por outras pessoas, objetiva mostrar a eternidade do karma, ou ação, mas isso negligenciava a presença do Autocrata Supremo. De tal arte, a afirmação de Sri Krsna,  sama     PRAVILYATE, “todas as ações desaparecem”, ou APURVA. Pelo contrário, com clareza, assinala que as ações puras a Ele  oferecidas pelo karma-yogi puro e desprendido não acarreta nenhuma reação subsequente a ser desfrutada ou sofrida  por outras pessoas  neste plano mundano.

24. De acordo com os princípios básicos do sacrifício, a colher  sacrifical, a concha e outras parafernálias, as várias oferendas  como a manteiga clarificada, o fogo de sacrifício, o sacerdote que executa o sacrifício, o ato de oferecer o sacrifício e a sua recompensa – tudo é da natureza  de Brahman,, o Absoluto. A pessoa que, com essa compreensão, está sempre absorta em ação divina, com a atenção unidirecionada, de certo, alcança o plano divino do Absoluto.

25. Outros Karma-ioguis executam o sacrifício da adoração de semideuses tais como Indra e Varuna. Outros, jnana-ioguis, simplesmente por vibrarem o mantra pranava, Omkara, oferecem a alma individual (como sendo a manteiga clarificada sacrifical) à Super-alma (como sendo o fogo sacrifical).

26. Celibatários estritos oferecem seus sentidos de audição, tato, visão paladar e olfato ao fogo do sacrifício do controle mental. Pessoas na vida familiar comprometidas  com seus deveres específicos (svadharma) oferecem, em sacrifício, os objetos dos sentidos – som, textura, forma, sabor e odor – ao fogo dos sentidos.

27. Os Ioguis monistas (encabeçados pela escola Patanjala) aspirando a obter o estado da remoção  da consciência dos objetos dos sentidos (pratyagatma), oferecem todos os sentidos e suas funções de ouvir, ver, etc., assim  como as dez correntes vitais e suas funções,,, ao fogo da auto-purificação aceso pelo conhecimento.

28. Há pessoas que se sentem inclinadas a executar sacrifício oferecendo artigos em caridade; algumas atraem-se por penitências estritas guiadas por candrayana; algumas adotam a prática do yogamistíco óctuplo; e ainda outros ocupam-se na recitação e estudo das escrituras Védicas. Todas essas pessoas são muito solícitas em suas práticas e adotam votos estritos.

29. Outros praticam o controle da respiração, fechando a narina direita i inspirando através da esquerda, eles fazem com que o ar ascendente se una ao descendente, fechando a narina esquerda e expirando através da direita, eles oferecem o ar descendente ao ar ascendente e, por fim, fechando ambas as narinas, suspendem ambos os ares-ascendentes e descendentes. Ainda há os que aspiram os controle dos sentidos e oferecem todos os sentidos ao ar Vital, reduzindo sua ingestão de alimentos.

30. Todas essas pessoas conhecem bem os princípios de sacrifícios, desfrutam seus remanentes na forma de prazer dos sentidos, riqueza e perfeição yóguica. E, ao final, alcançam o supracitado plano eterno do Absoluto.

31. Ó Arjuna, principal entre os kurus, quem nunca executa sacrifício não pode, sequer,, obter os escassos prazeres deste mundo, como, então, ser-lhe-à possível alcançar outros mundos, tais como os mundos celestiais?

32. Todos esses vários sacrifícios são mencionados, tantos nos Vedas, quanto nas escrituras correlatas. Todas resultam de atos vocais, mentais e corpóreas e, portanto, originam-se na ação. Quando você puder entender o princípio da ação (karma), dessa maneira, então, libertar-se-à de seu cativeiro.

33. Ó Arjuna, conquistador do inimigo, de todos esses sacrifícios, o sacrifício do conhecimento, como indica o verso brahmaguav apare..., é muito superior ao sacrifício dos vários artigos que são indicados pelo verso brahmarpanam brahma havih..., por que toda ação culmina, em ultima análise,  em conhecimento.

34. Você alcançará todo esse conhecimento satisfazendo o mestre espiritual iluminado com reverências prostradas, com o inquirir revelante e com o serviço sincero. As grandes almas, peritas no conhecimento das escrituras, e dotadas da realização direta da Suprema Verdade Absoluta,, ensinarão este conhecimento divino a você.

35. Ó Pandava, após receber este conhecimento da verdade, transmitido pelo Guru, você não mais se iludirá e será capaz de compreender que toda espécie de vida, seja humana, pássaro, ou animal, é igual em sua identidade individual como alma espiritual, ou Jivatma. Sua comparativa gradação material devem-se, apenas, aos atributos externos e todos estão situadas dentro de Mim, como efeito, sendo Eu mesmo a causa suprema.

36. Mesmo que você tenha levado a vida mais abominável e pecaminosa, você atravessará o oceano de todas as misérias, abordando a nave do conhecimento.

37. Como o fogo flamejante reduz a madeira, e tudo o mais dentro dela, a cinzas, Ó Arjuna, também o fogo do conhecimento conforme toda a ação.

38. Entre as práticas supracitadas de sacrifício, de austeridade e de yoga, não há nada tão puro quanto o divino conhecimento. A pessoa que atingiu a perfeição de sua prática, no caminho da ação desprendida, e após um longo tempo, realiza esse conhecimento,, espontaneamente, dentro de seu coração.

39. O conhecimento genuíno surge após a purificação interna, através da ação não-fruitiva. O teísta inteligente e de sentidos controlados, que aceita o significado das escrituras, e que, com fé sublime, permanece devotado ao caminho da ação desprendida, alcança tal conhecimento. Ele, rapidamente, atinge a profunda tranqüilidade da erradicação do ciclo vicioso de repetidos nascimentos e mortes.

40. Aquele que é um tolo desprovido do conhecimento das escrituras como um animal ignorante; ou que, apesar de possuir conhecimento das escrituras, está desprovido da Fé em sua substância, devido a ser distraído por muitas e diversas filosofias; ou que, possui alguma fé, porém pensa: “Será que serei bem sucedido”? - qualquer pessoa, cujo coração esteja dessa maneira, tomado por dúvidas, não poderá atingir a verdadeira boa fortuna. Duvidando assim, tal alma não atinge a felicidade nem nesta vida, nem na próxima, já que a ansiedade da incerteza conquista sua paz.

41. Ó Dhananjaya, após renunciar a toda ação seguindo o caminho da ação desprendida, aquele que destrói todas as dúvidas, trilhando o caminho do conhecimento divino e realiza sua natureza divina interna, certamente, nunca será enredado por nenhuma ação.

42. Portanto, Ó Bharata, coma a espada do conhecimento divino, estraçalhe todas essas dúvidas em seu coração, as quais nascem, unicamente da ignorância. Refugie-se no dever altruísta, e levante-se para a batalha.







CAPÍTULO V - O CAMINHO DA HARMONIA DIVINA


1. Arjuna disse:
Ó Krsna, após instruir-me na renúncia da ação, Você está, novamente, defendendo o caminho da ação desprendida. Portanto, por favor, dê-me uma compreensão clara, sobre qual dos dois é o mais benéfico para mim.

2. O Senhor Supremo disse:
Ambos, a renuncia da ação e o caminho da ação desprendida, são grandemente benéficos. Entretanto, você deverá entender que a execução da ação desprendida é superior dentre eles.

3. Saiba que aquele que está livre das dualidades de atração e aversão, e nem deseja nem abomina os frutos da ação, permanece um renunciante, mesmo que se ocupe em atividades. Porque, Ó Arjuna, poderosamente armado, tal pessoa com facilidade, atinge a liberação deste plano mundano de apego.

4. O sábio apoia a opinião dos tolos infantis racionalistas mundanos, ( conhecidos como karma-mimamsakas*), que alegam que o caminho da renuncia (sankhya-yoga) e o caminho da ação (karma-yoga) estão separados. Aqueles que, com cuidado, segue qualquer desses caminhos atingirá o mesmo resultado.

5. A meta atingida pela renuncia da ação é, também, atingida pela execução da ação desprendida. Aquele que, por meio de uma análise cuidadosa, sabe que os dois caminhos são único e o mesmo, de certo, conhece o seu verdadeiro significado.

6. Ó herói poderoso, excluindo a ação desprendida, a mera renuncia da ação é causa do sofrimento. Porém, o sábio, que se ocupa na ação desprendida, atinge o Absoluto com muita rapidez.

7. Existem três tipos de eruditos na vida familiar ocupado ,em yoga ( jnani-grihastha): o de inteligência pura, o de mente controlada e o dos sentidos controlados. Comparando-se suas práticas, o primeiro será visto como superior ao último. Todos são a personificação da boa-vontade par a cada ser vivente. Mesmo que estejam plenamente ativos, nunca se enredam na ação.

* Vide 4.23

8.9 Apesar de tal karma-iogui ser conhecedor  da verdade intrínseca a executar todas as atividades de ver, ouvir, tocar, cheirar, comer, mover-se, dormir, respirar, falar, defecar, aceitar coisas, piscar os olhos etc., ele sabe que, “Meus órgãos dos sentidos - olhos, orelhas, pele, nariz e língua - estão comprometidos com os seus respectivos objetos: forma, som, tato, aroma e sabor”. Dessa maneira ele está, sempre, percebendo, “Eu não executo, em absoluto nenhuma dessas ações”.

10. Como uma folha de lótus não se molha  apesar de está dentro da água, aquele que está desapegado oferece todas as suas ações  ao Senhor Supremo e não é afetada pelas reações pecaminosas ou pias.

11. Com o propósito da purificação da mente, os Karma-ioguis abandonam todo apego aos frutos da ação e executam suas atividades com o corpo, a mente e a inteligência.  De outro modo, poderiam agir, apenas, por meio dos sentidos, com uma atitude desinteressada.

12. O karma-iogui puro e sem motivações materiais (niskama), abandonando o apego aos frutos da ação, obtém paz constante, ou liberação da reação do trabalho. Porém, o karmi ambicioso (sakama), o caçador de frutos, está obcecado pelo resultado de sua ação e termina  enredado  por seus esforços.

13. Renunciando, mentalmente, a todas as ações, na forma acima mencionada, a alma, com seus sentidos controlados, reside feliz dentro da morada corpórea  de nove portais, livre do falso ego de considerar-se a realizadora, mesmo que execute, externamente, todas as atividades - e livre, ainda, do falso ego de considerar-se  a causa da ação, mesmo que ocupe  outros.

14. Devido a sua tendência à ignorância, desde tempos imensuráveis, os seres viventes agem, considerando a si mesmo como os executores ou causadores da ação. O Senhor Supremo não gera executores, nem é Ele a causa de suas ações, ou de seus apegos  aos frutos dessas ações.

15. O Senhor Supremo, plenamente auto-satisfeito, não aceita nem o pecado  nem o ato piedoso de ninguém. Apesar de que conhecimento é a natureza  intrínseca dos seres vivos, devido a sua natureza original estar envolvida  pela potência  ilusória do Senhor, enamoram-se pelo corpo material, acreditando serem o próprio.

16. Há dois tipos de conhecimento - prakrta, mundano e aprakrta, divino. O conhecimento mundano diz respeito à natureza material e é apenas  ignorância dos seres viventes, enquanto que o conhecimento divino é a ciência  genuína. As pessoas que despertam seu conhecimento divino conquistaram a concepção mundana, e o seu conhecimento supremo, como um poderoso sol nascente, revela a Suprema Realidade.

17. Transcendem plenamente este mundo aqueles cuja ilusão foi, antes, dissipada pelo conhecimento e que começam a saborear, dentro de seus corações, o ouvir e o cantar de Minhas intermináveis glórias, devotando seus pensamentos a Mim, meditando em Mim e desenvolvendo uma devoção contínua a Mim. O Senhor Supremo.

18. As almas inteligentes, conhecidas como “panditas” - homem de verdadeira sabedoria, por que atingiram as qualidades divinas, e abandonaram todo preconceito mundano percebem a transcendência absoluta dentro de todos seres viventes o sábio e o humilde brahmana, a vaca, o elefante, o cachorro, ou o proscrito comedor de cachorro.

19. Aqueles cujas mentes são equilibradas, conquistaram este mundo, enquanto presente nele e que devido ao seu equilíbrio espiritual  estão livres da atração e da repulsão, portanto, mesmo permanecendo neste mundo, situam-se eternamente na transcendência.

20. O conhecedor do absoluto, por inteiro situado na transcendência, dotado de uma firme inteligência e livre do engano  de pensar em seu corpo e parafernália correlato como sendo “Eu” e “Meu”, nem se exalta ao obter o desejado, nem se desalenta ao obter o desagradável.

21. Tal conhecedor da Verdade Absoluta, com a mente desapegada do prazer sensual, primeiro atinge a felicidade de auto-realização; depois, conectando-se ao Absoluto, atinge uma felicidade inesgotável.

22. Ó filho de Kunti, a única causa do sofrimento, são todos os prazeres que surgem, do contato dos sentidos com seus objetos, e que estão sujeitos à criação e à destruição. Uma pessoa sensata nunca se afeiçoa a tais prazeres  que são temporários.

23. Saiba que aquele que vivendo neste corpo for capaz por meio do caminho do yoga da ação desprendida de restringir, radicalmente, os apelos do desejo e da ira - tal pessoa esta’, de fato, situada em união com o Supremo, e experimenta a verdadeira felicidade.

24. O seguidor do caminho do yoga da ação desprendida que desfruta de bem-aventurança, cuja mente está sempre fixa internamente, e que experimente a auto-ralização - obtendo a percepção de sua pura identidade - ingressa na dimensão do Absoluto.

25. Os videntes da verdade atingem tal liberação. Por estarem livres do pecado e da dúvida, com sua mente controlada, e sempre envolvidos em atividades para o bem-estar de todos os seres vivos.
26. os renunciantes que estão livres do desejo e do rancor, e que atingiram o conhecimento da natureza original da alma, obtém a liberação, incondicionalmente, seja na vida ou na morte. Isso ocorre quando expira seu corpo sutil que é animado mentalmente.

27.28. Expelindo da mente todos os objetivos dos sentidos externos como som, textura, forma paladar e aroma; fixando a visão num ponto mediano entre as sobrancelhas; praticando a disciplina do equilíbrio pelo suspender a inalação e a exalação, e subjugando os sentidos, a mente e a inteligência, a pessoa dedica-se à liberação. Tendo vencido o desejo, o medo e a ira, tal pesquisador contemplativo, e investigador da alma, está sempre liberado, mesmo antes da morte do corpo.

29. Eu sou o desfrutador dos resultados do sacrifício executado pelo caçador - de - frutos, bem como os resultados das austeridades executadas por quem busca a liberação. Eu sou seu único objetivo de adoração. Eu sou Narayana, o monitor interno de todas as dimensões da vida, e a adorável Suprema Personalidade que concede a liberação. Eu sou o bem-querente de todos. Eu sou Krsna, o mais adorável amigo dos devotos. A alma que assim concede Minha verdadeira identidade, atinge o êxtase de conhecer sua própria identidade original divina.








CAPÍTULO SEIS


DHYANA-YOGA
O CAMINHO DA MEDITAÇÃO

1. O Senhor Supremo disse:
Saiba que tanto um Sannyasi quanto um Iogui genuínos, são os que executam os deveres obrigatórios, conforme as injuções. Não se é um Sannyasi, meramente por renunciar executar sacrifício de fogo e outros deveres prescritos; não se é um Iogui,, apenas, por tornar-se fisicamente inativo.

2. Ó Arjuna você deve saber que o caminho da ação desprendida clamada pelo erudito como abnegação, não é diferente do caminho óctuplo da meditação yóguica. Isso se deve a que, sem renúncia ao desejo fruitivo e ao anseio sexual (que é a características essencial do caminho da ação desprendida), não se pode, nunca, ser aceito, nem como um iogui no caminho óctuplo da meditação mística.

3. Inicialmente, apenas a ação é vista como a causa da elevação para o sábio desejoso de alcançar  uma meditação yóguica estável. Quando se atingiu a meditação contínua, a renúncia a toda atividade delineia-se como a causa do seu transe yóguico perfeito.

4. Quando o praticante de yoga não está mais viciado nos desfrutáveis objetos dos sentidos do som, textura, forma, sabor e odor; quando não está mais apegado a nenhuma ação, buscando desfrutá-las e tendo atingido a mais completa renúncia de todos os planos de tal ação, apenas então poderá ser aclamado como alguém que, verdadeiramente, atingiu o yoga.

5. O ser vivente deve ser liberado do escuro poço da vida material por intermédio da mente desapegada dos objetos dos sentidos e ele não deve, de nenhuma forma, ser arremessado ao mundo material pela mente encantada com os objetos dos sentidos, por que a mente algumas vezes é sua amiga e, em outras situações, esta mesma mente é, ao contrario, a inimiga.

6. A mente é uma amiga e bem-querente para a alma que a conquistou. Para quem for incapaz de controlá-la a própria mente permanecerá ocupada, constantemente, em seu desserviço, como uma inimiga.

7. Livre da atração e da aversão na chegada do frio e do calor, da felicidade e infelicidade, da honra ou do insulto - o iogui que dominou sua mente permanece profundamente absorto em transe yóguico.

8. Aquele que tem sempre seu íntimo satisfeito seja devido à sabedoria das escrituras ou pela vivência direta; que está sempre situado na consciência divina; que está com os sentidos controlados, e que vê com igualdade um fragmento de terra, de pedra ou de ouro, é conhecido como sendo um iogui qualificado par a auto-realização.

9. E saiba que, ainda mais avançado, o iogui que é capaz de observar, com inteligência equilibrada, todos os seres viventes: um afetuoso bem-querente, um inimigo, uma pessoa indiferente, um mediador, alguém detestável, um amigo um santo e um pecador.

10. O principiante na prática de yoga sempre deve residir só em um lugar  isolado. Controlando sua mente e corpo, livre do desejo e da preocupação sensual, deve ocupar sua mente em transe meditativo.

11.12. Num lugar puro, nem muito alto nem muito baixo, o iogui deve estabelecer um assento seguro sobrepondo palha Kusa, pele de veado e um pano. Então, sentando-se ali, subjugando toda a atividade mental e sensual e fixando sua mente em um ponto, deve praticar meditação a fim de purificar seu coração.

13.14. Sobriamente seu tronco, cabeça e pescoço eretos, alcançados e equilibrados, o iogui deve fixar seu olhar par a ponta de seu nariz sem olhar em nenhuma outra direção. Tranqüilo, destemido e seguro no voto de celibato, a pessoa deve meditar em Minha forma Visnu de quatro braços e absorvendo-se em direção a Mim, deve praticar yoga.

15. Dessa maneira, absorvendo, continuamente, sua mente no yoga da meditação (dhyana-yoga), o iogui, cujo coração foi purificado dos desejos sensuais, obtém emancipação do mundanismo, atingindo o Brahma não - diferenciado, que é a refulgência que emana da Minha pessoa, libertando-se assim do curso da existência material.

16. Ó Arjuna, a prática de yoga é impossível para qualquer pessoa que come em demasia ou come muito pouco, dorme em demasia ou não dorme o suficiente.

17. Para quem se alimenta, repousa e esforça-se de uma maneira regulada, e que mantém horários regulados, em medidas apropriadas, a prática de yoga torna-se, gradualmente, a fonte que dissipa todo o sofrimento mundano.

18. Quando um iogui restringe todas as tendências mentais mundanas, e fixa sua mente na concepção da alma, assim livre dos desejos mundanos, é conhecido como aquele que, de fato, situado em yoga, ou conectado com o Absoluto.

19. Saiba por certo que,  da mesma forma que uma lamparina situada num lugar sem vento não tremula, do mesmo modo a mente do iogui, absorta na concepção alma, nunca titubeia em sua concentração.

20.23. O estado de perfeito samadhi, ou transe, é aquele no qual a mente disciplinada do iogui obtém o desapego – mesmo do mais leve pensamento de conotação mundana. O iogui permanece satisfeito, apenas no Senhor. Tendo visto a superalma, diretamente, por meio do seu coração purificado, experimenta aquela felicidade que é eterna, perceptível pela divina inteligência da alma e destituída do contato com os sentidos, ou objetos dos sentidos - nunca se desvia da natureza intrínseca da alma. Ao atingir esse estado, nunca considera superior qualquer aquisição e mesmo na presença de atribulações insuportáveis, seu coração nunca tremula. Portanto, através do próprio contato com o sofrimento, obtém-se sua ausência. Saiba com certeza, que tal estado de perfeito transe é definido como yoga. Tal yoga deverá ser praticada com perseverança e com um coração incansável.

24. Abandonando, completamente, todos os desejos mentais, com suas imagens mentais - com plena consciência da futilidade da visão mundana, deve-se remover os sentidos de todos os objetos materiais e ocupar-se na prática yóguica já mencionada.

25. Com a ajuda da inteligência controlada por dharana (o ramo do yoga óctuplo que se concentra nas bases do intelecto), a pessoa deve, por completo, firmar a mente na alma. Então, pela prática gradual, removendo a mente dos objetos externos, deve se atuar no transe do samadhi e não pensar, nem por um segundo, em nada além da alma.

26. A mente é, por natureza, instável e fluente, e deve, com cuidado, ser removida de quaisquer objetos que persiga, sendo trazida de volta, sob o controle do eu.
27. Destituído de agitação apaixonada, com o coração apaziguado, livres das imperfeições do apego, do medo e da ira – e dotado do conceito do absoluto, esse iogui é abençoado com a alegria de realizar a natureza divina da alma.

28. Dessa forma, através de constante realização da sua natureza internal divina, o iogui, livre de pecados, com facilidade atinge o profundo êxtase de realização da Superalma. (nesse estágio, a prática de yoga, mencionada aqui, está de acordo com o caminho da devoção, bhakti).

29. Com seu coração unido à consciência infinita, esse mestre de yoga, percebe consciência em todos os seres. Ele vê a Alma Suprema dentro de todos e a cada um dentro do Supremo.

30. Eu nunca sou invisível para aquele que Me vê em tudo e vê a criação total em Mim. Eu nunca estou perdido para ele e ele nunca é abandonado por Mim - ele nunca se esquece de Mim.

31. Ainda que Uno, Eu estou em, separado, situado dentro do coração de cada ser vivente como a Superalma em Minha forma de quatro braços, medindo uma pradesa (a distância entre o polegar e o indicador). O iogui que se rende a Mim e Me adora em devoção - a começar por ouvir, cantar e lembrar, vivenciando-me como Syamasundara, não diferenciado da Superalma - independentemente de executar ou não os deveres prescritos nas escrituras - ele reside em Mim eternamente.

32. Aquele que, observando a si mesmo, vê como iguais a felicidade e a infelicidade de todos os seres, Eu o considero o mais elevado de todos os mestres de yoga, pois, reconhecem a felicidade e o sofrimento alheios como os seus próprios.

33. Arjuna disse:
Ó Madhusudana, devido à natureza instável da mente, não consigo visualizar a infinita estabilidade em tal estado de equilíbrio iogui descrito por você.

34. Ó Krsna, a mente é por sua própria natureza instável; é a causa de distúrbios do julgamento, da agitação dos sentidos e do corpo. É inconquistável e obstinada ao extremo. Portanto, é praticamente inatingível, da mesma forma que, pela simples prática de controlar a respiração, não se pode controlar o vento que sopra através dos céus.

35. O Senhor Supremo disse:
Ó heróico Arjuna, sem dúvida a mente é instável e, difícil de controlar ao extremo. Entretanto, Ó filho de Kunti, ela é dominada  pela prática contínua de meditação iogui na Superalma, como ensinada pelo mestre espiritual fidedigna e pelo abandono do desfrute mundano dos sentidos.

36. em Minha avaliação, não há dúvidas de que o ioga para o controle das faculdades mentais que descrevi, é difícil para quem tem a mente descontrolada. Todavia, aquele que com esmero subjuga a mente através da prática autêntica é, por certo bem-sucedido no ioga.

37. Arjuna disse:
Ó Krsna, uma pessoa medíocre poderá por sua fé nas escrituras, ocupar-se na prática de ioga. Entretanto, na falta de prática apropriada e de abnegação. Acarreta desvio, devido a tendências mundanas. Parece que o fracasso é certo no ioga. Qual será então meu destino?

38. Ó poderoso herói, Ó Krsna, tendo tal pessoa se desviado do caminho iogui rumo ao Absoluto, sem refúgio e tendo caído de ambos os caminhos da ação e da meditação, não estará tal homem completamente perdido, como uma nuvem fendida?

39. Ó Krsna, ninguém a não ser Você, poderá dissipar essa minha dúvida. Por Favor, seja misericordioso e arranque-a pela raiz.

40. O Senhor Supremo disse:
Ó Arjuna, filho de Kunti, o iogui malsucedido não sofrerá ruína nesta vida, nem na outra. Ele não está excluído dos prazeres dos sistemas planetários celestiais neste universo, nem lhe é negada a chance de, pessoalmente, ver a Superalma na divina dimensão. Isso acontece, Ó meu caro, porque aquele que executa ações virtuosas, nunca será desditoso.

41. Após morar por muitos anos, em todos esses planetas celestiais - alcançados pelos que executam grandes sacrifícios, tais como Asvamedha - o iogui fracassado nasce num lar de pessoas honradas e prósperas dedicadas as práticas puras e honestas.

42. Por outro lado, se uma pessoa decai de seus esforços ioguis após um considerável período de longa prática, então, certamente, nascerá num lar, ou na linhagem de professores de ioga que estão absortos em sua prática. Saiba que um nascimento, em tal situação raramente é alcançado.

43. Ó filho de Kuru, num dos nascimentos que acabo de descrever, tal iogui malsucedido, devido às práticas de sua vida anterior revive a sua inteligência centrada na adoração à Superalma. E, daquele momento em diante e com vigor renovado, novamente esforça-se pela perfeição de ver a Superalma.

44. Mesmo sem perceber devido o surgimento de alguns obstáculos, ele, de novo, sente-se atraído ao yoga, em conseqüência das práticas que executou em sua vida anterior. E, apesar de que possa ser um praticante que ainda está na luta pela perfeição, ele ultrapassa o caminho da ação fruitiva mencionada nos Vedas e alcança um fruto muito superior.

45. Co um esforço ainda mais ardoroso que o anterior, o iogui que purifica plenamente a sua consciência, rejeitando a sujeira de todo desejo mundano e as imagens mentais, por fim obtém o fruto de muitas vidas de prática do ioga - e, portanto, alcança a meta Suprema.

46. O iogui que adora a Superalma é superior  às pessoas absortas em austeridades severas, tais como os candrayana, superior aos adoradores do Brahman e superior aos trabalhadores fruitivos. Saiba que, essa é, certamente, a Minha conclusão. Portanto, Ó Arjuna, seja um iogui.

47. Entre todos tipos de iogues, o mais elevados de todos é o devoto, que tem plena fé e puras escrituras devocionais, que Me adora com todo seu coração, pelo ouvir e cantar de Minhas glórias divinas e que rende todos os serviços a Mim. Certamente essa é a Minha opinião.





CAPÍTULO SETE:
AS CONCEPÇÕES ABSOLUTAS E RELATIVAS DO SUPREMO



1. O Senhor disse:
Ó Partha, ouça de Mim como você, sem dúvida, poderá  conhecer-Me, bem como Minha morada Sagrada, Minhas opulências e Meus associados com o seu coração devotado a Mim, o Senhor Supremo, abandonando todas as atividades não devocionais, baseados na ação e no conhecimento, refugiando-se em Mim e, de modo gradual, alcançando Minha associação.

2. Agora, Eu descreverei por completo, como o sabor de Minha divina doçura, de Minhas opulências e esplendor grandiosos e majestosos. A pós ouvir-me, e situando-se neste caminho vitorioso, alegre e belo, não restará em absoluto nada a conhecer.

3. Dentre incontáveis  alma algumas atingiram a forma humana e daqueles muitos milhares de seres humano alguns esforçam-se para perceber a alma individual e a Superalma. Dentre os muitos milhares de pessoas assim diligentes que chegaram a ver a alma e a Superalma, somente poucos obtém uma percepção real de Mim, Syamasundara.

4. Minha potência ilusória neste mundo, divide-se em oito formas: terra, água, fogo, ar, éter mente, inteligência e falso-ego.

COMENTÁRIO:
Neste verso, o que se expressa no significado é que jnana ou conhecimento, na verdadeira acepção da palavra e do acordo com os preceitos da devoção é, de fato, bhagavad-aisvarya-jnana, ou conhecimento do todo poderoso, do Majestoso senhorio do Supremo. Na opinião dos eruditos, que em geral, são conhecidos por jnani, conhecimento é conhecimento da alma sendo distinta do corpo e dos outros elementos mundanos - todavia, isso não é conhecimento verdadeiro, portanto, a fim de confirmar a concepção de Sua Pessoal majestade toda poderosa, o Senhor revela Suas várias formas pessoais intrínsecas bem como Sua potência e características.
“Meus diferentes aspectos são Brahman, Paramatma e Bhagavan. Destes, Brahman é o aspecto de Minha potência sem forma não diferenciada. Paramatma é Superalma, é, também uma manifestação da Minha potência (como o fator básico em relação ao universo) e tal aspecto não se manifesta eternamente. Portanto, apenas Minha forma de Bhagavan, o Senhor Supremo, está eternamente manifesta, e dentro desta forma também se fazem presentes Minhas três potências internas: antaranja ou cichakti - a pot6encia interna divina; bahiranga - ou maya-sakti - a potência externa ilusória; e tatastha  - ou jiva-sakti - a potência marginal, abarcando inumeráveis entidades vivas”.
No verso 4 o Senhor descreveu Sua maya-sakti, ou Sua potência interna ilusória.

7. Ó Arjuna, não há nada superior à Mim. Como pérolas ensartadas num cordão a criação inteira depende de Mim.

8. Ó filho de Kunti, pela potência do elemento primordial de sabor, Eu estou situado como a base do sabor da água; pela opulência da refulgência, Eu estou presente no sol e na lua. Eu estou presente nos Vedas como sua vibração sonora primordial, a sílaba OM; Eu estou presente na atmosfera como o elemento do som original; e, como o Supremo Masculino, Eu estou presente em todos os homens.

9. Eu habito a pura fragrância da terra e o resplendor do fogo. Em todos os seres Eu estou presente como a duração da vida, e nos ascetas, Eu sou o poder de suportar a dualidade, tal como, frio e calor.

10. Ó Partha, saiba que Eu sou a causa primordial de todas as formas de vida. Do inteligente, Eu sou a inteligência personificada,, e no valente lá estou com o heroísmo personificado.

11. Ó Arjuna, no poderoso, Eu estou presente como a força desprovida de interesse egoísta e apegos mundanos. Entre todas as espécies de vida, Eu estou presente como a união sexual que está de acordo com os princípios da religião.

12. Além disso, você deve saber que todos os objetivos existentes  sejam da natureza da bondade, paixão e ignorância – nascem apenas de Mim. Entretanto, Eu não estou neles. Sendo Meus subordinados, existem em Mim.

13. O Mundo inteiro de seres viventes está, por completo, iludido por essa criação da natureza dos três modos materiais. Portanto, ninguém pode conhecer-Me, o Senhor Supremo, pois Sou superior a esta criação inteira, transcendental a esses modos e imutável.

14. Esta Minha energia sobrenatural, cativante, ilusória e que consiste nos tr6es modos é , praticamente, insuperável. Entretanto, aqueles que se rendem com exclusividade a Mim, podem ,com certeza atravessar essa fantasia formidável.

15. Há quatro tipos de malfeitores que não se rendem à Mim: os trabalhadores fruitivos, que são como animais; as pessoas caídas, que adotam o caminho superior da devoção e após o rejeitam, considerando-o inadequado e sem valor; aqueles cujo conhecimento é anulado pela potência ilusória, Maya, apesar de seu conhecimento das escrituras, pensando que apenas a forma do Senhor Narayana é adorável, enquanto a do Senhor Krsna, do Senhor Rama e outras formas autênticas são meramente humanas; e aqueles que possuem uma natureza demoníaca - os impersionalistas que “desmembram” Minha forma com suas “flechas” de falsos e blásfemos argumentos, e que são, exatamente como os demônios Jarasandha e outros.

16. Ó Arjuna, melhor dos Bharatas, quatro tipos de pessoas Me adoram: o aflito, aquele que busca conhecimento, o que busca desfrute destes ou de outros mundos e o vidente da alma de coração puro. Após obterem suficientes méritos devocionais (sukrti), ocupam-se em Meu serviço devocional puro>

17. Dentre esses quatros tipos de devotos o melhor de todos é a alma iluminada devotada exclusivamente a Mim, e cuja consciência está, totalmente, absorta em Mim. Por que Eu, em Minha forma de Syamasundara, sou muito querido para esse sábio, e ele é também muito querido para Mim.

18. Desde que seus corações estão livres do egoísmo sórdido do vício aos prazeres sensuais, com certeza todas essas pessoas são queridas por Mim. Porém, devido à sua divina auto-realização, o sábio de coração puro torna-se inseparável de Mim, e portanto, e portanto é muito querido para Mim. Esta é, certamente, a Minha opinião pois ele, tendo Me oferecido seu próprio coração, concluiu que Eu, Syamasundara, Sou a meta Suprema da vida.

19. Após muitos nascimentos, a pessoa culta (que alcança a associação de um devoto puro) por final chega a compreensão de que o universo inteiro de seres móveis e imóveis faz parte unicamente da natureza de Vasudeva; desde que tudo subordina-se a Vasudeva. Apoderando-se  desse conceito, rende-se a Mim. Saiba que, tal grande alma é extremamente rara.

20. As pessoas que tiveram sua boa inteligência estragadas pelos desejos ilícitos de exploração e renúncia ou outros objetivos dúbios, adoram outras personalidades divinas, tais como o Deus-sol e muitos semideuses. Escravizados por seus instintos, adotam as regras e regulações correspondentes de jejum e outros princípios congêneres.

21. Eu, como a Superalma residindo dentro do coração, fortaleço a fé na deidade do semideus que Me apresenta e que um devoto em particular deseja adorar fielmente.

22. Após ser por Mim dotado com esta fé firme e inabalável, tal devoto continua adorando a deidade desse semideus e obtém todos os objetos desejados. É certo que, isso ocorre pela Minha sanção haja vista que Eu sou a Superalma situada, também, dentro do coração do semideus.

23. Todavia os frutos que esses adoradores dos vários semideuses com seus interesses provincianos é temporário. Eles alcançam seus respectivos deuses, enquanto Meus de4votos Me alcançam.

24. As minhas eternas e super-excelentes natureza, forma, qualidades, atividades, passatempos e parafernália são transcendentais à ilusão. Contudo, pessoas sem inteligência, incapazes de conhecer essa realidade, pensam assim a Meu respeito: Ó, o Brahman supramundano, sem forma e impessoal, aceitou nascer numa forma ilusória nos aposentos de Vasudeva”.

25. É por Minha própria doce vontade que permaneço escondido por trás de uma imagem ilusória. Eu não Me manifesto a qualquer um. Portanto, nenhum pode, jamais, conhecer-Me de fato como o filho de Vasudeva, vez que eu sou independente do nascimento mundano e sempre existente em Minha forma pessoal e divina de Syamasundara - de lindo aspecto como uma escura nuvem de chuva

26. Ó Arjuna tão só eu conheço a tudo e a todos - coisas móveis ou imóveis - do passado do presente e do futuro. Porém devido a que a percepção está obscurecida tanto por Minha energia externa ilusória quanto pela potência interna de Minha doce vontade, certamente, não há ninguém - nem sequer um ser humano desse mundo, ou de qualquer outro - que Me possa conhecer como Eu sou.

27. Ó Arjuna, castigador do inimigo, desde mesmo o início da criação Universal, todas as formas de vida são dominadas pela ignorância, que nasce da dualidade da felicidade e da infelicidade, gerada do desejo e aversão com relação a predileção sensual.

28. Todavia por outro lado, os que executam feitos virtuosos e tiveram a oportunidade de associar-se com Meu devoto puro, purificam-se de todos os pecados. Livres da ilusão que nasce da dualidade que se baseia na felicidade e na infelicidade, e fixos na ocupação contínua em Meu serviço, eles aprofundam sua devoção pura a Mim.

29. Desejando a liberação da corrente mundana e miserável do todo devorador ciclo de nascimentos e mortes, aqueles que se refugiam em Mim e se ocupam em Meu serviço devocional, podem conhecer o Brahman, as almas individuais e os vários tipos de karma ou ação exploradora pela qual as almas, uma e outra vez, atadas dentro deste infeliz plano material.

30. E aqueles que Me conhecem como a base dos princípios universais do fenômeno da governança, , podem, e da providência - tais pessoas, com seus corações absortos em Mim, podem conhecer-Me, mesmo na ocasião da morte. Aflitos diante da amedrontadora morte, eles não Me esquecem.



CAPÍTULO NOVE - O TESOURO OCULTO -


1.O Senhor Supremo disse: Por você está livre da inveja e da malícia, conceder-lhe-ei este que é o tesouro mais oculto em forma de devoção pura. Iniciando-se pelo cantar ou narrar de Minhas glórias transcendentais com execução de serviços divinos afins chegando até uma percepção divina e direta de Mim. Encontrando este tesouro oculto, você estará livre das dimensões mundanas – livre de todos os males que se opõe à devoção.

2. Saiba que este conhecimento é a Suprema Sabedoria e o supremo tesouro oculto. É perfeitamente puro, e mesmo estando além do alcance da percepção sensorial, é objeto da percepção direta (pelos sentidos que estão ansiosamente dispostos aos serviços devocional - bhakti). É a eficácia de toda religião que se executa alegremente e está completamente livre da natureza mundana.

3. Ó conquistador do inimigo, aqueles que não possuem fé neste tesouro oculto de sublime amor puro por Mim, são incapazes de atingir-Me, portanto, permanecem divagando neste plano mundano e mortal.

4. Em forma imanifesta, Eu permeio todo este universo, e tudo concebível situa-se dentro de Mim muito embora Eu não Me situe dentro desta entidade total.

5. E novamente este, também, não está situada em Mim. Simplesmente contemple minha natureza inconcebível, simultaneamente una e diferenciada, (acintya-bhedabheda *) como sendo o perfeito, onipotente e onisciente Senhor e origem do Universo. Embora Meu próprio Ser seja sustentáculo e guardião de todos os seres, eles não Me vem. Com eles não Me relaciono.

6. O ar embora tenha por natureza, grande amplitude e expansão situa-se, sempre, na jurisdição do espaço; entretanto, ainda assim, o ar e o espaço permanecem diferentes um do outro. Da mesma forma, saiba que todos os seres situam-se dentro de Mim.

* (veja color plate n.º 8) (SIC) Livro página 156.
7. Ó filho de Kunti, no cataclisma universal, a multidão de seres submerge em Minha natureza ilusória, conhecida como maya. E, no início de um novo milênio, Eu mais uma vez, crio todas as várias espécies.

8. Pela ação de Minha potência  de natureza material ilusória - Eu crio, uma e outra vez, todas as formas de vida, conforme sua natureza, determinada pelos resultados de suas ações fruitivas e aspirações de eras passadas.

9. Com total despego e situado indiferente a este plano explorador do gerar, manter e decompor, Eu, Ó conquistador de riquezas, não Me envolvo com toda esta operação universal de criação, manutenção e aniquilação.

10. Ó kauteya, é a Minha potência ilusória que, sob a Minha direção, fez nascer este universo de entidades móveis e imóveis. É por esta razão - já que apenas  objetos criados sujeitam-se à destruição - que o universo é criado repetidas vezes.

11. Incapazes de compreender Minha superexcelenrte forma divina de características humanas, os ignorantes blasfemam contra Mim – O Senhor Supremo de todos os seres – consideram-Me um mero ser humano.

12. Esses tolos estão cheios de vãs esperanças e sonhos em seus esquemas fúteis de caça aos frutos e de estéril busca do conhecimento. Desprovido de qualquer bom senso, adquirem a natureza ignorante e apaixonada dos demônios ateus, que é a fonte mesma da escuridão da ilusão.

13. Porém Ó Partha, as grandes almas refugiam-se na natureza divina. Com os corações puros, prestam serviço amoroso exclusivo a Mim – Krsna, de características humanas – conhecendo-Me, nesta forma eterna, como a causa primordial de todos os seres.

14. Desconsiderando a pureza ou impureza do tempo, lugar e circunstâncias, essas grandes almas estão sempre absortas em cantar ou narrar as glórias de Meu Santo nome, forma qualidades, passatempos e parafernália. Eles estão atentos à definição irrevogável e conclusiva de Minha natureza, personalidade e expansões, e mui estritos, seguem as regras e regulações para aceitar o Santo nome e observar os dias santos, tais como Ekadasi. Seguindo todas as práticas da devoção começando por reverenciar-Me - os devotos, desejando ansiosamente pelo seu eterno relacionamento comigo no futuro, adoram-Me no caminho da ocupação em meu serviço devocional transcendental.

15. E, entre os que são consciente de sua própria unidade coMigo; outros são conscientes da unidade dos vários semideuses coMigo, e outros ainda, são consciente da unidade de Minha variada opulência universal coMigo. De muitas formas eles adoram apenas a Mim.

16. Eu sou o sacrifício Védico Jyotistoma e os cinco sacrifícios aos semideuses Visva-deva e outros, como impostos pelas escrituras Smrti. Eu sou a oferenda aos ancestrais, a oferenda auspiciosa da colheita outonal, e o mantra. Eu sou os ingredientes de sacrifício, tal como o gui; Eu sou o fogo sagrado, e apenas Eu sou o ato de oferecer o sacrifício.

17. Eu sou o pai deste universo, a mãe, o outorgador dos frutos de todas as ações, o antepassado e o objetivo de todo o conhecimento. Com certeza Eu sou o agente purificador OM e os Vedas: Rig, Sama e Yajur.

18. E, com certeza Eu sou a meta de todos, o mantenedor, o controlador, a testemunha o refúgio, o guardião e o bem-querente incondicional. Eu sou a criação, a dissolução e a semente. Como a eterna Pessoa Suprema sou o reservatório e a semente.

19. Ó Arjuna, como o sol, Eu concedo calor durante o verão, e na estação chuvosa Eu, ora envio, ora recolho as chuvas. Sem dúvida, Eu sou a liberação, a morte e tudo que é denso ou sutil.

20. As pessoas que executam os sacrifícios ritualistas genitivos indicado em três dos Vedas adoram o Senhor Indra e outros semideuses. De fato, estão adorando apenas a Mim, porém, de forma indireta. Elas experimentam as sobras de sacrifícios da bebida Soma, purificam-se do pecado  e oram pela obtenção dos planos celestiais. Como resultado de sua piedade alcançam o paraíso e desfrutam de prazeres celestiais.

21. Após desfrutarem das grandes delícias celestiais e tendo esgotado seus méritos piedosos, nascem neste mundo mortal. Dessa forma, pessoas luxuriosas, que seguem as regras Védicas de adoração aos semideuses, vão e vêm – nascem e morrem, repetidamente, neste mundo material.

22. Assumo, pessoalmente, a inteira responsabilidade de provar e proteger as necessidades dos devotos que, em seu coração dependem de Mim e que Me adoram com exclusividade em todos os aspectos.

23. Ó Kaunteya, as pessoas que desenvolveram fé nos semideuses e que os adoram com devoção, é certo que também Me adoram, porém de maneira inadequada.

24. Porque apenas Eu sou o desfrutador e recompensador de todos os sacrifícios. Porém, desde que não podem conhecer-Me dessa forma, tais pessoas mais uma vez, tem que passar pelo nascimento, doença velhice e morte.

25. Os adoradores de semideuses alcançam determinado semideus; os adoradores dos ancestrais vão para a dimensão de seus ancestrais, e os adoradores da seção fantasmagórica, transferem-se para a dimensão fantasmagórica. Entretanto, aqueles que Me adoram, sem dúvidas, vêm a Mim.

26. Com profundo amor e pleno de graça Eu aceito e compartilho por inteiro da oferenda que Meu devoto afetuoso e de coração puro Me oferece com devoção, seja uma folha, uma flor, um fruto ou água.

27. Ó Kauntaya, as atividades comuns prescritas nas escrituras, o que você comer, ou oferecer em sacrifício, ou der em caridade, e qualquer voto que você mantenha – faça como uma oferenda a Mim.

28. Dessa forma, executando os deveres gerais, ou escriturais, você será liberado do cativeiro dos resultados auspiciosos e inauspiciosos da ação. E, por permanecer inteiramente indiferente aos frutos de qualquer ação, obterá distinção, mesmo entre as almas liberadas e prosseguirá direto até Mim.

29. Sou equânime para com todas as almas, portanto, ninguém é meu inimigo ou Meu amigo. Ainda assim, para aqueles que prestam serviço devocional a Mim com amor, por eles estarem ligados por laços de afeição por Mim, Eu de modo similar, a eles ligo-Me pelos liames da afeição.

30. Ao abandonar todos os objetos não - devocionais de exploração e renuncia e ocupar-se em Meu exclusivo e ininterrupto serviço devocional, até mesmo uma pessoa de práticas abomináveis, torna-se venerável como um verdadeiro santo por ter abraçado o revolucionário plano da vida.

31. Mesmo sendo muito degradada, tal pessoa logo decora-se com práticas virtuosas e obtém a eterna tranqüilidade. Ó filho de Kunti, declare e proclame: Meu devoto nunca perece.
Ou:
31. Ó Arjuna, prometa ao público que Meu servo devotado e exclusivo nunca cairá em ruína. Aquele que declarar isto, rapidamente, torna-se virtuoso, e na verdade atinge a eterna graça divina.

(COMENTÁRIO)
A segunda interpretação deste verso foi revelada a Srila Bhaktivinoda num sonho.
No Srimad Bhagavantam (1111.32) o Senhor Krsna diz:
“O melhor dentre os homens honestos são os que deixaram para trás os deveres que Eu próprio recomendei para o povo em geral nas escrituras. Embora seja Meu direcionamento, eles sobrepõem-se a isso, e prestam serviço amoroso a Mim. Eles são os verdadeiros homens honestos”.
Em sociedade devem-se obedecer as leis, mas também existe situações que se sobrepõem a elas para que se mostre fidelidade ao rei. Se alguém arrisca sua vida e reputação e sobrepassa a lei comum, entretanto na câmara real para combater um assassino, após tal pessoa será considerada o melhor e o mais leal servo. De modo similar, o Senhor afirma, “já dei algumas instruções para o público em geral. Faça isso não faça aquilo, não transgrida essas leis, etc. Todavia, se alguém a Meu favor assume o risco de cometer um pecado, então ele deve ser considerado o melhor entre todos os meus devotos. Assim Arjuna, vá e declare isso, garanta ao público que o Ananya-bhak (9.30), as pessoas de devoção exclusiva, nunca encontrarão a ruína. Desse modo você obterá o benefício. Você se tornará dharmatma, religioso, obtendo felicidade divina eterna. O Ananya bhak, os devotos exclusivos, já ultrapassaram o limiar do dharma, o padrão dos deveres, assumindo o risco de jogarem-se por completo em Meu serviço. Sarva dharman parityajya mam e kam saranam vraja (18.66). Está afastada a questão de eles, outra vez, tornarem-se virtuosos ou religiosos. Há muito eles suplantaram dharma, assumindo o risco ao entrar em prema-dharma, Meu serviço amoroso, que tanto o piedoso quanto o pecaminoso foram rejeitado.

32. Ó filho de Prtha, tanto as pessoas de nascimento inferior, de linhagem degradada, quanto as mulheres, os comerciantes, ou os trabalhadores obtém o destino supremo ao se refugiar por inteiro em Mim.

33. Então, quem poderá duvidar que os puros devotos brahmanas e ksatriyas atingirão a meta Suprema? Portanto, ocupe-se em Meu serviço devocional, já que você obteve este corpo humano, temporário e miserável, após vagar por muitos nascimentos.

34. Dê-me sue coração: dedique-se a Mim, em Meu serviço devocional, absorvendo-se em Minha adoração. Ofereça reverências prostradas apenas a Mim. Dessa maneira, com a mente e o corpo dedicados a meu serviço, refugiando-se em Mim, você certamente Me alcançará.









CAPÍTULO 10: VIBHUTI-YOGA
O GRANDE TESOURO

O Senhor Supremo disse:
Ó Arjuna, armado poderosamente, ouça mais uma vez, Minha divina exposição. Apenas por desejar-lhes o benefício máximo, sendo você muito querido para Mim, é que eu lhe falarei.

2. Nem os semideuses, nem os grandes sábios podem entender Meu nascimento divino, superexcelente e especial neste mundo, porque Eu sou a completa origem primordial de todos os seres celestiais e dos grandes sábios.

3. Aquele que conhece a Mim, o filho de Devaki, como o não-nascido, a origem de tudo, e o Senhor Supremo de todos os seres não está iluido entre os homens e livrou-se de todos os pecados.


4.5. Inteligência, conhecimento, tranqüilidade, tolerância, verdade, controle dos sentidos externos, controles dos sentidos internos, felicidade, infelicidade, nascimento, morte, medo, coragem, não-violência, equanimidade, satisfação, austeridade, caridade, fama e infâmia – todos estes vários atributos da entidade viva deriva-se apenas de Mim.

6. os sete grandes sábios encabeçados por Marici, e antecedendo-os, os quatros sábios brahmínicos encabeçados por Sanaka, e também os catorze Manus ou progenitores encabeçados por Svayambhuva – todos são dotados de poder por Mim e nasceram de minha expansão mental, O Senhor Brahma, conhecido como Hiranyagarbha. Toda a população do universo – seja de Brahmana, Ksatrya, Vaisya ou Sudra – descende destes patriarcas.

7. Aquele que de fato conhece Minha todo-poderosa supremacia e serviço devocional, ocupa-se em Meu serviço, devido à sua resoluta concepção absoluta. Disso não há dúvida alguma.

8. Eu sou Krsna, o Doce Absoluto. Eu sou a causa do aspecto onipenetrante e, também, seu aspecto pessoal Sou o mestre de todas as potências, que comanda respeito a todos: O Senhor Narayana de Vaikuntha. O universo com seu fluxo mundano e divino, todo o esforço e movimento, os Vedas e as escrituras coligadas que oferecem a adoração de todos – tudo é iniciado tão somente por Mim. Realizando este tesouro oculto as almas virtuosas, abençoadas por um refinado intelecto teísta, ultrapassam os critérios de dever e não-dever, adotam o sublime caminho do amor divino - raga-marga - a adoram-Me para sempre.

(COMENTÁRIO)

9. Esses devotos rendidos aceitam-Me como sua vida e alma, e aversam sobre Minhas ambrosíacas narrativas, reciprocando os êxtases da devoção a Mim. Eles constantemente saboreiam o néctar da realização da sua divina associação coMigo, conforme suas respectivas naturezas internas, seja de servo, de amigo, de parente ou de cônjuges.
(COMENTÁRIO)

10. Aqueles devotos que, sem cessar, se dedica a Mim, e que por amor a Mim se ocupam em Meu serviço, Eu concedo a inteira inspiração divina pela qual podem se aproximar de Mim rendendo vários serviços íntimos.
(COMENTÁRIO)

11. Por compaixão, Eu, situado no coração de toda entidade viva, elimino a escuridão da ignorância com a disseminação do conhecimento.
Ou:
11. 12. Sendo conquistado pelo amor desses devotos que, na mais elevada posição de amor devocional não-calculativa (jnanasunya-prema-bhakti), são afligidos pela todo devastadora escuridão nascidas das dores da saudade de Mim, Seu Senhor – Eu, garantindo a eles a iluminação interna de Me encontrarem, pessoalmente, destruo a escuridão da agonia de sua saudade.
(COMENTÁRIO):

13. Arjuna disse:
Ó Senhor, você é a Verdade Absoluta Suprema, o Supremo abrigo e o Supremo salvador. Todos os eminentes sábios, tais como Devarsi Narada, Asita, Devala e Vyasa, descreveram-No como o auto iluminado, a eterna Suprema personalidade auot-manifesta, a fundação da todo-poderosa majestade e a origem de cuja brincadeira divina tudo emana – e agora você mesmo, pessoalmente, declara que isso é verdade.

14. Ó kesava, Eu aceito como um fato pleno tudo que você Me disse, começando com sua afirmativa, “na me viduh” – “Eles não Me conhecem”. Ó Senhor, está agora confirmado que ninguém entre os semideuses ou entre os demônios conhece com plenitude Sua identidade.

15. Ó Suprema Personalidade, pai universal, Ó Senhor de todos os seres, Senhor de todos os Deuses, Senhor do universo. Apenas você pode conhecer a si mesmo, por sua própria Divina potência de conhecimento.

16. Por favor, seja bondoso e descreva-me, todas as opulências pessoais sobrenaturais com as quais você impregna todos estes mundos.

17. Ó Todo-Poderoso Senhor da criação, por favor, diga-me como posso meditar sempre em você e em todos os aspectos? Quais são os elementos, qualidades, situações e formas pelas quais posso contempla-lo em devoção?

18. Ó Janardana, por favor, mais uma vez descreva Suas Majestosas opulências e o processo de devoção a Você; mas desta vez de forma elaborada, já que me sacio de ouvir Suas ambrosíacas palavras e instruções.

19. O Senhor Supremo disse:
Ó Arjuna, melhor dos Kurus, desde que Minhas esplendorosas glórias são ilimitadas, descrever-lhe-ei apenas as Minhas opulências principais manifestas, transcendentais e todo-poderosas que surgem de Minha potência consciente divina.

20. Ó Gudakesa, Eu sou a superalma situada como o controlador dentro dos corações de todas as almas, e Eu sou a causa única do nascimento, sustentação e aniquilação de todos os seres.

21. Dos doze Adityas, Eu sou Visnu, dos luminares Eu sou o grande raiante Sol; dos Vayus, Eu sou Marici e das estrelas Eu sou a lua.

22. Dente os Vedas, Eu sou Sama-Veda; dos semideuses Eu sou o Senhor Indra; dos sentidos Eu sou a Mente e Eu sou o conhecimento em todos os seres.

23. Dos onze Rudras, Eu sou Sankara e das raças Yakas e Raksasa Eu sou Kubera. Dos oitos Vasus Eu sou Agni e das montanhas Eu sou o Sumeru.

24. Ó Partha, você deveria conhecer-Me como: Brhaspati; o chefe dos sacerdotes; entre os generais Eu sou Kartikaya e dos reservatório Eu sou o oceano.

25. Dos sábios Eu sou Bhrgu; das vibrações sonoras OM; de todos os sacrifícios, a repetição dos santos nomes, e entre as coisas imóveis Eu sou os Himalaias.

26. Eu sou a Ásvatha entre as árvores e Narada entre os sábios divinos; Citraratha entre os cantores celestiais e Kapila Mini entre seres perfeitos.

27. Entre os cavalos, conheça-Me como Uccaihsrava, que nasceu na época em que se bateu o oceano de néctar; conheça-Me como Airavata entre os elefantes e o Rei entre os homens.

28. Das armas Eu sou o Raio das vacas Eu sou a celestial vaca dos desejos. Dos cupidos Eu sou aquele que garante progênie e entre as cobras venenosas de uma só cabeça Eu sou Vasuki, o Rei de todas as cobras.

29. Entre as serpentes não venenosas de várias cabeças, Eu sou a Ananta-Naga, e entre os aquáticos Eu sou Varunadeva. Entre os ancestrais deificados Eu sou Aryamã, e entre os executores da Lei, Eu sou yamaraja, o Senhor do castigo.

30. Entre os Daityas ( descendentes de Diti), Eu sou Prahlada Maharaja, e entre os subjugadores, Eu sou o tempo. Entre todos os animais Eu sou o leão e entre os pássaros Eu sou o Garuda.

31. Entre os purificadores ou dentre os velozes Eu sou o vento; entre os heróis em armas Eu sou o Senhor Parasurama; entre os peixes Eu sou o tubarão e entre os rios Eu sou o Ganges.

32. Ó Arjuna, entre os objetos da criação, começando com o céu, Eu, somente, Sou a criação, dissolução e sustentação. Entre todas as sabedorias, Eu sou o conhecimento da alma e entre o debate e a crítica dos lógicos e filósofos, Eu sou a conclusão demonstrada.

33. Entre as primeiras letras do alfabeto Eu sou a letra “a” e entre as palavras compostas Eu sou a dual. Eu, somente , sou o fluxo interminável do tempo e entre os criadores, Eu sou o Senhor Brahma de quatro-cabeças.

34. Entre os saqueadores Eu sou a morte que conquista toda lembrança e, entre as seis transformações predestinadas das entidades vivas Eu sou o nascimento, a principal. Entre as mulheres Eu sou as sete qualidades de uma boa esposa - graça, beleza, fala perfeita, memória, inteligência, paciência e perdão.
35. Entre todos os mantras do Sama-Veda, Eu sou o Brhatsama mantra, que é proferido em oração ao Senhor Indra e Entre os mantras em perfeita métrica ,Eu sou o sagrado Gayatri mantra. Entre os meses, Eu sou o principal, Agrahayana e entre as estações Eu sou a primavera.

36. Eu sou o jogo de dado entre os trapaceiros e a influência no influente. Eu sou a vitória para o vitorioso, a perseverança para o empreendedor e a força dos poderosos.

37. Entre os Yadavas, Eu sou Vasudeva, entre os Pandavas, Eu sou Arjuna, entre os sábios Eu sou Vyasadeva e entre os acadêmicos, conhecedores das escrituras, Eu sou Sukracarya.

38. Eu sou a punição aplicada pelo punidor, e a diplomacia política entre os que buscam vitória. Eu sou o Silêncio de todos os segredos e a sabedoria dos sábio.

39. Ó Arjuna, o que quer que se considere como a origem de todos os seres - certamente sou Eu. Nenhum ser móvel ou fixo, objeto ou alma, pode existir em separado de Mim.

40. Ó conquistador do inimigo, não há limite para as Minhas super-exelências opulências. Apenas para sua compreensão descreverei algumas delas.

41. Saiba, com certeza, que qualquer coisa sublime, bela e magnífica nasceu de uma mera fração de Minha potência.

42. Todavia, Arjuna, qual a necessidade de você compreender este conhecimento elaborado de Minha onipotente grandeza? Através de Minha expansão fracionada como a Superalma da natureza material, Maha-Visnu (Karanarnavasayi Visnu), sustento este universo inteiro de entidades móveis e fixas.






CAPÍTULO ONZE-  VISVA-RUPA-DARSANA-YOGA
A VISÃO DA FORMA UNIVERSAL


1. Arjuna disse:
É apenas por sua misericórdia que Seu tesouro oculto me foi revelado. Minha ignorância quanto a sua natureza Suprema foi, dissipada por completo.

2. Ó belo Senhor de olhos de lótus, agora, escutei Sua elaborada e conclusiva descrição da verdade, relativa à criação e dissolução das entidades viventes, e, também, ouvi a respeito de Suas eternas e inexauríveis glórias.

3. Ó Senhor, como me foi descrita Sua supremacia absoluta corresponde, com certeza, ao que ela é. Entretanto, Ó Purusottana, eu desejo, de fato, ver essa Sua todo - poderosa forma.

4. Ó senhor de todos os poderes místicos, eu imploro que por favor exiba Sua forma onipotente e imperecível, se você entender que eu possa ser capaz de contemplá-la.

5. O Senhor Supremo disse:
Ó Partha, você perceberá Minhas centenas de milhões de expansões divinas, multi-coloridas e multiformes.

6. Ó Bharata, você verá todas a formas de Aditya, Vasu, Rudra, os gêmeos Asvini-Kumara, as quarenta e nove formas de Vasu, e muitas outras. Você verá, também, todas as incontáveis e maravilhosas formas até hoje inobservadas.

7. Ó vigilante Arjuna, o universo inteiro com seus seres móveis e estacionados, sua perspectiva futura de vitória ou derrota, ou qualquer coisa que você deseje ver – você observará, simultaneamente, nesta Minha forma singular.

8. Você não poderá ver-Me com seus presentes olhos. Portanto dou-lhe visão supernatural através da qual se observa Meu onipotente e supremo poder absoluto.
9. Sanjaya disse:
Ó Rei Dhrtarastra, assim falando a Arjuna o onipotente Senhor Hari exibiu sua forma de Senhorio Supremo Universal.

10.11. O Senhor Supremo exibiu Sua forma universal de faces e olhos ilimitados miraculosas revelações e intermináveis ornamentos refulgentes adornavam seu corpo e Ele estava armado com diversas armas reluzentes. Soberbante vestido com finas vestes enguirlandado com resplendor e untado com substâncias de aromas celestiais, Sua estarrecedora refulgência fazia-se presente por toda parte.

12. A radiação de um milhão de Sóis nascentes mal poderia assemelhar-se à refulgência daquela forma universal do Senhor Supremo.

13. Naquele momento, ali mo campo de batalha, Arjuna pode ver o universal inteiro num único lugar e ao mesmo tempo divido em muitas facetas, todos dentro da forma do Senhor Sri Krsna, O Supremo Deus dos deuses.

14. Vendo tal foram espantosa o atônito Arjuna, com seu corpo todo tremendo em êxtase, curvou sua cabeça em reverências ao Senhor Sri Krsna, o Supremo Deus dos deuses. Com suas em prece Arjuna começou a falar.

15. Arjuna disse:
Ó Senhor, de uma forma magnífica, em Seu corpo posso ver os semideuses, todas as espécies de vida, sábios e serpentes transcendentais, bem como Mahadeva e o Senhor Brahma sentado na flor de lótus.

16. Ó Senhor do Universo! Ó forma universal! Em todas as direções vejo Seu corpo ilimitado de muitos braços, barrigas, olhos e faces – entretanto, não posso vislumbrar Seu começo, meio ou fim.

17. Resplendendo com coroas, maças de combate e armas em forma de disco – por toda parte! - vejo Sua imagem todo - iluminado e refulgente, irradiando como o sol e o fogo flamejante e, portanto, mui difícil de contemplar e além de toda imaginação.

18. Você é a personificação da Verdade Absoluta Suprema cognoscível por meio dos Vedas; Você é o reservatório exclusivo deste universo, e o preservador imperecível da eterna religião mencionada nos Vedas. Você é, por certo, a eterna Personalidade Suprema, e essa é a minha firme convicção.

19. Sem começo, meio ou fim, ilimitadamente poderoso; possuidor de inúmeras armas. Com olhos como o sol e a lua e a compleição como a do fogo incandescente – Eu vejo você cauterizando o universo com Sua intensa irradiação.

20. É apenas Você quem preenche todas as direções e todos os espaços entre o céu e a terra. Ó forma universal, vendo esta Sua forma estarrecedora e aterradora, todos os residentes dos três mundos estão muito amedrontados.

21. Todos esses semideuses estão entrando dentro de Você, alguns com temor oferecendo-lhe orações com as mãos em prece. Os grandes sábios e seres perfeitos estão lhe oferecendo orações seletas, cheias de adoração, dizendo: “que toda auspiciosidade recaia sobre o universo”.

22. Os semideuses conhecidos como Rudra, Aditya, Sadhya, Visvadeva, os gêmeos Asvini-Kumara, as deidades dos ancestrais, as raças Gandharva, Yaksa, Asura, Sdha – contemplam Você, na verdade todas maravilhas.

23. Ó Todo-Poderoso vendo Sua colossal forma de muitas faces, olhos, braços, pernas, pés e barrigas, aterradora com seus muitos dentes – todas as entidades, inclusive eu , ficamos muito aterrorizados.

24. Ó forma universal! Vendo esta forma brilhante, que se estende pelo céu com miríades de cores, de boca escancarada e olhos gigantes e brilhantes, meu coração é sobrepujado pelo medo e não posso, de forma alguma, manter a compostura e a calma.

25. Apenas vendo Suas faces, que lembram o fogo da aniquilação universal, horrível com todos os seus terríveis dentes, não posso mais distinguir uma direção de outra, nem consigo encontrar a paz mental. Ó Senhor Supremo de todos os deuses, ó abrigo do universo, por favor, seja misericordioso comigo.

26.27. Os filhos de Dhrtarastra, junto com seus reis, Bhisma, Drona e Karna - junto com nossos chefes militares todos estão correndo apressados para atirar-se em Suas horríveis bocas, com seus dentes pavorosos. E alguns são vistos com as cabeças esmagadas, aprisionados entre seus dentes.

28. Como os muitos rios que fluem em direção ao oceano, e por fim nele penetram, do mesmo modo, esses heróis do mundo estão entrando em suas bocas flamejantes.

29. Tal como insetos, sem resistir, atiram-se para a morte nas chamas do fogo, assim todas essas pessoas estão enlouquecidas correndo para a morte certa, ao entrar em suas bocas.

30. Ó grande personalidade, decidido a tragar todas essas vítimas, Você está, com voracidade, engolindo a tudo com Suas flamejantes bocas. O universo inteiro está sendo iluminado pela Sua onipenetrante e brilhante refulgência pessoal.

31. Ó destemido, por favor, diga-me quem é Você. Ó Senhor dos Senhores, eu lhe ofereço minhas reverências; por favor, seja misericordioso para comigo. Eu desejo conhecer mais a Seu respeito, a Personalidade Original, uma vez que é difícil para mim compreender a subjacente intenção de Suas ações.

32. O Senhor Supremo disse;
Eu sou o tempo, a poderosa força que a todos conquista, e é minha missão devorar a todos que residem nesse mundo. De todos os combatentes do grupo inimigo – mesmo se não forem mortos por você – nenhum será poupado.

33. Portanto posicione-se para a batalha, torne-se glorioso, vença a todos os inimigos e desfrute de um florescente reinado. Na verdade todos esses guerreiros foram, a muito tempo, mortos por mim. Ó Savyasacin, você apenas receba toda a fama.

34. Destrua de novo Dronacarya, Bhisma, Jayadratha, Karma e os muitos guerreiros, pois todos já foram mortos por Mim. Não hesite – lute! Sem dúvida alguma você será capaz de conquistar o inimigo.

35. Sajaya disse:
Após ouvir todas essas coisas ditas pelo Senhor Kesava, Arjuna, com seu corpo tremendo, ofereceu a Ele suas reverências com as mãos postas. Com o coração temeroso, mais uma vez prostrando-se ao Senhor, começou a falar com palavras hesitantes.

36. Arjuna disse:
Ó Hrsikesa, o universo inteiro sente grande êxtase cantando Suas glórias, e todos alcançam amor por Você. Sentindo medo, os demônios fugiram em todas as direções, porém os seres perfeitos, oferecem-lhe respeitosas reverências. Por certo, essa é a ordem perfeita das coisas.

37. Ó poderosa personalidade, ó ilimitado, Ó Deus dos deuses, Ó residência do universo! Por que não deveriam todos oferecer reverências a Você, que é o pai adorável do próprio Senhor Brahma? Você é também, superior ao seu aspecto impessoal, que é a causa ( geral) e efeito de tudo ( no plan0o mundano).

38. Você é eterna origem de todos os semi deuses e o único refúgio deste universo. Tão somente VocÊ é o conhecedor e o conhecido e a corporificação da transcendência . Ó ilimitado, Você é imanente ao universo inteiro.

39. Você é os semideuses superintendentes do ar, da morte, do fogo, do oceano, e da lua. Você é Brahma, que é o avô de todos os seres, e você é, também, o seu pai; reverências a Você, milhares e milhares de vezes, novamente, uma e outra vez.

40. Ó corporificação de tudo, minhas reverências a VocÊ, de frente, de trás e por todos os lados. Ó infindável todo poderoso! Você é tudo, pois, por sua potência ilimitada Você está penetrando o universo inteiro.

41.42. Devido a ilusão e o afeto dirigi-me a Você sem refletir como “Krsna”; Yadana, ou Amigo, desconhecendo Suas glorias e esta sua poderosa forma universal. Ó infalível, Eu, também, desrespeitei-o com gracejos, enquanto nos desportes, descansando, sentando, comendo, e assim por diante tanto a sós, como na frente de outros companheiros. Portanto, Eu lhe imploro, uma vez que Você é inconcebivelmente poderoso, que por bondade, perdoe-me por todas essas ofensas.
43. Ó todo - poderoso sem igual, Você é o pai do universo inteiro de seres móveis e estáticos, o objetivo de adoração, o preceptor – e Você é superior a tudo isso, também. Portanto, dentro destes três mundos, ninguém poderá igualar-se a Você e nem falar de seu superior .

44. Ó Senhor, como uma vara caída ao chão eu prosto meu corpo ante Você, rogando por sua misericórdia, haja vista que Você é meu mestre adorável. Como um pai, amigo ou amante perdoe as ofensas de seu filho, companheiro ou amado. Favoreça-me sendo misericordioso e, da mesma forma, perdoe minhas ofensas a Você.

45. Ó Senhor, ainda que fui satisfeito ao poder contemplar a Sua forma universal, que nunca vira antes, minha mente está perturbada pelo medo. Portanto , Ó deus dos deuses, por favor, revele Sua anterior forma de quatro braços. Ó Jagannivasa! Possa Você conceder-me Sua graça.

46. Desejo Vê-lo coma antes, com uma coroa em Sua cabeça, Suas mãos segurando um clave e um disco. Ó Senhor de um milhão de braços; Ó forma universal, possa Você, por Sua graça, aparecer nessa forma de quatro braços.

47. O Senhor Supremo disse: Ó Arjuna, estando satisfeito consigo, Eu hoje revelei esta forma refulgente, onipenetrante, ilimitada, e primoedial, pela Minha potência divina. Esta importante forma universal nunca foi vista por ninguém mais no passado.

48. Ó Arjuna, melhor dos Kauravas, ninguém neste mundo a não ser você, pode ver esta Minha forma universal, a qual não pode ser percebida seja pela execução de sacrifícios védicos, caridade ou estudos rituais e nem pelas severas austeridades.

49. Não deixe que permaneçam nem o medo ou espanto, que surgiram da visão de Minha horrível forma universal. Com o coração apaziguado e satisfeito veja, mais uma vez, em sua perfeição minha forma de quatro braços.

50. Sanjaya disse: Havendo, então, falado a Arjuna, Krsna, exibiu Sua forma (característica de quatro - braços, para satisfazer as orações de Arjuna) . Daí em diante, o Senhor, mais uma vez, revelou Sua doce personalidade – o mais misericordioso Senhor, Sri Krsna (de charmosas feições humanas, portanto um tecido amarelo e reconhecível pela Suas feições de beleza divina reconfortando, assim, o amedrontado Arjuna.

51.  O Senhor Supremo disse: Ó Janardana, meu coração está satisfeito após ver Sua forma de feições humanas. Meu medo acabou e retornou minha paz interior.

52. O Senhor Supremo disse: Ó Arjuna a oportunidade de ver-me como você Me vê agora, na sua frente é muito, mais raramente obtida. Mesmos os deuses, aspiram um vislumbre desta forma humana feita de verdade, consciência e beleza.

53. Nem pelos estudos dos Vedas, nem pela austeridade, caridade ou sacrifício, poderá alguém contemplar Minha eterna forma humana - da Suprema Verdade Absoluta (Parabrahman) - que você diante de si vê agora.

54. Ó Arjuna, conquistador do inimigo, mesmo que seja na prática impossível Ver-me nesta Minha forma, por todos os outros métodos, os devotos puros, pela sua devoção exclusiva à Mim, são capazes de, verdadeiramente, conhecer-Me e ingressar em Meus passatempos divinos.

55. Ó Arjuna, aquele que executa seus deveres apenas para Meu serviço, que Me aceita como o supremo refúgio e ocupa-se na prática devocional, permanece desapegado do plano mundano e livre de inimizades em relação a todas as entidades – tal pessoa, por certo alcançar-me à.





CAPÍTULO DOZE       O CAMINHO DA DEVOÇÃO




1. Arjuna perguntou: Agora Você descreveu os devotos que se ocupam em Seu serviço devocional exclusivo e que o adoram (como Syamasundara, Sua forma humana original). Você fez menção além disso, a outros que se concentram no aspecto impessoal do Absoluto. Por favor, diga-me, qual dos dois é superior?

2. O Senhor Supremo disse: Aqueles que, com fé pura absorvem suas plenas consciências em pensar nesta Minha divina forma Syamasundara e me adoram, constantemente, no caminho da devoção exclusiva, são, com nitidez os mais elevados conhecedores da divina (yoga) . Esta é, de fato a Minha opinião.

3.4. Entretanto, aqueles que controlam por inteiro seus sentidos adotam a visão de igualdade em relação a tudo, ocupam-se em atos para o bem - estar de todos os seres e ocupam-se na adoração do aspécto indefinível, sem - forma, sem atributos, nunca - crescente, nunca - decrescente, todo - penetrante e eternamente impessoal do Absoluto – eles, também, podem aproximar-se de Mim. Isto é, alcançam Minha brilhante refulgência pessoal, Brahman.
( COMENTÁRIO)
5. As pessoas cujas mentes estão apegadas ao Brahman impessoal sofrem excessivas atribulações, tendo em vista que, para as almas corporificadas, os meios e o fim do impersonalismo são atingidos de uma forma sofrida.

6.7. Porém, aqueles que oferecem cada uma de suas ações a Mim, que se refugiam tão só em Mim, que sempre pensam em Mim com pura devoção, sem adulteração pela exploração ou renúncia, e que, então adoram e Me reverenciam e – Ó Partha, Eu, rapidamente liberto essas almas do mortal oceano do sofrimento material.

8. Portanto, fixe sua mente com exclusividade em Mim - Syamasundara - e lembre-se de Mim, constantemente. Quando sua inteligência assim repousar em Mim, você, por certo, residirá comigo após a morte. Disso não se duvide.

9. Ó Dhananjaya, e, se você puder fixar sua mente em Mim com fé firme, então tente alcançar-Me pela prática contínua de Minha lembrança.

10. Se voc6e falhar, igualmente, nessa prática, então, ocupe-se com devoção em atividades relacionadas a Mim. Você, com certeza, alcançará a perfeição mesmo quando ocupado na ação, enquanto porém conduzidas para Minha satisfação e com base no ouvir e no cantar devocional de Minhas glórias.

11. E se isso sequer você conseguir, então execute todas as suas ações como uma oferenda a Mim. Com a mente controlada, refugiando-se nesse julgamento, abandone toda consideração sobre os frutos de suas ações.


12. A divina vivência em relação a Minha Pessoa é melhor do que as tentativas de auto - afirmação, e melhor ainda é a absorção plena do coração no puro meditar devocional em Mim. Na meditação desfaz-se o desejo de felicidade celestial ou liberação e quando a pessoa, por final, livra-se dos desejos, manifesta-se a paz que surge da indiferença ao desfrute mundano.

13.14. O meu devoto que está livre da violência em relação a todos os seres viventes, que é amigável em relação a eles, que sente compaixào pelos necessitados, que está livre do indevido apego a filhos, mulher, e objetos a eles relacionados, livre do orgulho egoísta da identificação corporal, equilibrado tanto na felicidade quanto na infelicidade, tolerante, sempre satisfeito com o ganho próprio, ocupado em serviço devocional, capacitando com fortaleza inteiramente determinado na devoção exclusiva com a mente e inteligência dedicadas a Mim - com certeza, yal personalidade Me é bem amada.

15. Aquele que nunca perturbou outrem, que nunca se perturbou por quem quer que seja, e que se libertou da felicidade mundana, da ira, do medo e da agitação – certamente, é muito querido por Mim.

16. meu devoto que está livre de expectativas nas lides em geral, que é desapegado. Externa e internamente puro, perito, imperturbável e livre de todos os tipos de esforços de exploração, com certeza é muito querido por Mim.

17. Aquele que não se enleva por ganhos mundanos, nem se desgosta pelo contato com o indesejável; que não lamenta a perda de algum valor material, nem anseia pelo que é inatingível e que permanece desapegado tanto das ações piedosas quanto das pecaminosas – tal personalidade, devotada de verdade, está próxima de Mim e é muito querida por Mim.

18. 19. A pessoa que vê igual inimigos e amigos, honra e desonra; que mantém o equilíbrio na presença do frio e do calor, do prazer e da dor; que está completamente livre da obsessão; que considera o mesmo tanto o abuso  quanto o elogio; cuja fala está controlada; que está contente com o que ganha sem esforço; que está desapegado da vida familiar e do lar; cuja inteligência permanece fixa no divino e que é devota de verdade por certo me é bem amada.

20. E aqueles devotos que se refugiam em Mim com fé sublime, adorando este caminho ambrosíaco da devoção, são adorados por Mim como meu próprio Ser.






CAPÍTULO TREZE -    PRAKTI - PURUSA - VIVEKA - YOGA
PREDOMINADO E PREDOMINADOR




1. Arjuna disse:
Ó Kesava, gostaria de saber sobre os princípios do predominado, do predominador, sobre a esfera da ação e seu conhecedor, sobre o conhecimento e o cognoscível.

2. O Senhor Supremo disse:
Ó Arjuna, este corpo( grosseiro e sutil ou físico e mental) é conhecido como a esfera da ação, ou Ksetra. A entidade consciente ( a alma), que experimenta a existência deste corpo, é descrita pelos videntes da verdade como o conhecedor da esfera da ação, ou Ksetra - jna.

3. Ó Bh0arata, você deveria, também, saber-Me como o conhecedor de todas as esferas da ação ( como a Superalma situada dentro do coração de todos os seres vivos). Tal conhecimento, fundamental e essencial da esfera da ação e dos conhecedores dessa esfera ( conhecimento do mundano, da alma e da Superalma) considero como sendo de, fato, conhecimento.

4. ouça, agora, um resumo da substância e da natureza dessa esfera da ação e como esta é produzida! Ouça, também, sobre a potência e forma fundamentais do conhecedor da esfera da ação.

5. esse princípio fundamental da esfera da ação e seu conhecedor foi descrito de muitas e variadas maneiras pelos Rsis, pelos diferentes aforismos Védicos, bem como pelos aforismos da escritura vedanta-sutra, repleta de forte lógica e conclusões irrefutáveis.

6.7. os cinco principais elementos( terra, água, fogo, ar, e éter), o componente ego da personalidade, o elemento primordial da natureza material, os cinco sentidos de percepção ( visão, paladar, tato, olfato e audição), os cinco sentidos da ação( voz, mãos, pernas, anus e genital), o sentido interno (mente), os cinco objetos aceitáveis dos sentidos (forma, gosto, textura, odor e som), o desejo, o ódio, a felicidade, a infelicidade, o corpo, a faculdade de percepção da mente, a paciência e as seis transformações materiais de nascimento, sustento, crescimento, maturidade, declínio e destruição – em suma tudo isso é conhecido como Ksetra, a esfera da ação.

8.12. A humildade, a ausência de orgulho, a não - violência, a tolerância, a honestidade, o serviço ao guru, a pureza, a estabilidade, o auto - controle, o desapego dos prazeres sensuais, a ausência de egoísmo, uma visão objetiva dos defeitos miseráveis da vida material, isto é, o nascimento, a morte, a debilidade da velhice, doenças, etc., livre do amor excessivo pela esposa, os filhos, o lar etc., a não absorção na felicidade e infelicidade dos outros, o constante equilíbrio mental nos contatos com objetos desejáveis e indesejáveis, a devoção não - hesitante e pura a Mim, a preferência a solidão, a indiferença pela socialidade mundana, a percepção da eternidade do auto - conhecimento, e realização do objetivo do conhecimento divino – por certo, tudo isto já foi declarado como sendo verdadeiro conhecimento e tudo o mais é ignorância.

13. Agora, descreverei Jneya, o conhecível, que ao ser percebido se vivencia o sabor ambrosíaco da auto - satisfação interna. Esse princípio elementar é delineado como Brahman. Sem princípio e eterno. Subordinado a Mim, é indescritível em termos de causa e efeito mundanos.

14. Esse princípio superior preside todas as direções, e por toda parte penetra tudo no universo com Suas mãos, pernas, olhos, cabeças, faces e orelhas (como Paratma, a Superalma).

15. Apesar desse princípio supremo ser o iluminador de todos os sentidos e de seus objetos, Ele é desprovido de sentidos materiais; apesar de estar por inteiro a parte, Ele é o mantenedor de tudo( na forma do Senhor Visnu); e, apesar de transcendental aos três modos da natureza material, Ele é servido por esses modos da natureza.

16. presente dentro e fora de todos os seres, o princípio supremo é a totalidade das entidades móveis e imóveis. Imperceptível à ci6encia material devido ser sutil ao extremo, Ele é ao mesmo tempo mais íntimo e o mais distante.

17. Apesar de ser um elemento indivisível, situa-se como se dividido entre todos os seres vivos. Apesar de situar-se como uma personalidade individual junto a cada alma, Ele é o monitor interno de todos os seres – o Senhor Supremo singular, indivisível, onipresente e agregado. Ele ( na forma de Senhor Narayana) é conhecido como o mantenedor, aniquilador e criador de todos os seres.

18. Ele é conhecido como o iluminador de até mesmo das iluminarias. Ele é conhecido como o imanifesto, além mesmo da escuridão. Apenas Ele é o princípio fundamental do conhecimento e do conhecível, e Ele é conhecível pelas supramencionadas práticas, definidas como conhecimento. Ele permanece situado dentro do coração de todos como a Superalma, Paratma.

19. Portanto, descrevi em resumo os princípios da esfera da ação, o conhecimento, e o conhecível(Ksetra, Jnana e Jneya). (O conhecível foi delineado como Brahman, Paramatma e Bhagavan). Compreendendo, por inteiro, essas verdades, meus devotos alcançam bhavamaya - bhajana – eles me adoram de todo coração libertando-se do matiz de qualquer designação).

20. Você deve saber, por certo, que a natureza material e a alma não tem começo; e todas as conseqüências da ação dos modos materiais – baseados na felicidade, na infelicidade, na lamentação e na desilusão – nascem da natureza material.

21. delineou-se a natureza material como a causa, como a força dominante dos sentidos, como o efeito e como o corpo material; e aprópria alma condicionada é conhecida como sendo a responsável pelo seu acúmulo de felicidade e infelicidade.

22. Devido, apenas, ao seu encantamento pela natureza material (prakti), a pessoa (purusa) aumenta a variedade de felicidade e sofrimento desta natureza. O seu enamoramento pelas qualidades materiais é a única causa de seus repetidos nascimentos nos úteros de espécies de vida seja elevada, ou inferiores.

23. Dentro deste mesmo corpo (distinto da alma) está presente  pessoa Suprema ou Parama Purusa situada como a íntima testemunha da alma, o sancionador, o suporte, o guardião e o senhor. Ele é conhecido como a Superalma.

24. Aquele que compreende essas verdades que se referem aos modos da natureza material, à alma predominada, e à predominante Superalma, não renascerá outra vez, independente de sua situação material.

25.26. Algumas pessoas percebem diretamente a Superalma situada dentro de seus corações devido a suas vivências divinas perfeitas e puras. Algumas percebem-na ao discriminar entre o espírito e a matéria e algumas pelo yoga da meditação ou pelo caminho de yoga da ação desprendida. Existem, ainda, aqueles que não tendo conhecimento de nenhum desses métodos, após ouvirem instruções das autoridades se ocupam na adoração. Quando sua fé se aprofunda através desse ouvir, por certo, transcendem este mundo material de sofrimento mortal.

27. Ó Arjuna, melhor dos Bharatas, qualquer coisa existente no mundo, seja móvel ou imóvel, nasceu da combinação da esfera da ação e de seu conhecedor.

28. Aquele que vê o Senhor Supremo (na forma da Superalma) situado por igual, dentro de todas as espécies, desde o Senhor Brahma até as formas de vida imóveis e que vê a imperecível natureza do Senhor permanecendo dentro do perecível – tal pessoa pode ver, de fato.

29. Aquele que, assim, se apercebe do imparcial, amplo e todo - poderoso domínio, não se degrada com pervesidades – progride indo na direção do destino supremo.

30. Aquele que vê que todas as ações são executadas pela natureza material (na forma do corpo, dos sentidos e da parafernália associada), de fato não vê a si mesmo a pura alma espiritual como atuante. Ele percebe que a pura alma espiritual não possui natureza mundana, nem atua no que quer que seja.

31. quando uma pessoa verdadeiramente perceptiva pode compreender que as diferenciações das várias espécies de vida ocorrem apenas dentro da natureza material (ou distinção corpórea), e que tudo se expande, novamente, a partir da mesma natureza (no momento da criação universal), ela experimenta a vivência Brahman ao observar, por igual, todos os conhecedores da esfera da ação (dentro da relatividade da natureza).

32. Ó Arjuna, desde que a Superalma é, por natureza, sem começo, transcendental e eternamente perfeita apesar de estar situada no corpo (junto à alma) Ela não executa ação alguma, nem se implica pela natureza da esfera da ação (como ocorre com a alma condicionada).

33. como o éter está situado em toda parte (mesmo na lama) e ainda assim, devido a sua natureza sutil não se mistura a nada, a alma similarmente, apesar de penetrando todo o corpo, não se mistura com sua natureza.

34. Ó Bharata, assim como apenas um sol ilumina todo o universo assim também a Superalma conhecedora da esfera da ação, ilumina o universo inteiro (e as almas dentro dele); da mesma forma a conhecedora da esfera da ação, a alma, ilumina o corpo inteiro.

35. Aqueles que, pela visão do conhecimento, podem distinguir entre a esfera da ação e seus dois conhecedores e que pode, assim conhecer o caminho da liberação da alma dentro da matéria – atingem a atmosfera transcendental.











CAPÍTULO QUATORZE - GUNATRAYA - VIBHAGA - YOGA
AS TRÊS DIVISÕES DOS MODOS DA NATUREZA MATERIAL



1. o Senhor Supremo disse:
Agora, mais uma vez descrever-lhe-ei, a Suprema Sabedoria, pela qual todos os sábios atingiram a suprema perfeição, além deste plano mundano.
2. refugiando-se neste conhecimento a alma atinge uma natureza (predominantemente) similar a Minha. Assim, ela nem nasce na época da criação universal, nem vivência as dores da morte ao tempo na aniquilação universal.

3. Ó Bharata, a natureza material, conhecida como pradhana, é o útero no qual Eu lanço semente (em forma de alma individual, que nasce da potência marginal). Desse lugar sã geradas todas as entidades encabeçadas pelo Senhor Brahma.

4. ;O Kaunteya, o Brahman personificado como a mãe natureza é o progenitor de todos os vários corpos dentro de todas as espécies de vida, encabeçadas pelos semideuses e pelos humanos – e Eu (como a consciência causal) sou o pai que concede a semente.

5. Ó poderoso herói, Arjuna, esses três modos da natureza - bondade, paixão e ignorância – que se manifestam a partir da natureza material, causam que imutável e corporificada alma - espiritual se escravize aos sentimentos mundanos baseados em felicidade, infelicidade e ilusão.

6. Ó imaculado, devido à sua natureza comparativamente mais pura entre esses três modos materiais, o modo da bondade é um ilumunador da essência das coisas e é de índole pacífica. Ele escraviza a alma espiritual pelo apego à felicidade e ao conhecimento.

7. Ó filho de Kunti, você deveria saber que o modo da paixão é a corporificação da obsessão pelo desfrute sensual - a origem da cobiça e do desvario, escravizando a alma pelo apego a ação.

8. Ó Bharata, saiba que o modo da ignorância cativa a alma corporificada com o descuido, a preguiça, e o torpor.

9. Ó Arjuna, a bondade condicionada a alma à felicidade e a paixão a condiciona à ação. Porém, o modo da ignorância, cobrindo o conhecimento da entidade viva, a condiciona à indolência e ao torpor.

10. Ó Bharata, a bondade e a ignorância, a paixão sobrepõe-se à bondade e a ignorância e a ignorância sobrepõe-se à bondade e a paixão. Cada modo, por sua vez, conquista os outros numa interminável batalha pela supremacia.

11. Quando o conhecimento da verdadeira natureza dos objetos dos sentidos aparecer em abundância nos sentidos de percepção deste corpo, você, com certeza, saberá que este é o desenvolvimento característico do modo da bondade – isso se reconhecerá pelo supra - mencionado sintoma da felicidade.

12. Ó Arjuna, o mais nobre da dinastia Bharata, saiba que a cobiça, o excessivo esforço, as tentativas ambiciosas, o prazer sensual incessante e o desejo nascem quando o modo da paixão se desenvolve numa pessoa.

13. Ó Kurunandana, com a influência do modo da ignorância manifestam-se todos os sintomas de imprudência, desalento, indolência e falsidade.

14. Qualquer alma que sucumbe às presas da morte enquanto estiver influenciada, predominantemente, pelo modo da bondade, irá aos planetas puros dos adoradores de Hiranyagarbha (Brahma) e de outros deuses.

15. quando uma pessoa morre no modo da paixão, nascerá dentro da sociedade Karmi de homens apegados ao trabalho fruitivo. Se a pessoa morre no modo da ignorância nascerá entre os animais ou outras espécies grosseiras e ignorantes.

16. O sábio proclama que o trabalho no modo da bondade concede como resultado a paz e a felicidade; o trabalho no modo da paixão resulta em miséria e os trabalhos no modo da ignorância resultam em escuridão ou morte.

17. Do modo da bondade nasce o conhecimento; do modo da paixão, nasce a cobiça e do modo da ignorância segue-se a insanidade, a ilusão e a estupidez.

18. As pessoas no modo da bondade ascendem (até Sayaloka), aquelas situadas no modo da paixão ficam no meio (na sociedade humana), e as pessoas abomináveis, e de natureza ignorante, caem para os planos inferiores (de sofrimentos infernais).
19. Quando a pessoa percebe que não há nenhuma outra causa de ação neste mundo modal, além dos três modos da natureza, e quando sabem que o Senhor desses tr6es modos é a eles transcendental essa pessoa inspira-se divinamente em Mim. *

20. Quando a alma transcende estes três modos da natureza material com os quais o corpo é produzido e torna-se, por completo, liberada do nascimento, da morte, da velhice e da miséria, experimenta, então, a ambrosia do amor divino, sem a mistura dos modos da natureza.

21. Arjuna disse:
Ó Senhor, (1) Quais os sintomas que identificam quem transcende estes três modos da natureza material? (2) como se comporta, e (3) como é que transcende os modos?

22.25. O senhor Supremo respondeu: Ó Pandava, (1) aquele que nem se ressente do aparecimento da revelação (o efeito do modo da bondade), da ativação (o efeito do modo da paixão) e da estupefação ( o efeito do modo da ignorância) e, nem anseia que assim! (2) que permanece perfeitamente equilibrado, indiferente e imperturbado pelos efeitos dos modos (baseados na felicidade e infelicidade), lembrando-se, “Os modos estão ocupados (com respectivos objetos)”; que é equânime na alegria e na tristeza; que vê um punhado de terra, uma pedra ou um pedaço de ouro com visão de igualdade; que permanece equilibrado ao receber algo desejável ou indesejável; que é inteligente e permanece equilibrado diante do insulto ou elogio, da honra ou desonra; que vê igual tanto ao amigo quanto ao inimigo; e que está, por inteiro, à parte de todas as causas de obsessão e abnegação, deve-se saber que decerto tal pessoa transcendeu os três modos da natureza material.

26. (3) A pessoa que Me rende serviço exclusivo (em Minha forma de Syamasundara) no caminho da devoção pura ( não adulterada por qualquer tentativa espúria baseada na exploração ou renúncia) transcende por completo, esses três modos da natureza material. Assim, qualifica-se para conhecer sua divina identidade interna.

27. Somente Eu sou o repouso original da divina vitalidade indivisível, o néctar inexaurível, os imemoráveis passatempos e a doçura da ambrosia de profundo amor divino.
* O tema sobre inspiração divina no serviço devocional é, elaboradamente, desenvolvido no comentário do autor sobre os quatros principais versos do Sri Gita (vide 10.8-11).





CAPITÚLO QUINZE- A PESSOA SUPREMA PURUSOTANA - YOGA






1. O Senhor Supremo disse:
As escrituras sagradas proclamam que este mundo material é como uma imutável figueira de bengala com suas raízes voltadas para cima, e seus galhos para baixo, conhecida como uma árvore Asvatha (transitória). Seus nutrientes são os aforismos Védicos representados pelas folhas. Aquele que assim conhece essa árvore é um genuíno conhecedor dos Vedas.

(comentário)

2. Alguns dos seus galhos ascendem (aos planetas dos semideuses e seres celestiais), alguns dos galhos descendem (aos planetas dos humanos, animais e espécies baixas) e seus brotos fuscos e jovens são sua amadurecida três modos da natureza, objetivo e objeto (som, cheiro, textura, sabor e forma). Algumas raízes aéreas, também, descendem para enraizar-se na terra da exploração, na dimensão humana.

3.4. Essa forma invertida da figueira de bengala, representando esse mundo material, não pode ser conhecida na esfera humana, sendo que , sua origem, fundação e fim, não podem ser compreendidos (exceto por meio do conhecimento Védico). Da associação com santos verdadeiros, adquire-se o machado afiado do intenso desapego do mundano. Usando essa arma par a cortar essa ilusória árvore figueira de bengala (da própria existência mundana) que persistente, enraíza-se na aversão do Senhor Supremo, atinge-se a dimensão sem retorno, que não é outra senão os pés de lotus do Senhor. Assim pelo método da devoção exclusiva e ininterrupta, a pessoa deverá aproximar-se do abrigo dos sagrados pés de lotus do Supremo Senhor Visnu e orar: “Eu estou, agora, rendendo-me à Pessoa Original, o Senhor Supremo de todos, de cuja potência ilusória (maya) emanou e expandiu-se esta árvore perpétua do mundo material.

5. Destituído de vaidade e ilusão, distantes das más companhias, dedicados a realização do eu eterno, livres dos desejos luxuriosos, liberados das alegrias e tristezas da dualidade e livres da ignorância, tais almas rendidas alcançam o destino supremo.

6. Minha Suprema e Santa morada é a dimensão que as almas rendidas alcançam, par nunca mais retornar. Nem sol, nem lua, nem fogo – nada poderá iluminar essa morada todo - iluminada e Suprema.

7. A alma é parte de Mim (como Minha potência ou separada partícula). Apesar de ser eterna, adquire a mente e os cinco sentidos de percepção, os quais são de natureza material (como criações de maya, Minha potência ilusória).

8. A alma (jiva) é a proprietária do corpo e de sua parafernália. Quando a alma deixa o corpo, leva consigo para entrar em outro corpo todos esses sentidos, tal como o ar carrega a fragrância de uma flor.

9. Adotando as orelhas, olhos, pele, língua e nariz carnais e também aceitando a mente sutil, a alma explora os objetos dos sentidos – som, forma, textura, sabor e odor.

10. os tolos não podem compreender nada sobre a partida da alma do corpo, sobre sua residência dentro do corpo ou sua exploração dos sentidos. Entretanto, aqueles dotados com olhos de sabedoria são capazes de observar toda a operação.

11. Mesmo alguns yoguis dedicados podem, de fato, ver a alma presente dentro do corpo. Porém as pessoas tolas e de coração impuro nunca podem ver a alma apesar de seus esforços.

12. A refulgência que emana do sol e ilumina o universo inteiro que está presente dentro da lua e do fogo – você deve saber, que com certeza, nasce de Minha refulgência pessoal.

13. Aparecendo dentro do solo da terra, Eu mantenho, pela Minha potência, todos os seres; na forma da nectárea lua, Eu nutro todas as colheitas ( como arroz e cevada).

14. Entretanto no corpo da entidade viva como o poder da digestão, Eu digiro os quatro tipos de comestíveis (que se mastigam, sugam, lambem, e bebem), por meios dos ares vitais ascendentes e descendentes.

15. Eu estou situado (como a Superalma) dentro do coração de todas as almas e de Mim surgem a lembrança, o conhecimento e a dissipação de ambos (de acordo com seu karma, ou ação no plano mundano). Eu sou o exclusivo princípio conhecível (extático) de todos os Vedas. Eu sou Vedavyasa o autor do Vedanta e o expositor do significado conhecível dos Vedas.

16. Neste mundo, existem dois tipos de almas; as falíveis e as infalíveis. Todas as entidades, desde o Senhor Brahmã descendo até as formas de vida mais baixas e estacionadas, são conhecidas como falíveis (pois, desviam-se de sua natureza intrínseca). Porém, as personalidades que estão eternamente situadas em sua natureza divina são conhecidas como infalíveis (associados pessoais do Senhor).

17. Todavia, por tudo distinta destes tipos de almas – existe a Pessoa Suprema, que é conhecida como Paramatma, a Superalma, que  é o Senhor Supremo. Entrando nos três mundos em Sua forma eterna, Ele mantém todos os seres do universo.

18. Porque Eu sou transcendental às almas falíveis e além disso, superior aos meus infalíveis associados eternos; Minhas glórias são cantadas no mundo e nas escrituras como Purusottama, a Pessoa Suprema.

19. Ó Bharata, aquele que, de modo inequívoco, conhecer-Me em Minha forma eterna, todo - consciente e extática como a pessoa Suprema, é o conhecedor perfeito do teísmo desenvolvido, e Me adora em todos os aspectos (nos sabores devocionais de tranqüilidade, servidão, amizade, parentesco e matrim6onio).

20. Ó Arjuna de coração puro, Eu, assim, expliquei a você este que é o tesouro mais oculto de todas as escrituras. Ó Bharata, abraçando este néctar no âmago de seus corações, as almas virtuosas regozijam-se na perfeição do sucesso supremo.



CAPÍTULO DESESSEIS - DAIVASURA-SAMPAD-VIBHAGA-YOGA                             OS TEMPERAMENTOS DIVINOS E DEMONÍACOS



1.3. o Senhor Supremo disse:
Ó Bharata, são as seguintes as qualidades que se manifestam numa pessoa capacitada com uma natureza virtuosa e divina: destemor, coração cortez, absorção no auto - conhecimento, caridade, controle dos sentidos externos, sacrifício, estudo dos Vedas, austeridade, sinceridade, não - violência, veracidade, liberdade da ira, desapego do mundano, tranqüilidade, inclinação a não encontrar faltas nos outros, compaixão pelos outros, liberação da cobiça, gentileza, modéstia, constância, vigor, perdão, paciência, limpeza, não - inveja e liberdade do egoísmo.

4. Ó Partha e as seguintes qualidades pervertidas encontram-se nu,a pessoa de mentalidade demoníaca: orgulho, presunção, egoísmo, ira, crueldade e leviandade.

5. As qualidades divinas foram descritas como a causa de liberação e as demoníacas como a causa de um certo cativeiro. Ó Pandava, você não deve preocupar-se porque sua natureza é divina e virtuosa desde o nascimento.

6. Ó Partha, os seres vivos neste mundo são vistos como pertencendo a duas naturezas: divina e demoníaca. Eu já lhe descrevi, elaboradamente, a natureza divina, ouça-Me, agora a respeito da natureza demoníaca.
7. O demônio não pode entender a tendência religiosa ou o desinteresse pela irreligião. Nem vestígio de pureza, boas práticas ou veracidade poderá encontrar-se nele.

8. As pessoas de natureza demoníaca dizem que o universo não passa de imaginação; e não tem fundamento, nem Deus e nasce da coabitação mútua. Eles concluem que o mundo inteiro foi criado, simplesmente, pela luxúria.

9. Apoiando tal conceito, os demônios, que são pouco inteligentes, destituídos de auto - conhecimento, corporificando feitos medonhos e nefastos, tornam-se poderosos, apenas com o propósito de aniquilar o mundo.

10.Recorrendo aos insaciáveis desejos luxuriosos, totalmente obcecados e preocupados com a busca do sensual, tias demônios num louco frenesi de arrogância e orgulho, ocupam-se práticas horríveis.

11.12. Permanecem aflitos por ilimitados medos e ansiedades até seu último alento. Estão convencidos de que a gratificação da sua luxúria é a suprema ocupação. Enganados por centenas de multiformes desejos e dominados pela luxúria e ira, continuam tentando acumular riqueza ilegalmente, com o propósito único de obter prazer sensorial.

13. As pessoas demoníacas dizem: “Hoje, eu consegui aquilo que desejava, e, amanhã, eu conseguirei aquilo que desejo. Tudo isso é minha riqueza, e , no futuro, tudo mais será meu.

14. “matei um inimigo e matarei outros. Eu sou o senhor de tudo que observo. Eu sou o desfrutador, eu sou bem sucedido, poderoso e feliz”.

15.16. “Quem poderá igualar a minha riqueza e aristocracia? Eu executarei sacrifício e darei caridade aos necessitados, e, eu, então desfrutarei”. Iludido pela ignorância, cheio de ansiedade, vítima das tentações e viciado no desfrute sensorial, estas pessoas demoníacas são condenadas a detestáveis infernos tais como Vaitarani.

17. Sempre vaidosos, impertinentes e intoxicados pela riqueza e imponência, todos esses demônios fazem um grande show para executar pseudo - sacrifícios não previstos nas escrituras.
18. Mergulhados no egoísmo, enlouquecidos pelo poder e dominados pela luxúria e pela ira, desprezando-Me ao extremo, que estou situado como a Superalma , neles próprios e noutros eles atribuem falhas a todas as boas qualidades (dos santos verdadeiros).

19. Por serem invejosos, cruéis, diabólicos e decadentes, Eu, continuamente, arrojo ao longe estes demônios para que resolvam no ciclo de nascimentos e mortes, nos úteros de espécies desprezíveis e demoníacas.

20. Ó Kauteya, nascendo, repetidas vezes, nas espécies demoníacas, esses tolos não podem vir a Mim, a corporificação da divindade. Então, eles descendem cada vez mais baixo, até a mais vil e degradada condição de vida.

21. Os três portais suicidas, que levam ao inferno são: a luxúria, a ira, a cobiça. Portanto, devem ser, por completo, abandonados.

23. A pessoa que transgride as injuções das escrituras e comportam-se, caprichosamente, nunca poderá atingir a perfeição, a felicidade, nem o destino supremo.

24. Portanmto, as injuções das escrituras, no que diz respeito ao dever e não - dever são sua única norma. Tendo compreendido o comando das escrituras, neste plano de ação – isto é agir, exclusivamente, para o prazer do Senhor – lhe convém agora, aplicar na prática, esses conhecimentos.
















CAPÍTULO DESESSETE - ATRIPLA DIVISÃO DA FÉ


1. Arjuna perguntou:
Ó Krsna, qual é a posição daqueles que executam a adoração com fé, porém, negligenciam as injunções das escrituras? Considera-se que estão na bondade, paixão ou ignorância?

2. Conforme as tendências previamente desenvolvidas pela alma corporificada a fé pode ser de três tipos: bondade, paixão ou ignorância. Ouça-Me agora por favor falar a esse respeito.

3. Ó Bharata, todos tem um tipo particular de fé, conforme sua mentalidade individual. A própria natureza do ser vivo baseia-se na fé , pois, sua natureza interna e externa é modelada conforme sua fé. Portanto, a natureza das pessoas poderá ser compreendida pela forma de adoração ou reverência em que depositam sua fé.

4. As pessoas capacitadas com a natureza da bondade adoram os semideuses de boa índole; as de natureza apaixonada os impulsivos semideuses Yaksa e os demônios canibais Raksasa, enquanto que os que tem uma fé ignorante adoram fantasmas e mortos na dimensão da escuridão.

5.6. os tolos orgulhosos e pretensiosos causam transtornos aos elementos naturais do corpo e atormentam a alma interior, que é Minha partícula espiritual fragmentada. Motivados pelo interno anseio de desmontar suas proezas mentais e físicas, eles executam cruciantes austeridades não previstas nas escrituras. Você deve reconhecê-los como sendo autênticos demônios de primeira classe.

7. Há também três tipos de alimentos conforme os três modos da natureza material. Da mesma forma, há três tipos de sacrifícios, três tipos de austeridades e três tipos de caridade. Ouça, agora, sobre tudo isso.

8. Alimentos comestíveis ou ofertáveis que aumentam a longevidade, o zelo, a força, a saúde, a felicidade e a satisfação, que são suculentos, lácteos, saudáveis e atrativos – esses são apreciados pelas pessoas no modo da bondade.
9. Os alimentos apreciados pelas pessoas no modo da paixão são muito amargos (nimba etc.), muito azedos, muito salgados, muito quentes, muito picantes (chili, pimenta-do-reino etc.), muito secos (grãos-de-bico torrado etc.) e que esquentam muito (semente de mostarda etc.). Tais alimentos causam infelicidade aflição e doença.

10. os que estão no modo da ignorância apreciam o seguinte: alimentos considerados frios por terem sido cozidos há mais de tr6es horas; comida que não possua nenhum sabor e que exale um mau odor, que tenham sido cozida no dia anterior, as sobras de outras pessoas ( com exceção das sobras deixadas pelo próprio guru); e comestíveis impuros (carne, vinho e cebolas).

11. O sacrifício no modo da bondade está de acordo com as injuções das escrituras e é executado com um resoluto sentido de dever pela pessoa destituída de desejos fruitivos.

12. Porém, Ó Bharata, saiba que o sacr8ifício que se executa com expectativa dos frutos , meramente como um show de pompa e grandeza, é sacrifício no modo da paixão.

13. E aquele sacrifício que ignora as injunções das escrituras, que se executa sem distribuição de presentes, tais como comestíveis, sem pronunciar os mantras apropriados, sem presentes ao guru e sem fé, é conhecido como sacrifício no modo da ignorância.

14. Adoração à deidade, aos brahmanas, ao mestre espiritual, e à alma iluminada, assim como a limpeza, a simplicidade, o celibato, a não - violência – estes constituem austeridades do corpo.

15. Palavras que não perturbam os outros, que são verdadeiras, prazenteiras, e ao mesmo tempo, benéficas, assim como recitações regulares dos Vedas são todas conhecidas como austeridades verbais.

16. A auto - satisfação, a virtuosa circunspecção, a firmeza, o autocontrole, e a purificação da consciência, são conhecidas como austeridade mental.

17. Quando executada pela alma destituída de desejos e devotada com fé sublime ao Senhor Supremo, essa tripla austeridade é da natureza da bondade.

18. Aquela austeridade intolerável e incerta que é executada, orgulhosamente, apenas com o propósito de obter ganho, adoração, nome e fama, é considerada como austeridade no modo da paixão.

19. Aquela austeridade que se executa com uma preocupação tola e leviana causando auto - tortura, ou destinada a prejudicar os outros, é conhecida como austeridade no moda da ignorância.

20. A caridade feita por uma questão de dever, sem a expectativa de retorno, com a devida consideração de lugar, tempo e beneficiário é considerada como sendo no modo da bondade.

21. De outro modo, a caridade praticada com uma mentalidade agitada, com a expectativa do recebimento de algo em troca, ou com o desejo de ingressar na dimensão celestial, é conhecida como caridade no modo da paixão.

22. Dar caridade desrespeitosa e desdenhosamente a alguém indigno, num local e tempo inapropriados, é conhecido como caridade no modo da ignorância.

23. Menciona-se nas escrituras a frase “OM TAT SAT” como indicativa do Parambrahman, o Espírito Supremo. Na época da criação universal, os brahmanas, os Vedas e os sacrifícios, foram ordenados nesta tripla combinação.

24. Por essa razão, os seguidores dos Vedas, sempre, iniciam a execução de seus deveres estabelecidos nas escrituras, baseados no sacrifício, na caridade e na austeridade, pronunciando a vibração “OM” que representa o Brahman, o absoluto.

25. Os que buscam a liberação, conduzem a execução de diferentes tipos de sacrifícios e austeridades e executam o dever de oferecer caridade, vibrando a palavra “TAT”, que também representa o Brahman, o Absoluto, tendo rejeitado o desejo pelos os frutos de suas ações.
26. Ó Partha, a palavra “Sat” indica tanto a verdade quanto quem se dedica à verdade. É, também, utilizada na execução de atividades auspiciosas.

27. Usa-se a palavra “Sat ”para indicar, ambos, a eternidade do objeto do sacrifício, a austeridade e a caridade, bem como os deveres executados para satisfação do Senhor Supremo.

28. Ó Partha, o sacrifício, a caridade e austeridade ou qualquer dever executado sem fé no objetivo supremo, são conhecidos como “asat” ou deturpados. Tais atos nunca podem outorgar um resultado auspicioso, nem neste mundo, nem no outro.








CAPÍTULO DEZOITO ____ A META SUPREMA DA LIBERDADE DIVINA



1. Arjuna disse:
Ó Mahabaho, Hrsikesa, kesinisudana, desejaria conhecer a diferença entre o principio da renúncia da ação e o principio da renuncia aos frutos da ação.

2. O Senhor Supremo disse:
O sábio vê que o abandono de todas as ações materialmente desejáveis é chamado renúncia (sannyasa) e o abandono dos frutos de todos os tipos de ação ( seja rotineira, eventual ou baseada no desejo material) é chamada desapego (tyaga)

3. Alguns eruditos (da escola Sankhya) asseguraram que a ação ( por conta de suas falhas, tal como a violência) deveriam ser renunciada. Outros (da escola Mimamsaka) mantém que os deveres ( ordenados pelas escrituras) baseados em sacrifício, caridade e austeridade, não deveriam jamais serem abandonados.

4. Ó melhor dos Bharatas, ouça, agora, a Minha perfeita conclusão, no que se refere à renúncia. Ó superior entre os homens, foi definido, com clareza, que a renúncia é de três tipos.

5. Deveres baseados em sacrifícios, caridade e austeridade nunca devem ser abandonados. Tais deveres devem ser executados, porque servem para purificar os corações dos que são inteligentes.

6. E mais, Ó Partha, todas essas ações devem ser executadas por uma questão de dever, abandonando-se o apego e o desejo fruitivo. Saiba que esta é a Minha conclusão irrevogável, perfeita e suprema.

7. A renúncia aos deveres diários não é recomendável. Abandonar os deveres rotineiros, devido à ilusão, é falsa renúncia, ou é renuncia no modo da ignorância.

8. Aquele que abandona seus deveres rotineiros por causa do medo, ou de desconfortos corpóreos, considerando-os a causa de inconvenientes, executa a renuncia no modo da paixão. Assim não atingirá (o conhecimento, que é) o fruto do desapego genuíno.

9. Ó Arjuna, aquele que executa os trabalhos rotineiros como um dever e abandona o apego e os desejos fruitivos, executa a renuncia no modo da bondade. Essa é a Minha opinião.

10. Uma pessoa renunciada e de intelig6encia aguda, dotada com a natureza do modo da bondade, e que está livre de todas as dúvidas, não se ressente nos deveres maçantes e nem se apega aos trabalhos que concedem felicidade.

11. De fato, é impossível para a alma corporificada, renunciar, por completo, a toda ação. Portanto, um renunciante de verdade é aquele que renuncia aos frutos de suas ações.

12. As pessoas que aspiram aos frutos de suas ações adquirem três tipos de recompensa após a morte – a boa, a má e a combinação delas. Porém um verdadeiro renunciado (Sannyasi) nunca toca em tais frutos da ação.

13. Ó poderoso herói, nas escrituras conhecidas como Sankya ou Vedanta, foram descritos cinco causas da realização de todas as ações e você poderá, agora, aprender de Mim a esse respeito.

14. (Todas as ações são efetuadas com a ajuda desses cinco fatores:) O corpo, o ego (na forma do elo entre o espírito e a matéria) os distintos sentidos, os diferente4s esforços, o destino, a intervensão do controlador Universla Supremo.

15. Qualquer ato legal ou ilegal que se executa com o corpo, a mente ou a fala é causados por esses cinco elementos.

16. Portanto, um sujeito malévolo que considera a si mesmo como o único executor da ação, devido a seu conceito irracional, nunca poderá perceber a situação real.

17. Aquele que está livre do egísmo (que surgr da aversão ao Absoluto) e cuja inteligência não se enreda em atividades mundanas – mesmo que mate todo ser vivo do mundo, não mata de forma alguma e nem sofre as consequencias de assasinato.

18. Estes são os três impétos para a ação: o conhecimento, o conhecível, e o conhecedor. A tentativa, o trabalho e o trabalhador – esses três forman a boa ação.

19. na escritura Sankhya o conhecimento, a ação e o executante foram classificados, cada um, conforme suas naturezas ( da bondade, da paixão ou da ignorância). Ouça-Me, agora, falr sobre essas categorias.

20. O conhecimento que se permite ver o princípio imperevível e indivisível( Minha potência divina Superior) presentes em todas as dirvesas entidades vivas, é conhecimento no modo da bondade.

21. No mundo dos seres vivos, aquele conhecimento pelo qual experimenta-se variados esforços separados (de natureza conflitante, devido a interesses sepsrados individuais) e muitos conceitos independentes isolados da verdade – diz-se que tal conhecimento está no modo material da paixão.

22. E aquele conhecimento pelo qual alguém se atrai a trivalidades (assuntos isignificantes), considerando-os como sendo tudo a verdade última, e que é irracional, sem a deliberação das escrituras e fanático (como de um animal) – esse conhecimento é tido como sendo do modo da ignrância.
23. A ação que se executa comconstância por uma pessoa desprendida que é indiferente à obsessão e a repulsão, é de certo, uma ação no modo da bondade.

24. Aquela ação que se executa com um tremendo esforço, com ambição ou egoísmo tem-se como ação no modo da paixão.

25. E a ação no modo da ignorância é a que , devido à ilusão, leva-se a cabo sem levar em conta as consequências, os efeitos injuriosos e malévolos e a própria capacidade para realizá-la.

26. Um trabalhador no modo da bondade está completamente desapegado, não é egoísta, é paciente e esntusiasta e não se afeta diante do sucesso ou do fracasso.

27. Um trabalhador no modo da paixão é tido como um obsecado, um caçador de frutos, ambicioso, violento, ocupado em praticas não fruitivas das escrituras ou abomináveis e dominado pela soberba e pela lamentação.

28. Um trabalhador no modo da ignorância é aquele de pensamento instável, com uma mentalidade vulgar, que é pretensioso, fraudulento, dado a insultar ao outros, preguiçoso, melancólico e um procrastinador.

29. Ó Dhananjaya, ouça-Me, com atenção. Eu descreverei, com clareza, os três diferentes tipos de inteligência e determinação, classificando-as conforme os modos da natureza.

30. Ó Partha, a inteligência na bondade permite que a natureza intríseca da tendência (religiosa) e do afastamento (irreligioso), o dever e o não - dever, o medo e a coragem, assim como o cativairo e a liberdade ( e todas essas distinções ) possam ser, de fato, percebidas.

31. Ó Partha, a inteligência no modo da paixão permite apurar-se a natureza intrínseca da religião, do dever e do não - dever, apenas parcialmente.

32. A inteligência arruinada pela ignorância é aquela percepção iludida com a qual aceita-se a irreligião como religião e tudo seu toma-se ao inverso.

33. Ó Partha, a determinação no modo da bondade é concentrada, sem cessar controla a mente, as forças vitais, os sentidos e todas suas atividades.

34. Ó Partha, Ó Arjuna, a determinação no modo da paixão é aquela que, por meio do desejo fruitivo, sempre recorre a religião ritualista com o propósito de acumular riqueza na tentativa de satisfazer os desejos mundanos.

35. A determinação no modo da ignorância é aquela pela qual uma pessoa sem inteligência não abandona o sono, o medo, a lamentação, o desanimo e o orgulho.

36.37. Ó Bharatarsabha, ouça-me, agora, falar sobre três tipos de felicidade. Aquela que quando cultivada, faz surgir o deleite enquanto finda com todas as misérias; que, no início importuna como se fosse veneno, mas que, a seguir, agrada como néctar e que surge do puro auto - conhrcimento – é dito que essa felicidade tem a natureza do modo da bondade.

38. Diz-se que a felicidade que tem a natureza do modo da paixão, é a que nasce do contanto dos sentidos com os seus objetos e que no começo parece néctar, mas, ao depois, vivencia-se como sendo, apenas, veneno.

39. A felicidade que tem a natureza do modo da ignorância é aquela que, do início ao fim, produz a ilusão da alma surgindo do sono, da preguiça e da negligência.
40. Tanto na terra (entre todas as formas de vida encabeçadas pelos humanos) quanto nos planos celestiais, entre seus deuses, nada nem ninguém, está livre destes três modos nascido da natureza material.

41.Ó Parantapa, conforme os modos (da bondade, da paixão e da ignorância que nascem de suas naturezas, todos os deveres das sções brahmana, Ksatrya, vaisya, e sudra,são divididos de forma planejada (em classificação graduada).

42. Os deveres naturais da seção brahmana são: o controle dos sentidos internos e externos, a austeridade, a pureza, a paciência, a retidão, o conhecimento, a realização e o teísmo.

43. as ações caractéristicas da seção ksatrya são:
O valor, o zelo, a resistência, a destreza, a coragem na batalha, a disposiçãso caridosa a liderança.

44. A agricultura, a proteção das vacas e o comércio são os trabalhos naturais da seção Vaisya. E natural para os sudras, é o serviço às seções brahmana, ksatrya e vaisya, assistindo-os em seus variados trabalhos.

45. O auto - controle é obtido por quem se dedica à ação apropriada, prescrita à sua qualificação natural. Ouça-Me, agora, sobre como se alcança a perfeição dessa forma.

46. Atinge-se a perfeição através da execução dos deveres apropriados, que lhe são prescritos conforme a sua qualificação. Tal pessoa adora o Senhor Supremo pela execução de seus deveres, pois dEle nasce a progênie e o ímpeto de todas as entidades e ele, permeia e impregna todo este universo (exercitando Sua qualificação Suprema de Senhorio sobre todos sem exceção).

47. É melhor permanecer fiel ao seu verdaeiro dever prescrito, apesar das imperfeições em sua execução, do que executar o dever de outrem de forma imaculada. Nunca incorre no pecado quem seguindo seu autêntico dever.

48. Ó Kaunteya. Apesar de imperfeições em sua realização, não se deverá abandonar os deveres prescritos pela natureza de cada um. Na verdade, toda ação (karma) é (mais ou menos) coberta pela imperfeição, tal como o fogo é coberto pela fumaça.

49. Com a inteligência desapegada de toods os objetos mundanos, a pessoa auto - controloda e sem desejos atinge à perfeição última da cessação do trabalho que produz reação, tendo abandonado os frutos de todas as suas ações.

50. Ó kaunteya, ouça-Me agora, resumir como uma pessoa que atingiu a perfeição da cessação de todas as ações reacionárias, atinge o plano divino do Absoluto, cujo alcance é a meta suprema do divino conhecimento auto - percertivo.

51.53. Capacitado com uma inteligêcia no modo da bondade , com a mente controlada, com determinação peculiar ao modo da bondade; desapegaod dos objetos dos sentidos: som; textura; sabor e odor; livre da obsessão e repulsão; afastado da associação de pessoas materialistas; alimentando-se com moderação; controlando. O corpo, a mente e a fala; sempre absorto em pensar no Senhor Supremo; inteiramente desapegado do mundo material; não - egoísta; destituído de despotismo; de vaidade; de luxúria, de ira e sem aceitar serviço de outros, tal pessoa, desprendida de todo o senso de posse e absorto nunha divina tranquilidade, está de certo qualificado par aatingir a divina percepção do eu.

54. A alma impecável, com o coração puro e satisfeito no eu, que tenha atingido sua natureza divina consciente, não se lamenta, e nem anseia por nada. Vendo a todos os seres de igual modo (no conceito de Minha energia suprema) a pouco a pouco, atinge devoção suprema (prema-bhakti) por Mim.

55. Pela potência dessa devoção suprtema, será capaz de conhecer-Me por completo e a Minha natureza como o Todo-oideroso Senhor e Majestade (aisvaryamaya-svarupa). Neste ponto obtendo a percepção de seu divino relacionamento coMigo, ingressa no grupo de meus íntimos associados pessoais, cuja natureza não difere da Minha.

56. Apesar de estarem, sempre, ativos na realização de todos os tipos de deveres, aqueles que tomaramrefúgio exclusivo em Mim, atingem, pela Minha graça o plano eterno de servi’vo florescente.

57. Por meio da arte de conectar-se pelo serviço, oferencendo todas as suas ações a Mim com a compreensão que apenas Eu sou a meta suprema, refugie-se na união de sua inteligência comigo( tornando-se desapegado dos deveres em geral) – e, então permanecá sempre e lealmente, devotado a Mim.

58. Quando devotar seu coração a Mim, você será capaz, pela Minha graça, de ultrapassar todos os tipos de extraordionários obstáculos  e adversidades. E, se, por orgulho, não ouvir Minhas palavras, você, decerto, colherá a ruína.

59. Por orgulho, você está pensando “Eu não lutarei”, mas tal decisão será, por certo, em vão porque sua natureza (condizente a um Ksatrya), decerto, o forçará a ocupar-se na batalha.
60. Ó Kaunteya, breve você terá que executar esse mesmo dever que, agora, devido a ilusão, você evita, e isso, porque sua tendência assim o compelirá.

61. Ó Arjuna, o Senhor Supremo que reside no nosso íntimo, através de potência de Sua energia ilusória, causa que as entidades vivas devaneiem de cá para lá, (em muitas atitudes), como se cada um fosse, meramente uma marionete em suas linhas girando num carrosel. Na verdade esse Senhor está vivendo dentro do coração de todos os seres vivos.

62. Ó Bharata, renda-se a Ele, em todos os aspectos. Por sua graça você atingirá a paz suprema e a morada eterna.
63. Agora, Eu lhe revelei muitos e muitostesouros secretos. Lembre-se de tudo isto, e então aja como desejar.

64. A razão porque estou revelando esse meu supremo ensinamento, o mais secretos dos tesouros ocultos, para seu verdadeiro benefício, é que você Me é querido ao axtremo.
(COMENTÁRIO)
65. Pense em Mim, sirva-Me, adore-Me e ofereça seu próprio ser a Mim; decerto, você Me alcançrá. Esta é aminha promessa sincera a você, porque você é o meu amigo querido.

66. Abandonando, totalmente, todos os tipos de religião, renda-se apenas a Mim. Eu o lbertarei de todos os tipos de pecado, portanto, não se desespere.

(COMENTÁRIO)

67. Você não deverá revelar este tesouro oculto aos amantes do confortável, aos infiés,àqueles que tem aversão a Meu serviço ou àquelas pessoas maliciosas que me invejam.

68. Aquele que relata, aos meus devotos, as glórias deste que é o mais oculto entre os tesouros ocultos – tal pessoa, obtendo Minha devoção suprema, alcançar-me-à sem nenhuma dúvida.

69. na sociedade humana não existe ninguém que Me satisfaça por suas ações como aquele (que difunde as glórias desta Bhagavad-gita: O Tesouro Oculto do Doce Absoluto), nem (no futtro) haverá alguém que me seja mais querido por todo o mundo.

70. E quem quer que, regularmente, leia, complete ou cante com o coração devotado esta nossa conversa sagrada, efetuará assim, a Minha adoração pelo sacrifício da sabedoria. Decerto esta é a Minha opinião.

71. E Aquele que, fiel e devotado, simplesmente, ouvir, sem inveja, torna-se-à liberado e alcançará a morada auspiciosa própria dos que são dotados do mérito da virtude suprema (Sukrti).

72. Ó Partha, você ouviu a tudo com uma atenção especial. Ó Dhananjaya, dissipo-se sua escuridão da ilusão?

73. Arjuna disse:
Ó infalível, pela Sua graça minha ilusãofoi dissipada. Posso, agora, lembrar-me quem sou; todas as minhas dúvidas se foram, e, entreguei minha rendição a Você. Agora seguirei Sua ordem.

Sanjaya disse:
Dessa forma, seu ovi esta conversa assombrosa e extasiante entre a Alma Auprema, Vasudeva e Arjuna.

75. Pela misericórdia de Srila Vyasadeva, ovi este tesouro muito oculto que amnou, diretamente, dos lábios sagrados de lotus do Senhor Supremo de todos os poderes místicos: O próprio Senhor Krsna.

76. Ó Rei, lembrando, uma e outra vez, esta incrível conversa divina do Senhor Sri Krsna com Arjuna, meu coração alegra-se inteiramente.

77. Ó Rei, agora eu repetidamente me recordo – eu maravilho-me diante daquela forma universal extraordinária e formidável do Senhor Supremo hari eo meu Inteiro ser estremece de emoção.

78. Aonde quer que eu esteja o Senhor supremo de todos os poderes místicos, o próprio Senhor Sri Krsna e eonde quer que eu esteja o conquistador da riqueza que leva seu arco, o próprio Arjuna – nesse mesmo lugar prevaleceu a deusa da boa fortuna, nesse mesmo lugar a deusa da vitória, nesse mesmo lugar, a virtude suprema prevalece. Decerto essa é a Minha firme conclusão.

FIM