Vulcão Dourado de Amor Divino - Cap. 4 - O louco Nimai Pandit



O
Louco
Nimai Pandita

Na época do advento de Sri Chaitanya Mahaprabhu, a Bengala estava bem afastada da consciência de Krishna. As pessoas tinham se degradado tanto que passavam o tempo e gastavam muito dinheiro em exibições de acasalamento de gatos. Elas adoravam a deusa-serpente, Vishahari, controladora dos demônios, Kali, e se desviaram completamente da adoração ao Senhor Supremo, Krishna. O nome de Krishna era raramente ouvido. Somente alguns poucos cavalheiros hindus costumavam cantar o nome de Govinda, Hari ou Krishna quando se banhavam no Ganges. O local do advento de Sri Chaitanya Mahaprabhu, Navadwip Dhama, era governado pelos muçulmanos naquele tempo. O Kazi [magistrado, governador] estava no poder em Navadwip, e os sentimentos religiosos dos hindus eram abafados pela mão forte do governo islâmico.
Adwaita Acharya era um grande erudito e o seguidor sênior de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Ele apareceu em Navagrama em Sri Hatta, província oriental da Bengala, e residia em Shantipura. Sob o ponto de vista ontológico, Sri Adwaita Acharya é um avatara de Mahavishnu, criador do cosmo material através de Sua energia ilusória. Adwaita Acharya é o devoto que convidou intensamente Sri Chaitanya Mahaprabhu a descender como o yugavatara, para cuidar do bem-estar de todas almas. Ele adorou o Senhor com água do Ganges e folhas de Tulasi, e invocou Sua graça com a oração: "Ó Senhor, por favor, venha liberar essas pessoas, chegou a hora de liberá-las com a distribuição do doce nome de Krishna. Venha, Meu Senhor - elas sofrem tanto"! Assim, Adwaita Acharya atraiu Sri Chaitanya Mahaprabhu, em defesa da causa das almas caídas. É claro que já havia chegado a hora para o advento da encarnação desta era, o yugavatara, mesmo assim, foi Adwaita Acharya quem realizou a função de convidar e dar as boas vindas a Sri Chaitanya Mahaprabhu.
O Advento de Sri Chaitanya
Adwaita sentiu no coração o momento em que o Senhor Supremo ia aparecer: "Minha prece será satisfeita, Ele vem"! Finalmente, Ele detectou que Sri Chaitanya Mahaprabhu, a Suprema Personalidade de Deus, apareceu pessoalmente na casa de Sri Jagannatha Mishra e Shachidevi como seu filho recém-nascido, Nimai Visvambhara. Então, Adwaita Acharya foi prestar os devidos respeitos à criança e seus pais no dia do advento divino.
Depois que a criança cresceu um pouco, Sri Adwaita Acharya veio Se prostrar aos pés Dela, Nimai. A mãe de Nimai, Shachidevi, gritou: "O que faz Você? Você é um pandita sênior e erudito Védico. Se mostrar esse tipo de respeito ao meu garotinho, arruinará Seu futuro! O que está fazendo"?! É dito sempre que Adwaita Acharya prestava reverências a uma Deidade, a estátua se espatifava em pedaços se fosse falsa, se o Senhor não estivesse presente nela realmente. Mas quando Adwaita pôs Sua cabeça nos pés da criança, Nimai colocou Seu pé na cabeça de Adwaita Acharya. Todos ficaram espantados e abismados: "Que tipo de poder espiritual tem essa criança? Um devoto tão erudito e sênior como Adwaita Se prostrou à ela, e ela ainda pisou na cabeça de Adwaita e não foi afetada por nada! Quem é essa criança"?
Infância de Nimai
Quando Nimai era criança, às vezes Se disfarçava com uma coberta e entrava no bananal do vizinho. Ele costumava derrubar as bananeiras com cabeçadas. Os vizinhos pensavam: "Um touro deve ter entrado aqui, e destruiu nosso jardim"! O Senhor ensina Seus devotos através de Seus passatempos: "Eu derrubo as bananeiras que seriam usadas para algum outro propósito além do serviço a Mim. No sentido superior, vocês são Meus companheiros eternos, e posso fazer o que bem entender com suas propriedades para satisfazer Meus caprichos". Algumas vezes, Ele tirava a fruta da mão de Sridhara Pandita e dizia: "Ó, dê-Me esta banana. Não tenho nada para lhe pagar por ela". Sridhara Pandita dizia: "Por que faz isso? Você é um menino brahmana, não posso Lhe negar nada. Mas não deveria agir assim. Sou pobre. Se tira tudo que tenho de melhor, como poderei sobreviver"? - E assim, Nimai realizava Seus passatempos de roubar frutas.
À medida que Nimai Pandita crescia, nutria um grande respeito por Adwaita Acharya. Mas Adwaita Acharya não podia suportar isso. Ele disse: "Sei que não é uma pessoa comum. Você é uma personalidade sobrenatural e transcendental da mais alta classe. Mas apesar disso, é mais jovem do que Eu no sentido mundano e por isso deve Me respeitar, mas não posso suportar. É demais para Mim". Mas o que Adwaita podia fazer? Nimai mostrava Seu respeito formal por Adwaita sempre que Se encontravam. Adwaita então tramou para acabar com isso, e pensou: "'Verei o quanto é esperto".
Ele saiu de Navadwip e foi para Shantipura, onde começou a pregar contra a escola devocional. Chegaram notícias até Nimai Pandita de que Adwaita Acharya, depois de tanto tempo como devoto, pregava contra a escola devocional. Ele pregava que jñana, conhecimento, é mais importante do que devoção. Ele argumentava: "Devoção deixa o Senhor bem mais longe. O conhecimento tenta trazê-Lo bem mais perto. Através do conhecimento pensamos, 'ó Senhor, quero experimentá-Lo', e a devoção diz: 'Ele é adhokshaja, transcendental. Não pode ser percebido pelos sentidos'. Portanto, a devoção O deixa muito mais distante, 'só Sua boa vontade é que pode nos conectar'. Mas, conforme o caminho do conhecimento, a autoridade suprema está dentro de você mesmo. É claro que a escola devocional é secundária".
"Não mate esse Senhor idoso"!
Adwaita continuou a pregar desse jeito. Quando isso chegou aos ouvidos de Nimai Pandita, Ele foi com Nityananda punir Adwaita. Eles mergulharam no Ganges e nadaram até Shantipura, onde Se encontraram com Adwaita Acharya. Nimai O confrontou: "Que faz, Acharya? Por que Me convidou a vir aqui? Orou com folhas de Tulasi e água do Ganges para que Eu aparecesse e agora caçoa de Mim? Prega contra a devoção, contra Mim? Que acontece com Você"? E assim, Nimai Pandita puniu Adwaita. Ele começou a bater Nele. A esposa idosa de Adwaita Acharya começou a chorar: "Que está fazendo? Vai matar esse Senhor idoso"!
Nityananda Prabhu riu, e Haridasa Thakura que estava perto, perplexo, tentou entender: "Que está acontecendo"? Então, Adwaita Acharya ficou muito satisfeito, e disse: "Eu dei uma lição em Você - veio Me punir. Foi derrotado, Eu sou o vitorioso"! Adwaita Prabhu começou a dançar. "Hoje Eu derrotei Você, Meu Senhor! Teve que Me punir. Aonde foi todo aquele respeito formal que sempre Me mostrava"? Assim, Adwaita Acharya Se regozijou, e ofereceu a Mahaprabhu um grande banquete de shak (espinafre), Sua iguaria predileta.
O Senhor concedeu tanta graça a Adwaita Prabhu, que Lhe deu tapas, mesmo que Ele era um erudito e acharya idoso. Não é possível punir ou desonrar uma pessoa que respeitamos, só nossos amigos íntimos. Desrespeito e desonra só são possíveis quando há intimidade. Devotos puros desejam punição. Eles oram: "Puna-nos"! Mas punição das esferas superiores não é algo barato.
O Poema Místico de Adwaita
Alguns anos mais tarde, logo antes do início dos passatempos finais do êxtase divino de Sri Chaitanya Mahaprabhu, Adwaita Acharya escreveu algumas linhas de poesia, as quais enviou ao Senhor por Jagadananda Pandita:
baulake kahiha-loka haila baula
baulake kahiha-hate na vikaya caula
baulake hahiha-kaye nahika aula
baulake kahiha-iha kahiyache baula
"Diga a nosso Prabhu, que age como louco, todos perderam a sanidade, arroz tão caro, não tem mais valor. No amor de Deus, enlouquecida humanidade despreza o mundo e entes queridos; diga-Lhe: Um louco traz isso a Seus ouvidos".
Sri Chaitanya Mahaprabhu ficou com o humor muito sério quando leu o poema místico. Swarupa Damodara, que estava presente, disse: "Que está escrito aí"? Mahaprabhu respondeu: "Não sei o significado real, mas Adwaita Acharya é um grande 'adorador', e certos 'adoradores' estão acostumados a pensar que: 'Devemos convidar a Deidade, e devemos tentar mantê-La aqui e adorá-La por algum tempo. Finalmente, devemos dar adeus a Ela, quando nossa adoração terminar'".
"Talvez Adwaita pense que: 'Está na hora da Deidade partir'. Não sei o verdadeiro significado, mas talvez seja esse o Seu propósito". Swarupa Damodara pegou o poema, leu e ficou muito preocupado - "Ah! Adwaita Prabhu diz que os requisitos para a aparição de Sri Chaitanya Mahaprabhu foram preenchidos, e agora, Ele não precisa mais pregar o santo nome de Krishna como a encarnação desta era. O dever do avatara foi cumprido, e Ele pode partir".
Os últimos Doze Anos
Depois disso, Sri Chaitanya Mahaprabhu permaneceu neste mundo por doze anos, mas não como antes. Seu humor mudou muito. Daquele dia em diante, Ele sentiu uma enorme separação de Krishna, no humor de Radharani. A loucura divina se tornou proeminente Nele e Sua conexão social estava quase acabada. Ramananda Raya e Swarupa Damodara foram Seus acompanhantes nesse período. Ele não tinha mais nenhuma conexão social; o fogo queimava dentro Dele, o fogo da separação. Ele estava absorto na procura de Radharani por Sri Krishna, depois que Krishna partiu de Vrindavana. Ele passou doze anos fechado num quarto dentro da propriedade de Kashi Mishra nesse humor de loucura divina.
Às vezes à noite, Ele inconscientemente pulava o muro e ia Se encontrar com o Senhor Jagannatha. Aí, Swarupa Damodara e Seus outros acompanhantes notavam que não vinha nenhum som com o nome de Krishna de dentro do quarto e saíam à procura: "Mahaprabhu não está aqui, onde será que Ele está"? Às vezes, encontravam-No caído diante do portão principal do templo de Jagannatha, com Seus braços e pernas retraídos para dentro do corpo, como os membros de uma tartaruga dentro da carapaça. Uma suave fragrância emanava Dele, e as vacas vagavam por ali, a cheirar Seu corpo. Mahaprabhu experimentava internamente os passatempos de Radha e Govinda com as gopis em Govardhana enquanto estava deitado nesse transe. Swarupa Damodara e os outros tentavam ao máximo revivê-Lo do transe, por cantar o santo nome de Krishna.
Quando Mahaprabhu despertou, começou a reclamar: "Que fizeram vocês? Eu desfrutava uma experiência muito feliz, mas vocês Me arrastaram para cá com um grande alarido". O que causou o alarido? O cantar de Hare Krishna. E quem cantava o nome de Krishna? Swarupa Damodara e outros do mesmo calibre. A profundidade da experiência de Sri Chaitanya Mahaprabhu no Seu transe divino era tamanha, que considerou o cantar de Hare Krishna como barulho. Portanto, podemos cantar o nome de Krishna e fazer barulho apenas. Mas sob outro aspecto, conclui-se que krsna-nama é tão valioso, que foi preferido em vez da participação direta em krsna-lila. A orientação dada por nossos acharyas, preceptores espirituais da nossa linha, é que devemos considerar nosso canto pessoal como um mero barulho.
Certo dia, Sri Chaitanya Mahaprabhu passeava perto da praia. Uma jovem cantava fervorosamente uma prece ao Senhor Jagannatha. Sri Chaitanya Mahaprabhu começou a correr direto para aquele som. Ele atravessou perigosos arbustos espinhosos até que Seu servo Govinda conseguiu detê-Lo. Quando Ele voltou a Si, compreendeu o que acontecia e disse: "Oh! Era uma moça que cantava? Govinda salvou Minha vida".
Meio-Louco em Êxtase
Repentinamente, Ele sentia que Krishna brincava com as gopis no Yamuna. Então, pulava no oceano, e gritava, "Krishna"! Ele mergulhou e ficou inconsciente, enquanto as ondas O embalavam. Quando descobriram que Mahaprabhu havia sumido, os devotos ficaram preocupados - "Onde está Mahaprabhu"?, e começaram a procura, chefiados por Swarupa Damodara. A noite já se aproximava e eles ainda não O encontraram, até que apareceu um pescador a correr, meio-louco, e cantava: "Krishna, Krishna, Krishna"!
"Que aconteceu"? perguntou Swarupa Damodara. "Eu costumo pescar todas as noites e hoje joguei minha rede e pequei algo muito pesado. Puxei, e pensei que era um peixe bem grande, mas quando cheguei à praia, vi que era uma figura humana, e quando O tirei da rede, acabei por tocar em Seu corpo, e agora estou meio louco". Aí, Swarupa Damodara disse: "Deve ter visto nosso Sri Chaitanya Mahaprabhu"? O pescador respondeu: "Não, eu O vi antes, Ele é uma pessoa muito bela. Não era Ele. É algo diferente". Swarupa Damodara disse: "Por favor, mostre-nos mesmo assim".
Eles foram ao local e viram a longa imagem do Senhor, Suas juntas estavam deslocadas, deitado na areia, imóvel. Swarupa Damodara e os outros começaram a cantar os santos nomes de Krishna em Seu ouvido, até Ele voltar a Si. Então, Sri Chaitanya Mahaprabhu começou a descrever o lila de Krishna, onde foi lançado em Seu transe. E nesse modo, depois que o poema de Adwaita Acharya Lhe foi enviado, Sri Chaitanya Mahaprabhu viveu Seus últimos doze anos no humor de intensa separação que Srimati Radharani sentia por Krishna.
O Louco Nimai Pandita
Sri Chaitanya Mahaprabhu exibiu esse grau intenso de loucura divina nos Seus últimos dias na Terra. Mas antes em Navadwip, quando Mahaprabhu ainda era o estudante Nimai Pandita, todos pensaram que Ele tinha ficado louco, quando voltou de Gaya e começou a mostrar sinais de devoção a Krishna. As pessoas normais da época comentavam: "Nimai Pandita era um bom homem, um cavalheiro, mas depois que voltou de Gaya, mudou completamente, age de forma não desejada. Quer pregar tantas idéias novas. Que é isso? Ficou louco. Não Se preocupa com mais nenhum princípio ou regra, costumes sociais, e escrituras ancestrais - é só 'Krishna, Krishna, Krishna'. Antes Ele era normal, mas agora é anormal. É claro que Ele tem um intelecto poderoso. Quando era professor, não ligava nem mesmo para a erudição de grandes panditas. Ele derrotou facilmente o erudito campeão, Keshava Kashmiri, e muitos outros. Mas agora Ele está perdido. Está diferente. Não liga mais para os brahmanas e as escrituras que seguimos. Ele tem uma nova opinião, e a apresenta ao mundo. Seus caminhos são incompreensíveis". Os vizinhos reclamaram à Sua mãe, Shachidevi: "Shachidevi, que é isso? Nimai não é mais o mesmo, agora Ele não liga mais para nós. E nem sente mais atração pela esposa. No que será que Ele Se tornou? É filha de um cavalheiro, mas veja sua má sorte! Que fazer? O fato é, Shachi, seu único filho ficou louco. Deve providenciar tratamento médico para Ele". Então, Shachi chamou o kaviraja, o médico.
O médico veio e providenciou para que construíssem um pequeno tanque de tijolos para encher com óleo de Vishnu, que é um óleo refrigerante. Ele pediu que Nimai Pandita Se banhasse naquele tanque. Nimai fez isso, e repentinamente começou a nadar e mergulhar no óleo, e ria loucamente. Shrivasa Thakura chegou nesse momento e perguntou: "Como vai Nimai Pandita"? Shachidevi respondeu: "Vê minha desgraça! Nimai ficou completamente louco. Eu chamei um médico que trata Dele agora". Quando Shachi mostrou-lhe Nimai no tanque, ele disse: "Que é isso"? Shachi respondeu: "Meus vizinhos me aconselharam a fazer isso". Shrivasa disse: "É uma dama gentil, mas não sabe lidar com pessoas. Isso que Nimai tem, eu queria ter! Seu filho está com krsna-prema, e quero uma gota disso para mim. Se formos permitidos viver mais alguns poucos anos, teremos a oportunidade de ver muitos passatempos maravilhosos de Krishna".
Nimai recobrou os sentidos por alguns instantes e disse a Shrivasa: "'Se também tivesse dito que estou louco, Eu correria para o Ganges e acabaria com minha vida. Pelo menos você entendeu quem sou Eu; esse é Meu consolo. Shrivasa, se tivesse dito ao público: 'Ele está louco'!, Eu concluiria que não existe ninguém para aceitar o que vim trazer, e, por isso, vou mergulhar no rio e afundar sem hesitação".
Nimai Pandita era um grande erudito antes de ir a Gaya. Quando voltou de lá saturado de devoção, começou a explicar gramática novamente, mas mostrava Krishna na gramática. Ele interpretava as raízes da gramática sânscrita, e mostrava a relação entre sânscrito e Krishna. Explicou que o som é apenas uma vibração, e vibração significa potência de Krishna. A potência de Krishna torna tudo puro, faz tudo se mover. Se essa potência fosse excluída, tudo seria morto e passado. Assim, Nimai Pandita tentava explicar, gramática em termos de Krishna.
Seus alunos ficaram perturbados... "Que está acontecendo? Viemos aprender sânscrito com Nimai Pandita, mas agora não preencheremos mais os requisitos acadêmicos requeridos. Ainda assim, o treinamento que Ele nos deu não se encontra em nenhum outro lugar, por isso, não podemos abandoná-Lo. Como poderemos incrementar o padrão de Seus ensinamentos"? Eles procuraram o antigo professor de Nimai Pandita, Gangadasa Pandita. Ele tinha sido o professor de infância de Nimai. Gangadasa disse: "Vocês são muito afortunados de serem alunos de Nimai Pandita - Ele é um excelente professor. De que reclamam"? Os alunos responderam: "Estávamos muito satisfeitos, por aprender com Nimai Pandita. Mas agora, depois que voltou de Gaya, Ele explica tudo de um jeito bem diferente. Ele ensina sânscrito em termos do santo nome de Krishna. Ele compreende uma filosofia muito sublime, que não serve para fins de estudo de gramática. Certamente que é valiosa, mas não ajuda nossos estudos. Por favor, peça-Lhe que mude Seus modos. Ele o considera porque foi Seu professor. Somente você pode influenciá-Lo". Ele respondeu: "Está bem, peçam a Ele para vir me ver, amanhã".
Os alunos foram até Nimai Pandita e disseram: "Seu antigo professor O chamou. Ele quer vê-Lo". Nimai respondeu: "Sim, irei vê-lo". Mais tarde, naquele mesmo dia, Ele foi visitar Gangadasa Pandita, e lhe prestou reverências. Gangadasa disse: "Como vai, meu rapaz? Fiquei feliz ao saber que foi a Gaya e realizou os rituais para com Seus ancestrais. Isso é ótimo, mas o que acontece? Seus alunos vieram reclamar de Você. É verdade que não Se preocupa em lhes ensinar apropriadamente? Por que não Se empenha em ensinar como antes? Todos apreciavam Seu ensino, mas, depois que voltou de Gaya, adotou um estilo novo. Não faça isso. Ensine corretamente. Tenho ouvido comentários de que Se tornou devoto. Mas por acaso, Seus pais e ancestrais não eram devotos? É claro que virou um devoto extraordinário. Mas não extrapole. Tudo que diz sobre devoção parece desnecessário - isso não é gramática verdadeira. Pensa que dá uma nova luz com Seus significados? Pensa que todos os antigos professores são idiotas? Que tem a dizer"? Nimai ficou calado. "Tudo bem então. Não extrapole. Fique tranqüilo e siga os predecessores, ensine direito aos rapazes, assim não ouviremos mais reclamações sobre Você. Seus alunos não querem ir para outra escola, eles gostam muito de Você, por isso, ensine-lhes direito". Então, Nimai Pandita pegou a poeira dos pés de Seu professor e disse: "Sim, tentarei obedecer sua ordem, Ninguém é capaz de Me desafiar em erudição devido ao poder da poeira de seus pés. Não se preocupe. Vou ensinar direito".
"Por que devo adorar Krishna"?
Poucos dias depois, Nimai Pandita começou a cantar o nome "gopi, gopi" durante um transe de devoção. Alguns eruditos de alto nível social foram até Ele e disseram: "Nimai Pandita! Era um grande pandita, e agora é devoto. Isso não importa, mas por que canta o nome 'gopi, gopi'? Aceite o nome de Krishna, que terá algum beneficio, de acordo com as escrituras. Mas canta 'gopi, gopi', que beneficio obterá disso? Está louco". Nimai respondeu: "Quem é Krishna? Por que devo adorá-Lo? Ele é um bandido e caçador de mulheres"! Então, Nimai pegou um pedaço de pau e correu atrás deles.
Depois disso, começaram os comentários - "Nimai Pandita está completamente louco. Fomos Lhe dizer coisas boas e Ele veio com um pedaço de pau para nos matar! Não somos filhos de pessoas comuns - temos nossa alta posição social e dignidade familiar. Vamos mostrar a Ele!" Então, começaram uma trama para dar uma boa lição em Nimai Pandita, e Lhe dar uma boa surra.
Nesse momento, Nimai Pandita gritou: "Tomei todas as providências para liberar essas almas miseráveis, mas vejo que eles simplesmente geram mais pecado ainda, ao abusarem de Mim e conspirarem contra Mim. Por que Eu vim? O que será realmente efetivo para liberá-los? Terei de assumir o papel de um sannyasi. Senão eles vão pensar que sou igual a eles, um chefe de família. Mas se Eu Me tornar sannyasi, pregador - aí eles terão algum respeito. Eles dirão: "Somos chefes de família e Ele Se tornou sannyasi. Deve ser respeitado". Então, obterão algum beneficio através desse respeito. Senão, irão para o inferno, por pensarem que sou uma pessoa comum. Aceitarei o papel de sannyasi para gerar algum respeito e assim beneficiá-los". Ele revelou a Nityananda Prabhu e alguns outros: "Aceitarei sannyasa no último dia do primeiro mês deste ano".