A Missão do Senhor Chaitanya Mahaprabhu - O Tronco, Ramos e Sub-ramos da Árvore de Chaitanya



O Tronco, Ramos e Sub-ramos da Árvore de Chaitanya

Este Capítulo descreve os ramos da árvore chamada Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 1

Presto minhas respeitosas reverências repetidamente aos devotos que são como abelhas que sempre saboreiam o mel dos pés de lótus do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Mesmo se um não devoto que é como um cachorro se abrigar de alguma forma nesses devotos, apreciará o aroma da flor de lótus.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O exemplo do cachorro é muito significativo a esse respeito. Um cachorro nunca vai ser devoto, mesmo assim vemos às vezes que o cachorro de um devoto também se torna devoto gradualmente. Vemos que o cachorro não respeita nem mesmo a planta de Tulasi. Por isso que o cachorro é o não devoto número um. Mas o movimento sankirtana de Sri Chaitanya Mahaprabhu é tão poderoso que mesmo um não devoto que é como um cachorro pode se tornar devoto gradualmente pela companhia de um devoto do Senhor Chaitanya. Srila Shivananda Sena, um pai de família grande devoto do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, atraiu um cachorro na rua quando ia para Jagannatha Puri. O cachorro começou a segui-lo e finalmente chegou na presença de Chaitanya Mahaprabhu e foi liberado. Do mesmo modo, os gatos e cachorros da casa de Shrivasa Thakura também foram liberados. Não esperamos que gatos, cachorros e outros animais se tornem devotos, mas se estiverem na companhia de um devoto puro também são liberados.

Verso 2

Todas as glórias ao Senhor Chaitanya Mahaprabhu e ao Senhor Nityananda! Todas as glórias a Adwaita Prabhu, e todas as glórias aos devotos do Senhor Chaitanya, liderados por Shrivasa!

Verso 3

A descrição do Senhor Chaitanya como o jardineiro e a árvore é inconcebível. Agora ouçam com atenção sobre os ramos dessa árvore.

Verso 4

Os companheiros de Sri Chaitanya Mahaprabhu são muitos, mas nenhum deles deve ser considerado inferior ou superior. Isso não pode ser determinado.

Verso 5

Todas grandes personalidades na linha do Senhor Chaitanya relacionaram esses devotos, mas não puderam distinguir entre os maiores e os menores.

Verso 6

Presto minhas reverências a eles em sinal de respeito. Peço a eles que não considerem minhas ofensas.

Verso 7

Presto minhas reverências a todos devotos queridos por Sri Chaitanya Mahaprabhu, a árvore eterna do amor ao Supremo. Presto minhas respeitosas reverências a todos os ramos da árvore, os devotos do Senhor que distribuem o fruto do amor por Krishna.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Krishnadasa Kaviraja Goswami dá o exemplo de como prestar reverências a todos devotos pregadores do Senhor Chaitanya, sem distinção entre superior e inferior. Infelizmente, atualmente há muitos tolos ditos devotos do Senhor Chaitanya que fazem essa distinção. Por exemplo, o título Prabhupada é oferecido ao mestre espiritual, especialmente um mestre espiritual destacado como Sri Rupa Goswami Prabhupada, Srila Jiva Goswami Prabhupada ou Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Goswami Prabhupada. Quando nossos discípulos quiseram chamar seu mestre espiritual como Prabhupada da mesma forma, algumas pessoas tolas ficaram com inveja. Sem considerar o trabalho de propaganda do movimento Hare Krishna, apenas porque esses discípulos chamavam seu mestre espiritual de Prabhupada, ficaram com tanta inveja que formaram uma facção junto com outras pessoas invejosas para minimizar o valor do movimento para a Consciência de Krishna. Para castigar esses tolos, Krishnadasa Kaviraja Goswami diz com franqueza, keha karibare nare jyestha-laghu-krama. Qualquer pessoa que for um pregador autêntico do culto de Sri Chaitanya Mahaprabhu deve ter respeito pelos devotos verdadeiros do Senhor Chaitanya, não deve ter inveja, e considerar um pregador mais superior e outro mais inferior. Essa é uma distinção material e não tem lugar na plataforma das atividades espirituais. Krishnadasa Kaviraja Goswami portanto oferece respeito igual a todos pregadores do culto de Sri Chaitanya Mahaprabhu, que são comparados a ramos da árvore. A ISKCON é um desses ramos, por isso que deve ser respeitada por todos devotos sinceros do Senhor Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 8

Os dois irmãos Shrivasa Pandita e Sri Rama Pandita iniciaram dois ramos que são bem conhecidos no mundo.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 90, descreve Shrivasa Pandita (Shrivasa Thakura) como uma encarnação de Narada Muni, e Sri Rama Pandita, seu irmão mais novo, é descrito como uma encarnação de Parvata Muni, um grande amigo de Narada. A esposa de Shrivasa Pandita, Malini, é celebrada como encarnação da ama Ambika, que amamentou o Senhor Krishna com o leite de seu seio, e como já comentamos, sua prima Narayani, a mãe de Thakura Vrindavana Dasa, o autor do Sri Chaitanya Bhagavata, era a irmã de Ambika em krishna-lila. Também entendemos na descrição do Sri Chaitanya Bhagavata depois que o Senhor Chaitanya Mahaprabhu aceitou a ordem sannyasa, Shrivasa Pandita deixou Nabadwip, provavelmente pelo sentimento de separação, e foi morar em Kumara-hatta.

Verso 9

Os dois irmãos deles se chamam Shripati e Shrinidhi. Esses quatro irmãos e seus servos e servas são considerados um ramo grande.

Verso 10

Não é possível contar os sub-ramos desses dois ramos. Sri Chaitanya Mahaprabhu realizava o canto coletivo diariamente na casa de Shrivasa Pandita.

Verso 11

Esses quatro irmãos e seus membros familiares se dedicaram plenamente ao serviço do Senhor Chaitanya. Eles não conheciam nenhum outro bem ou benefício.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Srila Narottama Dasa Thakura afirma, anya-devasraya nai, tomare kahinu bhai, ei bhakti parama-karana: Se a pessoa quiser ser um devoto puro, leal, não deve se abrigar em nenhum semideus ou semideusa. Mayavadis tolos dizem que adorar semideuses é tão bom quanto adorar a Suprema Personalidade de Deus, mas isso não é verdade. Essa filosofia desvia as pessoas para o ateísmo. A pessoa que não tem idéia de quem é Deus realmente pensa que qualquer forma que imagina ou qualquer impostor que aceita pode ser Deus. Essa aceitação de deuses baratos ou encarnações falsas de Deus é ateísmo de verdade. Por conseguinte, então, as pessoas que adoram semideuses e encarnações de Deus autoproclamadas são todas ateístas. Elas perderam o conhecimento, como o Bhagavad-gita (7.20) confirma: kamais tais tair hrta-jnanah prapadyante 'nya-devatah. "As pessoas cujas mentes estão corrompidas pelos desejos materiais se rendem aos semideuses". Infelizmente, as pessoas que não cultivam a Consciência de Krishna e não entendem corretamente o conhecimento Védico aceitam qualquer impostor como encarnação de Deus, e são da opinião que qualquer um pode se tornar uma encarnação apenas por adorar um semideus. Essa confusão filosófica existe com o nome de religião Hindu, mas o movimento da consciência de Krishna não aprova isso. De fato, condenamos isso com vigor. Essa adoração de semideuses e falsas encarnações de Deus nunca deve ser confundida com o puro movimento da consciência de Krishna.

Verso 12

Outro ramo grande é Acharyaratna, e seus companheiros são sub-ramos.

Verso 13

Acharyaratna também é conhecido como Sri Chandrashekhara Acharya. Numa peça de teatro na casa dele, o Senhor Chaitanya atuou como a deusa da fortuna.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Peças de teatro também eram realizadas durante a presença de Sri Chaitanya Mahaprabhu, mas os atores que participavam dessas peças eram todos devotos puros, não era permitido nenhum estranho. Os membros da ISKCON devem seguir esse exemplo. Sempre que encenarem peças sobre as vidas de Sri Chaitanya Mahaprabhu e do Senhor Krishna, os atores devem ser devotos puros. Atores profissionais e protagonistas dramáticos não têm ciência sobre serviço devocional, por isso que apesar de poderem atuar muito bem artisticamente, esse desempenho não tem vida. Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura costumava se referir a esses atores como yatra-dale narada, que significa "Narada caricato". Às vezes um ator faz o papel de Narada Muni numa peça, apesar de em sua vida privada não ser nem um pouco como Narada Muni por não ser um devoto. Tais atores não são necessários em encenações dramáticas sobre as vidas de Sri Chaitanya Mahaprabhu e do Senhor Krishna.
Sri Chaitanya Mahaprabhu costumava encenar peças com Adwaita Prabhu, Shrivasa Thakura e outros devotos na casa de Chandrashekhara. O local onde ficava a casa de Chandrashekhara agora é conhecido como Vrajapattana. Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura estabeleceu um ramo de seu Sri Chaitanya Matha nesse local. Quando Sri Chaitanya Mahaprabhu decidiu aceitar a ordem de vida renunciada, Chandrashekhara Acharya foi informado sobre isso por Sri Nityananda Prabhu, assim ele também estava presente quando o Senhor Chaitanya aceitou sannyasa de Keshava Bharati em Katwa. Ele foi o primeiro a propagar a notícia em Nabadwip da aceitação de sannyasa pelo Senhor Chaitanya. Sri Chandrashekhara Acharya esteve presente em muitos incidentes importantes dos passatempos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Por isso que ele forma o segundo ramo da árvore do Senhor Chaitanya.

Verso 14

Pundarika Vidyanidhi, o terceiro grande ramo, é tão querido pelo Senhor Chaitanya Mahaprabhu, que às vezes o Senhor Chaitanya chorava em sua ausência.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika descreve Srila Pundarika Vidyanidhi como o pai de Srimati Radharani em krishna-lila. Por isso que Chaitanya Mahaprabhu o tratava como Seu pai. O pai de Pundarika Vidyanidhi era conhecido como Banesvara ou, segundo outra opinião, Shuklambara Brahmachari, e o nome de sua mãe era Gangadevi. Segundo uma opinião, Banesvara era descendente de Sri Shivarama Gangopadhyaya. O lar original de Pundarika Vidyanidhi era na Bengala Oriental, numa vila perto de Dacca chamada Baghiya, que pertencia ao grupo das famílias brâmanes Varendra. Às vezes, esses brâmanes Varendra tinham desavenças com outro grupo dos brâmanes conhecidos como Radhiya, por isso que a família de Pundarika Vidyanidhi era discriminada e não era considerada uma família respeitada naquela época. Bhaktisiddhanta Sarasvati nos informa que um membro dessa família vive em Vrindavana e se chama Sarojananda Goswami. Uma das características peculiares dessa família é que todos seus membros tiveram só um ou nenhum filho, por isso que não foi uma família expansiva. Há um lugar no distrito de Chattagrama na Bengala Oriental conhecido como Hata-hajari, e a pouca distância daí, tem uma vila conhecida como Mekhala-grama onde os antepassados de Pundarika Vidyanidhi viviam. Pode-se chegar em Mekhala-grama a partir de Chattagrama tanto a cavalo como de carro de boi ou barco a vapor. A estação do barco a vapor se chama Annapurnara-ghata. O local de nascimento de Pundarika Vidyanidhi fica três quilômetros a sudoeste de Annapurnara-ghata. O templo que Pundarika Vidyanidhi construiu ali agora está muito velho e precisa de muitos reparos. Sem os reparos, o templo pode ruir bem rápido. Há duas inscrições nos tijolos do templo, mas são tão velhas que é impossível lê-las. Porém, há outro templo duzentos metros ao sul deste, e algumas pessoas dizem que é o velho templo construído por Pundarika Vidyanidhi.
Sri Chaitanya Mahaprabhu chamava Pundarika Vidyanidhi de "pai", e deu a ele o título Premanidhi. Pundarika Vidyanidhi depois se tornou mestre espiritual de Gadadhara Pandita e era amigo íntimo de Swarupa Damodara. Gadadhara Pandita primeiro confundiu Pundarika Vidyanidhi com uma pessoa ordinária apegada a ganhar dinheiro, mas depois, quando corrigido por Sri Chaitanya Mahaprabhu, tornou-se seu discípulo. Outro incidente na vida de Pundarika Vidyanidhi aconteceu quando criticou o sacerdote do templo de Jagannatha, e por isso foi castigado por Jagannatha Prabhu pessoalmente que esbofeteou sua face. Isso está descrito no Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-lila, Capítulo Sete. Sri Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura nos informa que ainda há dois descendentes vivos da família de Pundarika Vidyanidhi, que se chamam Sri Harakumara Smrititirtha e Sri Krishnakinkara Vidyalankara. Para mais informações a esse respeito, deve-se consultar o dicionário conhecido como Vaishnava-mañjusha.

Verso 15

Gadadhara Pandita, o quarto ramo, é descrito como uma encarnação da potência de prazer de Sri Krishna. Ninguém portanto pode se igualar a ele.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, versos 147 a 153, afirma: "A potência de prazer de Sri Krishna anteriormente conhecida como Vrindavanesvari agora se personificou na forma de Sri Gadadhara Pandita nos passatempos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu". Sri Swarupa Damodara Goswami explicou que a potência de prazer de Krishna na forma de Lakshmi era anteriormente muito querida pelo Senhor como Shyamasundara-vallabha. A mesma Shyamasundara-vallabha agora está presente como Gadadhara Pandita. Anteriormente, como Lalita-shakhi, ela estava sempre dedicada com amor a Srimati Radharani. O Décimo Segundo Capítulo desta parte do Sri Chaitanya Charitamrita tem uma descrição dos descendentes ou sucessão discipular de Gadadhara Pandita.

Verso 16

Seus discípulos e discípulos netos são seus sub-ramos. Seria muito difícil descrevê-los todos.

Verso 17

Vakresvara Pandita, o quinto ramo da árvore, é um servo muito querido pelo Senhor Chaitanya. Ele podia dançar em êxtase constante por setenta e duas horas.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 71, afirma que Vakresvara Pandita é uma encarnação de Aniruddha, uma das expansões quádruplas de Vishnu (Vasudeva, Sankarshana, Aniruddha e Pradyumna). Ele podia dançar de forma maravilhosa por setenta e duas horas contínuas. Quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu encenava peças teatrais na casa de Shrivasa Pandita, Vakresvara Pandita era um dos dançarinos principais, e dançava sem interrupção por esse período de tempo. Sri Govinda Dasa, um devoto do Senhor Chaitanya Mahaprabhu de Oriya, narrou a vida de Vakresvara Pandita em seu livro Gaura-krishnodaya. Há muitos discípulos de Vakresvara Pandita em Orissa, e são conhecidos como Gaudiya Vaishnavas apesar de serem Oriyas. Entre esses discípulos estão Sri Gopalaguru e seu discípulo Sri Dhyanachandra Goswami.

Verso 18

Sri Chaitanya Mahaprabhu cantava pessoalmente enquanto Vakresvara Pandita dançava, Vakresvara Pandita então caiu aos pés de lótus do Senhor e falou como se segue.

Verso 19

"Ó Chandramukha! Dê-me dez mil Gandharvas por favor. Para que eles cantem enquanto eu danço, assim ficarei muito feliz".

Iluminação de Srila Prabhupada:
Os Gandharvas, residentes de Gandharvaloka, são célebres como cantores celestiais. Sempre que o canto é necessário nos planetas celestiais, Gandharvas são convidados para cantar. Os Gandharvas podem cantar continuamente por dias, por isso que Vakresvara Pandita queria dançar enquanto eles cantavam.

Verso 20

O Senhor Chaitanya respondeu: "Eu só tenho uma asa que é você, mas se tivesse outra, voaria no céu com certeza"!

Verso 21

Pandita Jagadananda, o sexto ramo da árvore de Chaitanya, é célebre como a vida e alma do Senhor. Ele é famoso por ser uma encarnação de Satyabhama [uma das rainhas principais do Senhor Krishna].

Iluminação de Srila Prabhupada:
Há muitos casos de Jagadananda Pandita com o Senhor Chaitanya Mahaprabhu. O mais importante é que ele era companheiro constante do Senhor e teve participação especial em todos passatempos do Senhor nas casas de Shrivasa Pandita e Chandrashekhara Acharya.

Verso 22

Jagadananda Pandita [como encarnação de Satyabhama] sempre queria ver o conforto do Senhor Chaitanya, mas como o Senhor era sannyasi, não aceitava as regalias oferecidas por Jagadananda Pandita.

Verso 23

Eles às vezes pereciam brigar por causa de trivialidades, mas essas brigas eram devido à sua afeição mútua, sobre a qual falarei depois.

Verso 24

Raghava Pandita, o seguidor original do Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu, é considerado como o sétimo ramo. Dele, sai outro sub-ramo liderado por Makaradhwaja Kara.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Kara é o sobrenome de Makaradhwaja. Esse sobrenome geralmente se encontra no presente na comunidade Kayastha. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 166, afirma:

dhanistha bhaksya-samagrim
krsnayadad vraje 'mitam
saiva sampratam gauranga-
priyo raghava-panditah

Raghava Pandita anteriormente era uma gopi íntima em Vraja durante os passatempos do Senhor Krishna, e seu nome anterior era Dhanistha. Essa gopi, Dhanistha, sempre se dedicava a preparar a comida de Krishna.

Verso 25

A irmã de Raghava Pandita, Damayanti, era a serva querida do Senhor. Ela sempre coletava vários ingredientes com os quais cozinhava para o Senhor Chaitanya.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 167, menciona, gunamala vraje yasid damayanti tu tat-svasa: A gopi chamada Gunamala apareceu como a irmã de Raghava Pandita, Damayanti. A linha de trem na ferrovia East Bengal que começa na estação Sealdah em Calcutá tem uma estação chamada Sodapura, que não fica muito longe de Calcutá. Há uma vila chamada Panihati a dois quilômetros dessa estação na direção do lado oeste do Ganges, onde ainda existe a residência de Raghava Pandita. Há uma planta trepadeira numa plataforma de concreto na tumba de Raghava Pandita. Há também uma Deidade Madana-mohana num templo em ruínas que fica perto. Esse templo é administrado pelo Zamindar (rei, governador) local chamado Sri Shivachandra Raya Chaudhuri. Makaradhwaja Kara também era habitante de Panihati.

Verso 26

As comidas que Damayanti cozinhava para o Senhor Chaitanya quando Ele estava em Puri eram carregadas em sacos pelo irmão dela, Raghava, sem o conhecimento de ninguém mais.

Verso 27

O Senhor aceitou essas comidas por um ano inteiro. Esses sacos ainda são célebres como raghavera jhali ["os sacos de Raghava Pandita"].

Verso 28

Eu descreverei o conteúdo desses sacos de Raghava Pandita mais tarde neste livro. Os devotos quando ouvem essa narração choram, e as lágrimas escorrem de seus olhos.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Há uma vívida descrição desses raghavera jhali no Capítulo Dez da parte Antya-lila do Sri Chaitanya Charitamrita.

Verso 29

Pandita Gangadasa é o oitavo ramo da árvore de Sri Chaitanya Mahaprabhu. A pessoa que lembra suas atividades obtém liberdade de todo cativeiro.

Verso 30

Sri Acharya Purandara, o nono ramo, é um companheiro constante do Senhor Chaitanya. O Senhor o considerava como Seu pai.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Chaitanya Bhagavata descreve sempre que o Senhor Chaitanya Mahaprabhu visitava a casa de Raghava Pandita, Ele também visitava Purandara Acharya imediatamente depois de receber um convite. Purandara Acharya é considerado muito afortunado pois o Senhor costumava saudá-lo por chamá-lo de Seu pai e o abraçava com muito amor.

Verso 31

Damodara Pandita, o décimo ramo da árvore de Chaitanya, era tão elevado em amor pelo Senhor Chaitanya que uma vez castigou o Senhor sem hesitar com palavras duras.

Verso 32

Eu descreverei esse incidente do castigo em detalhes mais tarde no Sri Chaitanya Charitamrita. O Senhor ficou tão satisfeito com essa repreensão que mandou Damodara Pandita para Nabadwip.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Damodara Pandita, conhecido anteriormente como Shaibya em Vraja-dhama, costumava levar mensagens do Senhor Chaitanya para Shachimata, e durante o festival de Ratha-yatra, ele levava mensagens de Shachimata para o Senhor Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 33

O décimo primeiro ramo, o irmão mais novo de Damodara Pandita, era conhecido como Shankara Pandita. Ele era célebre como os sapatos do Senhor.

Verso 34

Sadashiva Pandita, o décimo segundo ramo, estava sempre ansioso para servir aos pés de lótus do Senhor. Quando o Senhor Nityananda veio para Nabadwip, ele teve a grande boa ventura do Senhor residir em sua casa.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-lila, Capítulo Nove, menciona que Sadashiva Pandita era um devoto puro e que Nityananda Prabhu residiu na casa dele.

Verso 35

O décimo terceiro ramo era Pradyumna Brahmachari. Como ele adora o Senhor Nrisimhadeva, Sri Chaitanya Mahaprabhu mudou seu nome para Nrisimhananda Brahmachari.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Pradyumna Brahmachari é descrito no Segundo Capítulo do Antya-lila do Sri Chaitanya Charitamrita. Ele era um grande devoto do Senhor Chaitanya que mudou seu nome para Nrisimhananda. Quando vinha da casa de Raghava Pandita em Panihati para a casa de Shivananda, o Senhor Chaitanya Mahaprabhu aparecia no coração de Nrisimhananda Brahmachari. Para reconhecer isso, Nrisimhananda Brahmachari costumava aceitar como alimento a comida de três Deidades, chamadas, Jagannatha, Nrisimhadeva e Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Isso é afirmado no Sri Chaitanya Charitamrita, Antya-lila, Segundo Capítulo, versos 48 a 78. Depois de receber a informação que o Senhor Chaitanya Mahaprabhu ia para Vrindavana a partir de Kuliya, Nrisimhananda se absorveu em meditação, e com suas atividades mentais, começou a construir uma estrada muito bela de Kuliya para Vrindavana. De repente, entretanto, ele rompeu sua meditação e disse para outros devotos que dessa vez o Senhor Chaitanya Mahaprabhu não ia para Vrindavana mas só até o lugar conhecido como Kanai Natasala. Isso é descrito no Madhya-lila, Capítulo Um, versos 155 a 162. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 74, afirma, avesas ca tathajneyo misre pradyumna-samjnake: Sri Chaitanya Mahaprabhu mudou o nome de Pradyumna Mishra, ou Pradyumna Brahmachari, para Nrisimhananda Brahmachari, pois o Senhor Nrisimhadeva estava manifesto em seu coração. É dito que o Senhor Nrisimhadeva costumava falar com ele diretamente.

Verso 36

Narayana Pandita, o décimo quarto ramo, um grande devoto liberal, não conhecia nenhum outro abrigo além dos pés de lótus do Senhor Chaitanya.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Narayana Pandita era um dos associados de Shrivasa Thakura. O Sri Chaitanya Bhagavata, Nono Capítulo, verso 93, menciona que ele foi ver Sri Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri com o irmão do Thakura, Sri Rama Pandita.

Verso 37

O décimo quinto ramo era Sriman Pandita, que era um servente constante do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Ele costumava carregar uma tocha enquanto o Senhor dançava.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sriman Pandita está entre os companheiros do Senhor Chaitanya Mahaprabhu quando o Senhor realizava sankirtana. Quando o Senhor Chaitanya Se vestiu na forma da deusa Lakshmi e dançou nas ruas de Nabadwip, Sriman Pandita carregava uma tocha para iluminar caminho.

Verso 38

O décimo sexto ramo, Shuklambara Brahmachari, era muito afortunado porque o Senhor Chaitanya Mahaprabhu pedia comida a ele de brincadeira ou a sério, ou algumas vezes pegava dele à força e comia.

Iluminação de Srila Prabhupada:
É dito que Shuklambara Brahmachari, um morador de Nabadwip, era o primeiro companheiro do Senhor Chaitanya Mahaprabhu no movimento sankirtana. Quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu voltou de Gaya depois da iniciação, ficou na casa de Shuklambara Brahmachari porque queria ouvir os passatempos do Senhor Krishna desse devoto. Shuklambara Brahmachari coletava doações de arroz dos habitantes de Nabadwip, e Sri Chaitanya Mahaprabhu ficava muito contente quando comia o arroz que ele preparava. É dito que Shuklambara Brahmachari era uma das esposas dos brâmanes yajñic durante os passatempos do Senhor Krishna em Vrindavana. O Senhor Krishna pediu comida para as esposas dos brâmanes yajñic, e o Senhor Chaitanya Mahaprabhu realizou um passatempo similar ao mendigar arroz de Shuklambara Brahmachari.

Verso 39

Nandana Acharya, o décimo sétimo ramo da árvore de Chaitanya, é célebre no mundo porque os dois Prabhus [Senhor Chaitanya e Nityananda] algumas vezes Se escondiam em sua casa.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Nandana Acharya é outro companheiro do Senhor Chaitanya Mahaprabhu durante Seus passatempos de kirtana em Nabadwip. Srila Nityananda Prabhu, como Avadhuta, viajava em vários lugares de peregrinação, e à primeira vez que veio a Sri Nabadwip Dhama, ficou escondido na casa de Nandana Acharya. Foi lá que Ele encontrou pela primeira vez todos devotos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Quando Chaitanya Mahaprabhu exibiu Seu maha-prakasha, pediu a Ramai Pandita para chamar Adwaita Prabhu, que estava escondido na casa de Nandana Acharya, pois Sri Chaitanya Mahaprabhu sabia que Ele estava escondido. Similarmente, o Senhor Chaitanya também Se escondeu algumas vezes na casa de Nandana Acharya. Pode-se consultar o Sri Chaitanya Bhagavata, Madhya-lila, Capítulo Seis e Dezessete, sobre isso.

Verso 40

Mukunda Datta, um colega de classe do Senhor Chaitanya, é outro ramo da árvore de Chaitanya. O Senhor Chaitanya dançava enquanto ele cantava.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Mukunda Datta nasceu no distrito Chattagrama, na vila Chanhara, que fica na jurisdição da delegacia de polícia chamada Patiya. Essa vila fica a dez kroshas, por volta de trinta e dois quilômetros, da casa de Pundarika Vidyanidhi. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (140) afirma:

vraje sthitau gayakau yau
madhukantha-madhuvratau
mukunda-vasudevau tau
dattau gauranga-gayakau

"Havia dois excelentes cantores em Vraja chamados Madhukantha e Madhuvrata. Eles apareceram em chaitanya-lila como Mukunda e Vasudeva Datta, que eram cantores da companhia do Senhor Chaitanya Mahaprabhu". Quando o Senhor Chaitanya era estudante, Mukunda Datta foi Seu colega de classe, e eles travavam discussões lógicas com freqüência. O Senhor Chaitanya Mahaprabhu algumas vezes discutia com Mukunda Datta, e usava artimanhas de lógica. Isso está descrito no Sri Chaitanya Bhagavata, Adi-lila, Capítulos Onze e Doze. Quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu voltou de Gaya, Mukunda Datta O satisfez com a recitação de versos do Srimad Bhagavatam sobre krishna-lila. Gadadhara Pandita Goswami se tornou discípulo de Pundarika Vidyanidhi pelo seu empenho, como afirma o Sri Chaitanya Bhagavata, Madhya-lila, Capítulo Sete. Quando Mukunda Datta cantava no quintal de Shrivasa Prabhu, Mahaprabhu dançava ao canto dele, e quando o Senhor Chaitanya exibiu uma manifestação extática durante vinte e quatro horas conhecida como sata-prahariya, Mukunda Datta inaugurou o espetáculo com seu canto.
O Senhor Chaitanya Mahaprabhu às vezes repreendia Mukunda Datta e o chamava de khadajathiya beta porque ele freqüentava muitos eventos realizados por diferentes classes de não devotos. Isso está descrito no Sri Chaitanya Bhagavata, Madhya-lila, Capítulo Dez. Quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu Se vestiu de deusa da fortuna para dançar na casa de Chandrashekhara, Mukunda Datta cantou a primeira canção.
Antes de revelar Seu desejo de aceitar a ordem de vida renunciada, o Senhor Chaitanya foi primeiro à casa de Mukunda Datta, e nessa ocasião, Mukunda Datta pediu para o Senhor Chaitanya Mahaprabhu continuar Seu movimento sankirtana por mais alguns dias antes de aceitar sannyasa. Isso está descrito no Sri Chaitanya Bhagavata, Madhya-lila, Capítulo Vinte e Seis. A notícia sobre o Senhor Chaitanya aceitar a ordem de vida renunciada chegou a Gadadhara Pandita, Chandrashekhara Acharya e Mukunda Datta por Nityananda Prabhu, assim todos foram para Katwa e organizaram kirtana e toda parafernália para a cerimônia de sannyasa do Senhor Chaitanya. Depois que o Senhor aceitou sannyasa, todos eles O seguiram, especialmente Sri Nityananda Prabhu, Gadadhara Prabhu e Govinda, que O seguiram por todo caminho para Purushottama-kshetra. Pode-se consultar o Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-lila, Capítulo Dois, a esse respeito. Nityananda Prabhu quebrou o bastão de sannyasa de Chaitanya Mahaprabhu no lugar conhecido como Jalesvara. Mukunda Datta também estava presente nessa ocasião. Ele ia todos os anos da Bengala para ver o Senhor Chaitanya em Jagannatha Puri.

Verso 41

Vasudeva Datta, o décimo nono ramo da árvore de Sri Chaitanya, era uma grande personalidade e um devoto muito íntimo do Senhor. Ninguém pode descrever suas qualidades mesmo com milhares de bocas.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Vasudeva Datta, o irmão de Mukunda Datta, também era morador de Chattagrama. O Sri Chaitanya Bhagavata afirma, yanra sthane krsna haya apane vikraya: Vasudeva Datta era um devoto tão poderoso que Krishna foi comprado por ele. Vasudeva Datta ficava na casa de Shrivasa Pandita, e o Sri Chaitanya Bhagavata descreve que o Senhor Chaitanya Mahaprabhu estava tão satisfeito com Vasudeva Datta e tinha tanta afeição por ele que costumava dizer: "Eu sou apenas um homem de Vasudeva Datta. Meu corpo se destina unicamente ao prazer de Vasudeva Datta, e ele pode Me vender em qualquer lugar". Ele jurou solenemente por três vezes que isso era um fato e ninguém devia desacreditar essas afirmações. Ele disse: "Todos Meus devotos queridos, Eu digo a verdade para vocês. Meu corpo se destina especialmente a Vasudeva Datta". Vasudeva Datta iniciou Sri Yadunandana Acharya, o mestre espiritual de Raghunatha Dasa Goswami. Isso está no Sri Chaitanya Charitamrita, Antya-lila, Capítulo Seis, verso 161. Vasudeva Datta gastava dinheiro com muita generosidade, por isso o Senhor Chaitanya Mahaprabhu pediu a Shivananda Sena para ser seu sarakhela, ou secretário, a fim de controlar seus gastos extravagantes. Vasudeva Datta tinha tanta compaixão pelos seres vivos que queria aceitar todas suas reações pecaminosas para que pudessem ser liberados por Sri Chaitanya Mahaprabhu. Isso está no Sri Chaitanya Charitamrita, Antya-lila, Capítulo Quinze, versos 159 a 180.
Há uma estação de trem chamada Purvasthali perto da estação ferroviária de Nabadwip, e cerca de dois quilômetros, numa vila conhecida como Mamagachi, que é o local de nascimento de Vrindavana Dasa Thakura, há atualmente um templo de Madana-gopala que foi fundado por Vasudeva Datta. Os devotos do Gaudiya Matha cuidam desse templo, e o seva-puja continua de forma excelente. Os peregrinos do navadvipa-parikrama visitam Mamagachi todos os anos. Desde quando Sri Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura inaugurou o festival de navadvipa-parikrama, o templo tem sido muito bem administrado.

Verso 42

Srila Vasudeva Datta Thakura queria sofrer por todas atividades pecaminosas de todas pessoas no mundo para que o Senhor Chaitanya Mahaprabhu pudesse liberá-las.

Verso 43

O vigésimo ramo da árvore de Chaitanya é Haridasa Thakura. Seu caráter é maravilhoso. Ele cantava o Santo Nome de Krishna 300.000 vezes por dia sem falha.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Com certeza, cantar os Santos Nomes do Senhor 300.000 vezes por dia é maravilhoso. Nenhuma pessoa comum pode cantar tantos nomes, nem ninguém deve imitar o comportamento de Haridasa Thakura artificialmente. Porém é essencial que todos cumpram um voto específico para cantar o maha-mantra Hare Krishna. Por isso que prescrevemos em nossa Sociedade que nossos estudantes cantem pelo menos dezesseis voltas diariamente. Esse canto deve ser sem ofensas para que seja de alta qualidade. O canto mecânico não é tão eficiente quanto o canto dos Santos Nomes sem ofensas. O Sri Chaitanya Bhagavata, Adi-lila, Capítulo Dois, afirma que Haridasa Thakura nasceu na vila conhecida como Budhana mas depois de algum tempo, veio morar na margem do Ganges em Phuliya perto de Shantipura. Na descrição de seu castigo pelo magistrado muçulmano, que está no Décimo Sexto Capítulo do Adi-lila do Sri Chaitanya Bhagavata, podemos compreender quanto humilde e calmo é Haridasa Thakura e como ele conquistou a misericórdia sem causa do Senhor. Nas peças de teatro que o Senhor Chaitanya Mahaprabhu encenava, Haridasa Thakura fazia o papel de chefe de polícia. Certa vez, quando cantava o maha-mantra Hare Krishna em Benapola, foi testado por Mayadevi em pessoa. O falecimento de Haridasa Thakura é descrito no Antya-lila do Sri Chaitanya Charitamrita, Décimo Primeiro Capítulo. Não se sabe ao certo se Haridasa Thakura nasceu na vila chamada Budhana que fica no distrito de Khulna. Antigamente, essa vila ficava no distrito dos vinte e quatro parganas dentro da divisão Satakshira (Bengala Ocidental).

Verso 44

As qualidades transcendentais de Haridasa Thakura não têm fim. Eu mencionei aqui apenas uma pequena fração de suas qualidades. Ele era tão elevado que quando Adwaita Goswami realizou a cerimônia shraddha de Seu pai, ofereceu o primeiro prato a ele.

Verso 45

As ondas de suas boas qualidades eram como as de Prahlada Maharaja. Ele nem mesmo pestanejou quando perseguido pelo governante muçulmano.

Verso 46

Quando Haridasa Thakura faleceu, o Senhor em pessoa pegou seu corpo no colo, e dançou com ele em grande êxtase.

Verso 47

Srila Vrindavana Dasa Thakura descreve vividamente os passatempos de Haridasa Thakura em seu Sri Chaitanya Bhagavata. Qualquer um que não foi descrito, tentarei explicar mais tarde neste Livro.

Verso 48

Um sub-ramo de Haridasa Thakura consiste dos residentes de Kulina-grama. O mais importante deles é Satyaraja Khan, ou Satyaraja Vasu, que é um recipiente de toda misericórdia de Haridasa Thakura.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Satyaraja Khan era filho de Gunaraja Khan e pai de Ramananda Vasu. Haridasa Thakura morou por algum tempo durante o período de Chaturmasya na vila chamada Kulina-grama, onde cantava o Santo Nome, o maha-mantra Hare Krishna, e distribuía sua misericórdia aos descendentes da família Vasu. Satyaraja Khan recebeu a incumbência de fornecer as cordas de seda para a Deidade de Jagannatha durante o festival Rathayatra. Suas respostas das questões feitas por Sri Chaitanya Mahaprabhu sobre o dever dos devotos chefes de família são descritos vividamente no Madhya-lila, Capítulos Quinze e Dezesseis. A vila Kulina-grama fica a três quilômetros da estação ferroviária chamada Jaugrama da ferrovia Newcord de Howrah para Burdwan. O Senhor Chaitanya Mahaprabhu elogiou com muita exaltação o povo de Kulina-grama, e afirmou que mesmo um cachorro de Kulina-grama era muito querido por Ele.

Verso 49

Murari Gupta, o vigésimo primeiro ramo da árvore de Sri Chaitanya Mahaprabhu, era um depósito de amor pelo Supremo. Sua grande humildade e tranqüilidade derreteram o coração do Senhor Chaitanya.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Murari Gupta escreveu um livro chamado Sri Chaitanya-charita. Ele pertencia a uma família de médicos vaidya (Védico) de Srihatta, o lar paterno do Senhor Chaitanya, e depois se tornou morador de Nabadwip. Ele estava entre os idosos de Sri Chaitanya Mahaprabhu. O Senhor Chaitanya exibiu Sua forma Varaha na casa de Murari Gupta, como o Sri Chaitanya Bhagavata, Madhya-lila, Terceiro Capítulo, descreve. Quando Sri Chaitanya Mahaprabhu exibiu Sua forma maha-prakasha, apareceu para Murari Gupta como o Senhor Ramachandra. Certa vez, Sri Chaitanya Mahaprabhu e Sri Nityananda Prabhu estavam sentados juntos na casa de Shrivasa Thakura, Murari Gupta primeiro prestou reverências ao Senhor Chaitanya e depois a Nityananda Prabhu. Porém, Nityananda Prabhu é mais velho que Chaitanya Mahaprabhu, o Senhor Chaitanya então comentou que Murari Gupta violou a etiqueta social, porque devia ter prestado reverências primeiro ao Senhor Nityananda e depois a Ele. Assim, pela graça de Sri Chaitanya Mahaprabhu, Murari Gupta ficou ciente sobre a posição de Sri Nityananda Prabhu, e no dia seguinte, primeiro prestou reverências para o Senhor Nityananda e depois para o Senhor Chaitanya. Sri Chaitanya Mahaprabhu deu pan mascada, ou noz de bétel, para Murari Gupta. Uma vez, Shivananda Sena ofereceu comida ao Senhor Chaitanya que tinha sido feita com ghi em excesso, o Senhor ficou doente no dia seguinte e foi até Murari Gupta para ser tratado. O Senhor Chaitanya aceitou um pouco de água do pote de Murari Gupta, e então ficou curado. O remédio natural para indigestão é beber um pouco de água, e como Murari Gupta era médico, deu um pouco de água para o Senhor beber, e O curou.
Quando Chaitanya Mahaprabhu apareceu na casa de Shrivasa Thakura em Sua Chaturbhuja murti (forma), Murari Gupta se tornou seu carregador na forma de Garuda, e nesses passatempos de êxtase o Senhor então montou em suas costas. Murari Gupta desejava deixar seu corpo antes da partida de Chaitanya Mahaprabhu, mas o Senhor o proibiu de fazer isso. Como está descrito no Sri Chaitanya Bhagavata, Madhya-lila, Vigésimo Capítulo. Certo dia, quando Sri Chaitanya Mahaprabhu apareceu em êxtase na Sua Varaha murti, Murari Gupta ofereceu-Lhe preces. Ele era um grande devoto do Senhor Ramachandra, e sua devoção fiel é descrita vividamente no Sri Chaitanya Charitamrita, Madhya-lila, Décimo Quinto Capítulo, versos 137 a 157.

Verso 50

Srila Murari Gupta nunca aceitava caridade de amigos, nem aceitava dinheiro de ninguém. Ele trabalhava como médico e mantinha sua família com seu salário.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Observamos que um grihastha (devoto chefe de família) não deve ganhar sua subsistência por mendigar de ninguém. Todo chefe de família das classes altas deve se dedicar ao seu dever profissional como brahmana, kshatriya ou vaishya, não deve se ocupar em servir outros, pois esse é o dever do shudra. A pessoa deve aceitar unicamente o que ganha com sua própria profissão. As obrigações dos brâmanes são yajana, yájana, pathana, páthana, dana e pratigraha. Um brâmane deve adorar Vishnu, e também deve instruir os outros como adorá-Lo. Um kshatriya pode se tornar proprietário de terras e ganhar a vida com a coleta de impostos e cobrança de aluguel dos locatários. Um vaishya pode aceitar agricultura ou comércio geral como seu dever profissional. Como Murari Gupta nasceu numa família de médicos (vaidya-vamsha), ele praticava a medicina, e mantinha sua família com o que ganhava. O Srimad Bhagavatam afirma que todos devem tentar satisfazer a Suprema Personalidade de Deus por meio da realização de seu dever profissional. Essa é a perfeição da vida. Esse sistema se chama daivi-varnashrama. Murari Gupta era um grihastha ideal, porque era um grande devoto do Senhor Ramachandra e de Chaitanya Mahaprabhu. Com seu trabalho como médico, ele mantinha sua família e ao mesmo tempo satisfazia o Senhor Chaitanya com o melhor de sua habilidade. Esse é o ideal da vida familiar.

Verso 51

Quando Murari Gupta tratava seus pacientes, por sua misericórdia, tanto suas doenças corpóreas quanto espirituais cessavam.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Murari Gupta podia tratar das doenças tanto físicas quanto espirituais porque era médico de profissão e um grande devoto do Senhor em termos de avanço espiritual. Esse é um exemplo de serviço à humanidade. Todos devem saber que há dois tipos de doenças na sociedade humana. Uma doença, chamada adhyatmika, ou doença material, pertence ao corpo, mas a doença principal é espiritual. O ser vivo é eterno, mas dum jeito ou de outro, quando está em contato com a energia material, fica sujeito à repetição de nascimento, morte, velhice e doença. Os médicos dos tempos modernos devem aprender com Murari Gupta. Apesar dos médicos filantrópicos modernos abrirem hospitais gigantescos, não existem hospitais que curam a doença material da alma espiritual. O movimento da consciência de Krishna assumiu a missão de curar essa doença, mas as pessoas não apreciam muito porque não sabem o que é essa doença. Uma pessoa doente precisa tanto do remédio correto quanto duma dieta apropriada, por isso que o movimento da consciência de Krishna fornece para as pessoas que sofrem a doença material o remédio de cantar o Santo Nome, ou maha-mantra Hare Krishna, e a dieta de prasada. Há muitos hospitais e clínicas médicas para curar as doenças corpóreas, mas não existem hospitais para curar a doença material da alma espiritual. Os centros do movimento da consciência de Krishna são os únicos hospitais estabelecidos que podem curar as pessoas do nascimento, morte, velhice e doença.

Verso 52

Sriman Sena, o vigésimo segundo ramo da árvore de Chaitanya, era um servo muito fiel do Senhor Chaitanya. Ele não conhecia nada mais além dos pés de lótus de Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sriman Sena era morador de Nabadwip e era companheiro constante do Senhor Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 53

Sri Gadadhara Dasa, o vigésimo terceiro ramo, é considerado o mais elevado, porque ele induziu todos os Kazis (magistrados) mulçumanos a cantarem o Santo Nome do Senhor Hari.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Por volta de quinze quilômetros de Calcutá, na margem do Ganges, fica uma vila conhecida como Endiyadaha-grama. Srila Gadadhara Dasa era conhecido como morador dessa vila (endiyadaha-vasi gadadhara dasa). O Bhakti-ratnakara (Sétima Onda) nos informa que depois da partida do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, Gadadhara Dasa veio de Nabadwip para Katwa. Depois, veio para Endiyadaha e viveu ali. Afirma-se que ele é o brilho do corpo de Srimati Radharani, da mesma forma como Srila Gadadhara Pandita Goswami é uma encarnação da própria Srimati Radharani. Explica-se algumas vezes que Chaitanya Mahaprabhu é radha-bhava-dyuti-suvalita, caracterizado pelas emoções e brilho corpóreo de Srimati Radharani. Gadadhara Dasa é dyuti, ou o brilho. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika explica que ele é a expansão da potência de Srimati Radharani. Ele está entre os companheiros tanto de Srila Gaurahari quanto de Nityananda Prabhu; como um devoto de Sri Chaitanya Mahaprabhu, ele era uma das companheiras do Senhor Krishna em amor conjugal, e como devoto do Senhor Nityananda, ele é considerado como uma das amigas de Krishna em serviço devocional puro. Mesmo como um companheiro do Senhor Nityananda Prabhu, ele não estava entre os meninos pastores de vacas mas estava situado na relação transcendental de amor conjugal. Ele fundou um templo de Sri Gaurasundara em Katwa.
No ano shakabda 1434 (1513 d.C.), quando o Senhor Nityananda Prabhu recebeu o poder do Senhor Chaitanya para pregar o movimento sankirtana na Bengala, Sri Gadadhara Dasa foi um dos assistentes principais do Senhor Nityananda. Ele pregava o movimento sankirtana por pedir a todos que cantassem o maha-mantra Hare Krishna. Esse método simples de pregação de Srila Gadadhara Dasa pode ser seguido por cada um e todos em qualquer posição na sociedade. A pessoa só tem que ser um servo sincero e sério de Nityananda Prabhu e pregar este culto de porta em porta.
Quando Srila Gadadhara Dasa Prabhu pregava o culto de hari-kirtana, tinha um magistrado que era altamente contra o movimento sankirtana. Por seguir os passos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, Srila Gadadhara Dasa foi uma noite até a casa do Kazi e pediu-lhe para cantar o maha-mantra Hare Krishna. O Kazi respondeu: "Tudo bem, cantarei Hare Krishna amanhã". Ao ouvir isso, Srila Gadadhara Dasa Prabhu começou a dançar e disse: "Por que amanhã? Você já cantou o maha-mantra Hare Krishna, então apenas continue". O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (versos 154-155) afirma:

radha-vibhuti-rupa ya
candrakantih pura vraje
sa sri-gauranga-nikate
dasa-vamsyo gadadharah
purnananda vraje yasid
baladeva-priyagrani
sapi karya-vasad eva
pravisat tam gadadharam

Srila Gadadhara Dasa é considerado uma forma unida de Chandrakanti, que é o resplendor de Srimati Radharani, e Purnananda, que é a principal das namoradas mais queridas do Senhor Balarama. Por isso que Srila Gadadhara Dasa Prabhu é um dos companheiros tanto de Chaitanya Mahaprabhu quanto de Nityananda Prabhu.
Certa vez, quando Srila Gadadhara Dasa Prabhu voltava para Bengala de Jagannatha Puri com Nityananda Prabhu, esqueceu-se de si mesmo e começou a falar muito alto como se fosse uma menina de Vrajabhumi que vendia iogurte, e Srila Nityananda Prabhu percebeu isso. Outra vez, absorto no êxtase das gopis, carregou um pote com água do Ganges na cabeça como se vendesse leite. Quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu apareceu na casa de Raghava Pandita enquanto ia para Vrindavana, Gadadhara Dasa foi vê-Lo, e Sri Chaitanya Mahaprabhu ficou tão contente que pôs Seu pé em sua cabeça. Quando Gadadhara Dasa Prabhu estava presente em Endiyadaha, instalou uma murti de Bala Gopala para ser adorada lá. Sri Madhava Ghosa encenou uma peça chamada "Dana-khanda" com a ajuda de Sri Nityananda Prabhu e Sri Gadadhara Dasa. Como é explicado no Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-lila 5.318-394.
A tumba de Gadadhara Dasa Prabhu, que fica na vila Endiyadaha, estava sob a direção dos Vaishnavas Samyogi e depois ficou sob a direção de Siddha Bhagavan Dasa Babaji de Kalna. Por sua ordem, Sri Madhusudana Mullik, um dos membros da família aristocrática Mullik de Narikeladanga em Calcutá, fundou um patavati (monastério) lá no ano bengali 1256 (1849 d.C.). Ele também organizou a adoração à Deidade chamada Sri Radhakanta. Seu filho, Balaichanda Mullik, instalou Deidades Gaura-Nitai lá no ano bengali 1312 (1905 d.C.). Assim, no trono do templo, têm as Deidades Gaura-Nityananda e as Deidades Radha-Krishna. Há uma placa abaixo do trono com uma inscrição em sânscrito. Nesse templo, também há uma pequena Deidade do Senhor Shiva como Gopesvara. Tudo isso é descrito numa pedra que fica ao lado da porta de entrada.

Verso 54

Shivananda Sena, o vigésimo quarto ramo da árvore, é um servo altamente íntimo do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Todos que iam a Jagannatha Puri para visitar o Senhor Chaitanya aceitavam o abrigo e a direção de Sri Shivananda Sena.

Verso 55

Todo ano, ele levava um grupo de devotos da Bengala a Jagannatha Puri para visitar o Senhor Chaitanya. Ele mantinha o grupo inteiro durante sua jornada na estrada.

Verso 56

O Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu abençoou Seus devotos com Sua misericórdia sem causa de três formas: Sua aparição pessoal direta [sakshat], Seu poder dentro de alguém que Ele capacita [avesha], e Sua manifestação [avirbhava].

Iluminação de Srila Prabhupada:
O aspecto sakshat de Sri Chaitanya Mahaprabhu é Sua presença pessoal. Avesha se refere ao poder investido, como o investido em Nakula Brahmachari. Avirbhava é a manifestação do Senhor que aparece mesmo sem Ele estar presente em pessoa. Por exemplo, Sri Shachimata oferecia comida em casa para Sri Chaitanya Mahaprabhu apesar Dele estar bem longe em Jagannatha Puri, e quando ela abria os olhos depois de oferecer a comida, via que foi comida realmente por Sri Chaitanya Mahaprabhu. Similarmente, quando Shrivasa Thakura fazia sankirtana, todos sentiam a presença de Sri Chaitanya Mahaprabhu, mesmo na Sua ausência. Esse é outro exemplo de avirbhava.

Verso 57

O aparecimento do Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu na presença de cada devoto se chama sakshat. Sua aparição em Nakula Brahmachari como um sintoma de poder especial é um exemplo de avesha.

Verso 58

O antigo Pradyumna Brahmachari recebeu o nome Nrisimhananda Brahmachari de Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 59

Seu corpo tinha sintomas de avirbhava. Essas aparições são raras, mas o Senhor Chaitanya Mahaprabhu exibiu muitos desses passatempos por meio de Suas várias características.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (74) afirma que Nakula Brahmachari exibiu o poder (avesha) e Pradyumna Brahmachari a aparição (avirbhava) de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Existem muitas centenas de milhares de devotos do Senhor Chaitanya entre os quais não há sintomas especiais, mas quando um devoto do Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu age com poder específico, exibe a característica chamada avesha. Sri Chaitanya Mahaprabhu propagou pessoalmente o movimento sankirtana, e aconselhou todos os habitantes de Bharatavarsha para aderirem a Seu culto e o pregarem por todo o mundo. Os sintomas corpóreos visíveis dos devotos que seguem essas instruções são chamados avesha. Srila Shivananda Sena observou tais sintomas avesha em Nakula Brahmachari, que exibiu sintomas exatamente iguais aos de Sri Chaitanya Mahaprabhu. O Sri Chaitanya Charitamrita afirma que a única atividade espiritual da era de Kali é a propagação do Santo Nome do Senhor, mas essa tarefa só pode ser realizada pela pessoa que recebe realmente o poder do Senhor Krishna. O processo pelo qual o devoto recebe esse poder se chama avesha, ou às vezes se chama shakty-avesha.
Pradyumna Brahmachari anteriormente foi morador da vila conhecida como Piyariganja em Kalna. Há uma descrição sobre ele no Antya-lila do Sri Chaitanya Charitamrita, Segundo Capítulo, e no Antya-lila do Sri Chaitanya Bhagavata, Capítulos Três e Nove.

Verso 60

Srila Shivananda Sena experimentou os três aspectos sakshat, avesha e avirbhava. Descreverei vividamente mais tarde esse assunto bem-aventurado de natureza transcendental.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Maharaja descreve Srila Shivananda Sena como se segue: Ele era residente de Kumarahatta, que também é conhecida como Halisahara, e era um grande devoto do Senhor. Há outra vila chamada Kanchadapada que fica a um quilômetro de Kumarahatta onde estão as Deidades Gaura-Gopala instaladas por Shivananda Sena, que também fundou um templo de Krishnaraya ainda existente. Shivananda Sena era o pai de Paramananda Sena, também conhecido como Puri Dasa ou Kavi-karnapura. Paramananda Sena escreveu em seu Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (176) que duas gopis de Vrindavana, cujos nomes anteriores eram Vira e Duti, uniram-se para se tornarem seu pai. Srila Shivananda Sena guiava todos devotos do Senhor Chaitanya que iam da Bengala para Jagannatha Puri, e pagava sozinho todas despesas da viagem. Como está descrito no Sri Chaitanya Charitamrita, Madhya-lila, Capítulo Dezesseis, versos 19 a 27. Srila Shivananda Sena tinha três filhos, chamados Chaitanya Dasa, Ramadasa e Paramananda. Seu filho mais novo se tornou Kavi-karnapura, e é o autor do Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika. Seu mestre espiritual era Srinatha Pandita, que era o sacerdote de Shivananda Sena. Shivananda Sena era encarregado de supervisionar os gastos de Vasudeva Datta, que esbanjava dinheiro. Sri Shivananda Sena experimentou realmente as características de Sri Chaitanya Mahaprabhu de sakshat, avesha e avirbhava. Uma vez, ele acolheu um cachorro no caminho para Jagannatha Puri, e o Antya-lila, Primeiro Capítulo, descreve que esse cachorro alcançou a salvação depois por causa de sua companhia. Quando Srila Raghunatha Dasa, que depois se tornou Raghunatha Dasa Goswami, fugiu do lar paterno para se juntar a Sri Chaitanya Mahaprabhu, seu pai escreveu uma carta a Shivananda Sena para ter informações sobre ele. Shivananda Sena forneceu-lhe os detalhes que pediu, e depois o pai de Raghunatha Dasa Goswami mandou alguns criados e dinheiro para Shivananda Sena cuidar de Raghunatha Dasa Goswami. Uma vez, Sri Shivananda Sena convidou o Senhor Chaitanya Mahaprabhu para sua casa e o alimentou tão suntuosamente que o Senhor teve indigestão e ficou um pouco doente. O filho de Shivananda Sena soube disso, e deu ao Senhor os gêneros alimentícios que ajudam a digestão, e assim o Senhor Chaitanya Mahaprabhu ficou muito contente. Isso está descrito no Antya-lila, Décimo Capítulo, versos 142 a 151.
Certa vez, quando iam para Jagannatha Puri, todos devotos tiveram que ficar em baixo duma árvore, sem o abrigo duma casa ou até mesmo uma cabana, por isso, Nityananda Prabhu ficou muito bravo, como se estivesse muito perturbado pela fome. Então, Ele amaldiçoou os filhos de Shivananda para morrerem. A esposa de Shivananda ficou muito angustiada com isso, e começou a chorar. Ela levou muito a sério que seus filhos foram amaldiçoados por Nityananda Prabhu e por isso morreriam com certeza. Quando Shivananda voltou para casa depois e viu sua mulher a chorar, disse: "Por que você chora? Que todos nós possamos morrer se for o desejo de Sri Nityananda Prabhu". Quando Shivananda Sena voltou e Srila Nityananda Prabhu o viu, o Senhor o chutou com muita força, e reclamou que estava com muita fome, e perguntou por que ele não arrumou Sua comida. Assim é o comportamento do Senhor com Seus devotos. Srila Nityananda Prabhu se comportou como uma pessoa faminta comum, como se dependesse plenamente da organização de Shivananda Sena.
Havia um sobrinho de Shivananda Sena chamado Shrikanta que deixou o grupo em protesto à maldição de Nityananda Prabhu e foi direto até Sri Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri, onde o Senhor o acalmou. Nessa ocasião, o Senhor permitiu que Seu dedão do pé fosse chupado por Puri Dasa, que era criança na época. E foi pela ordem de Chaitanya Mahaprabhu que ele pôde compor versos em sânscrito imediatamente. Durante os desentendimentos com a família de Shivananda, Sri Chaitanya Mahaprabhu ordenou a Seu secretário pessoal, Govinda, para dar a eles toda Sua comida remanescente. Isso está descrito no Antya-lila, Capítulo Doze, verso 53.

Verso 61

Os filhos, servos e membros da família de Shivananda Sena constituem um sub-ramo. Todos são serventes sinceros do Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 62

Os três filhos de Shivananda Sena, chamados Chaitanya Dasa, Ramadasa e Karnapura, eram todos devotos heróicos do Senhor Chaitanya.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Chaitanya Dasa, o filho mais velho de Shivananda Sena, escreveu um comentário sobre o Krishna-karnamrita que depois foi traduzido por Srila Bhaktivinoda Thakura em seu jornal Sajjana-toshani. De acordo com a opinião de peritos, Chaitanya Dasa é o autor do livro Chaitanya-charita (também conhecido como Chaitanya-charitamrita), composto em sânscrito. O autor não é Kavi-Karnapur, como se supõe geralmente. Essa é a opinião de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura. Sri Ramadasa é o segundo filho de Shivananda Sena. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (145) afirma que os dois famosos papagaios chamados Daksha e Vichakshana em krishna-lila se tornaram os irmãos mais velhos de Kavi-karnapura, chamados Chaitanya Dasa e Ramadasa. Karnapura, o terceiro filho, também conhecido como Paramananda Dasa ou Puri Dasa, foi iniciado por Srinatha Pandita, que era discípulo de Sri Adwaita Prabhu. Karnapura escreveu muitos livros que são muito importantes na Literatura Vaishnava, como o Ananda-vrindavana-champu, Alankara-kaustubha, Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika e o grande épico Chaitanya-chandrodaya-nataka. Ele nasceu no ano 1448 shakabda (1527 d.C.). E escreveu livros continuamente por dez anos, de 1488 a 1498 (shakabda).

Verso 63

Srivallabha Sena e Srikanta Sena também são sub-ramos de Shivananda Sena, pois não eram apenas seus sobrinhos mas também, devotos puros de Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Quando o Senhor Nityananda Prabhu repreendeu Shivananda Sena no caminho para Puri, esses dois sobrinhos de Shivananda deixaram o grupo em protesto, e foram ver Sri Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri. O Senhor entendeu os sentimentos dos rapazes, e pediu a Seu secretário pessoal Govinda para dar prasada a eles até que o grupo de Shivananda chegasse. No sankirtana do festival Ratha-yatra, esses dois irmãos eram do grupo liderado por Mukunda. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 174, afirma que a gopi chamada Katyayani apareceu como Srikanta Sena.

Verso 64

Govindananda e Govinda Datta, o vigésimo quinto e vigésimo sexto ramos da árvore, eram líderes de kirtana na companhia de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Govinda Datta era o cantor principal do grupo de kirtana do Senhor Chaitanya.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Govinda Datta nasceu na vila Sukhachara perto de Khadadaha.

Verso 65

Sri Vijaya Dasa, o vigésimo sétimo ramo, outro dos cantores principais do Senhor, deu ao Senhor muitos livros escritos à mão.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Antigamente não havia gráficas ou livros impressos. Todos livros eram escritos à mão. Livros preciosos eram preservados em manuscritos nos templos ou locais importantes, e a pessoa que tivesse interesse em algum livro tinha que copiá-lo à mão. Vijaya Dasa era um escrevente profissional que copiou muitos manuscritos e os deu a Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 66

Sri Chaitanya Mahaprabhu deu o nome Ratnabahu ["mãos preciosas"] a Vijaya Dasa porque copiou muitos manuscritos para Ele. O vigésimo oitavo ramo é Krishnadasa, que é muito querido pelo Senhor. Ele era conhecido como Akinchana Krishnadasa.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Akinchana significa "aquele que não possui nada neste mundo".

Verso 67

O vigésimo nono ramo é Sridhara, um vendedor de cascas de bananeira. Ele é um servo muito querido pelo Senhor. Em várias ocasiões, o Senhor fez piadas com ele.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sridhara era um brâmane pobre que ganhava a vida por vender cascas de bananeira que servem para fazer copos. O mais provável é que ele tinha um bananal e colhia folhas, casca e polpa das bananeiras para vender diariamente no mercado. Ele gastava cinqüenta por cento de seu ganho para adorar o Ganges, e usava o resto para sua subsistência. Quando Sri Chaitanya Mahaprabhu começou Seu movimento de desobediência civil em desafio ao Kazi, Sridhara dançou em júbilo. O Senhor costumava beber água de seu pote. Sridhara deu uma abóbora de presente para Shachidevi cozinhar antes do Senhor Chaitanya tomar sannyasa. Ele ia todos os anos ver o Senhor Chaitanya em Jagannatha Puri. Segundo Kavi-karnapura, Sridhara era um menino pastor de vacas em Vrindavana que se chama Kusumasava. o Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 133, afirma:

khola-vecataya khyatah
panditah sridharo dvijah
asid vraje hasya-karo
yo namna kusumasavah

"O menino pastor de vacas conhecido como Kusumasava em krishna-lila depois se tornou Kholavecha Sridhara durante o lila de Chaitanya Mahaprabhu em Nabadwip".

Verso 68

Todos os dias, o Senhor Chaitanya Mahaprabhu pegava de brincadeira frutas, flores e polpa de Sridhara e bebia a água de seu pote de ferro quebrado.

Verso 69

O trigésimo ramo é Bhagavan Pandita. Ele é um servo extremamente querido pelo Senhor, e mesmo antes, ele era um grande devoto do Senhor Krishna que sempre manteve o Senhor dentro de seu coração.

Verso 70

O trigésimo primeiro ramo é Jagadisha Pandita, e o trigésimo segundo é Hiranya Mahashaya, a quem o Senhor Chaitanya em Sua infância demonstrou Sua misericórdia sem causa.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Jagadisha Pandita foi anteriormente um grande dançarino em krishna-lila e era conhecido como Chandrahasa. Sobre Hiranya Pandita, é dito que certa vez quando o Senhor Nityananda, decorado com jóias preciosas, estava em sua casa, um grande ladrão tentou roubar essas jóias durante a noite inteira mas não teve sucesso. Depois, ele veio até Nityananda Prabhu e se rendeu a Ele.

Verso 71

O Senhor Chaitanya Mahaprabhu mendigou comida num dia de Ekadashi nas casas dos dois, e comeu.

Iluminação de Srila Prabhupada:
A regra para jejum em Ekadashi se destina especialmente aos devotos; não há restrições em Ekadashi sobre a comida que pode ser oferecida ao Senhor. O Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu comeu a comida do Senhor Vishnu em Seu êxtase como vishnu-tattva.

Verso 72

Os trigésimo terceiro e trigésimo quarto ramos são dois alunos de Chaitanya Mahaprabhu chamados Purushottama e Sanjaya, que eram alunos destacados em gramática (sânscrito). Eles são personalidades muito elevadas.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Esses dois alunos eram moradores de Nabadwip e foram os primeiros companheiros do Senhor no movimento sankirtana. Segundo o Sri Chaitanya Bhagavata, Purushottama Sanjaya era filho de Mukunda Sanjaya, mas o autor do Sri Chaitanya Charitamrita esclareceu que Purushottama e Sanjaya são duas pessoas, e não uma.

Verso 73

Vanamali Pandita, o trigésimo quinto ramo da árvore, era muito célebre neste mundo. Ele viu uma maça e um arado de ouro nas mãos do Senhor.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Vanamali Pandita viu o Senhor Chaitanya no êxtase de Balarama. Isso é descrito vividamente no Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-lila, Capítulo Nove.

Verso 74

O trigésimo sexto ramo, Buddhimanta Khan, era extremamente querido pelo Senhor Chaitanya Mahaprabhu ele é considerado como um servo principal do Senhor.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Buddhimanta Khan era um dos moradores de Nabadwip. Ele era muito rico, e foi ele quem arranjou o casamento do Senhor Chaitanya com Vishnupriya, a filha de Sanatana Mishra, que era o sacerdote do Zamindar (rei, governador) local. Ele custeou sozinho todas despesas da cerimônia de casamento. Quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu sofreu um ataque de vayu-vyadhi (desarranjo do ar dentro do corpo) Buddhimanta Khan pagou todos remédios e tratamentos necessários para curá-Lo. Ele era companheiro constante do Senhor no movimento sankirtana. Ele coletou ornamentos para o Senhor quando Ele fez o papel da deusa da fortuna na casa de Chandrashekhara Acharya. Ele também foi ver o Senhor Chaitanya Mahaprabhu quando estava em Jagannatha Puri.

Verso 75

Garuda Pandita, o trigésimo sétimo ramo da árvore, sempre se dedicava a cantar o nome auspicioso do Senhor. Por causa da força de seu canto, até mesmo o efeito do veneno não pôde afetá-lo.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Garuda Pandita foi picado por uma serpente venenosa certa vez, entretanto o veneno da serpente não o afetou por causa de seu canto do maha-mantra Hare Krishna.

Verso 76

Gopinatha Simha, trigésimo oitavo ramo da árvore, era um servo leal do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. O Senhor o chamava de Akrura de brincadeira.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Na realidade, ele era Akrura, como afirma o verso 117 do Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika.

Verso 77

Devananda Pandita era um narrador profissional do Srimad Bhagavatam, mas pela misericórdia de Vakresvara Pandita e pela graça do Senhor, ele compreendeu a interpretação devocional do Bhagavatam.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Chaitanya Bhagavata, Madhya-lila, Capítulo Vinte e Um, afirma que Devananda Pandita e o pai de Sarvabhauma Bhattacharya, Visharada, moravam na mesma aldeia. Devananda Pandita era narrador profissional do Srimad Bhagavatam, mas o Senhor Chaitanya Mahaprabhu não gostava da sua interpretação. Na presente cidade de Nabadwip, anteriormente conhecida como Kuliya, o Senhor Chaitanya demonstrou essa misericórdia a ele que o fez abandonar a interpretação Mayavadi do Srimad Bhagavatam e aprender como explicar o Srimad Bhagavatam nos termos de bhakti. Anteriormente, Shrivasa Thakura estava presente numa de suas reuniões, e quando começou a chorar, os alunos de Devananda o colocaram para fora. Alguns dias depois, Chaitanya Mahaprabhu passou por esse caminho, e quando encontrou Devananda, repreendeu-o severamente por causa de sua interpretação Mayavada do Srimad Bhagavatam. Nessa época, Devananda tinha pouca fé em Sri Chaitanya Mahaprabhu como uma encarnação do Senhor Krishna, mas algum tempo depois numa noite, Vakresvara Pandita era um convidado em sua casa e explicou a ciência de Krishna, assim Devananda foi convencido sobre a identidade do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Dessa forma, foi induzido a explicar o Srimad Bhagavatam de acordo com o entendimento Vaishnava. O verso 106 do Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika descreve que ele foi anteriormente Bhaguri Muni, o sabha-pandita que recitava literatura Védica na casa de Nanda Maharaja.

Versos 78-79

Sri Khandavasi Mukunda e seu filho Raghunandana são o trigésimo nono ramo da árvore, Narahari é o quadragésimo, Chiranjiva o quadragésimo primeiro e Sulochana o quadragésimo segundo. Todos eles são grandes ramos da árvore toda misericordiosa de Chaitanya Mahaprabhu. Eles distribuíram os frutos e flores do amor pelo Senhor em todo lugar e para todos.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Mukunda Dasa é filho de Narayana Dasa e irmão mais velho de Narahari Sarakara. O nome de seu segundo irmão é Madhava Dasa, e seu filho se chamava Raghunandana Dasa. Os descendentes de Raghunandana Dasa ainda vivem sete quilômetros a oeste de Katwa na vila chamada Srikhanda, onde Raghunandana Dasa vivia. Raghunandana teve um filho chamado Kanai, que teve dois filhos, Madana Raya, discípulo de Narahari Thakura, e Vamsivadana. Estima-se que pelo menos quatrocentos homens descendem dessa dinastia. Todos seus nomes estão registrados na vila conhecida como Srikhanda. O verso 175 do Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika afirma que a gopi chamada Vrindadevi se tornou Mukunda Dasa, que morava na vila Srikhanda e era muito querido por Sri Chaitanya Mahaprabhu. Sua maravilhosa devoção e amor por Krishna são descritos no Sri Chaitanya Charitamrita, Madhya-lila, Capítulo Quinze. O Bhakti-ratnakara (Oitava Onda) afirma que Raghunandana servia à Deidade do Senhor Chaitanya Mahaprabhu.
Narahari Dasa Sarakara é um devoto famoso. Lochana Dasa Thakura, o célebre autor do Sri Chaitanya-mangala, era seu discípulo. O Chaitanya-mangala afirma que Sri Gadadhara Dasa e Narahari Sarakara eram extremamente queridos por Sri Chaitanya Mahaprabhu, mas não há descrições específicas sobre os moradores da vila Srikhanda.
Chiranjiva e Sulochana eram moradores de Srikhanda, onde seus descendentes ainda vivem. Dos dois filhos de Chiranjiva, Ramachandra Kaviraja, era discípulo de Shrinivasacharya e companheiro íntimo de Narottama Dasa Thakura. O filho mais novo era Govinda Dasa Kaviraja, o famoso poeta Vaishnava. A esposa de Chiranjiva era Sunanda, e seu sogro era Damodara Sena Kaviraja. Chiranjiva morava antes na margem do rio Ganges na vila Kumaranagara. O verso 207 do Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika afirma que anteriormente ele era Chandrika em Vrindavana.

Verso 80

Satyaraja, Ramananda, Yadunatha, Purushottama, Shankara e Vidyananda todos pertencem ao vigésimo ramo. Eles são habitantes da vila conhecida como Kulina-grama.

Verso 81

Todos moradores da vila Kulina-grama, liderados por Vaninatha Vasu, são servos do Senhor Chaitanya, que é sua vida e única riqueza.

Verso 82

O Senhor disse: "O que falar dos outros, até um cachorro da vila Kulina-grama é Meu amigo querido".

Verso 83



"Ninguém pode descrever a posição afortunada de Kulina-grama. Ela é tão sublime que até mesmo os varredores de rua de lá que pastoreiam seus porcos também cantam o maha-mantra Hare Krishna".


Verso 84

No lado ocidental ficam o quadragésimo terceiro, quadragésimo quarto e quadragésimo quinto ramos, que são Sri Sanatana, Sri Rupa e Anupama. Eles são os melhores de todos.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Anupama era o pai de Srila Jiva Goswami e irmão mais novo de Sri Sanatana Goswami e Sri Rupa Goswami. Seu nome anterior era Vallabha, mas depois que o Senhor Chaitanya o encontrou, deu-lhe o nome Anupama. Porque trabalhavam para o governo muçulmano, esses três irmãos receberam o título Mullik. Nossa família pessoal é ligada aos Mulliks da Avenida Mahatma Gandhi em Calcutá, costumamos visitar o templo Radha-Govinda deles. Eles pertencem à mesma família que nós. (O gotra de nossa família, ou linha genealógica original, é o Gautama gotra, ou linha dos discípulos de Gautama Muni, e nosso sobrenome é "De"). Como aceitaram o posto de Zamindar (rei, governador) no governo muçulmano, receberam o título Mullik. Similarmente, Rupa, Sanatana e Vallabha também receberam o título Mullik. Mullik significa "soberano". Da mesma forma como o governo inglês dá o título "Lorde" para pessoas ricas e respeitáveis, os muçulmanos davam o título "Mullik" para famílias ricas e respeitáveis que tinham ligações íntimas com o governo. O título Mullik não se encontra apenas entre os aristocratas hindus mas também entre os muçulmanos. Esse título não se restringe a uma família específica mas também é dado a várias famílias e castas. A qualificação para recebê-lo é riqueza e respeitabilidade.
Sanatana Goswami e Rupa Goswami pertenciam ao gotra Bharadwaja, o que indica pertencerem tanto à família quanto à sucessão discipular de Bharadwaja Muni. Como membros do movimento da consciência de Krishna, pertencemos à família, ou secessão discipular, de Sarasvati Goswami, por isso que somos conhecidos como Sarasvatas. Portanto, prestamos reverências ao mestre espiritual como sarasvata-deva, ou um membro da família Sarasvata (namas te sarasvate deve), cuja missão é a propagação do culto de Sri Chaitanya Mahaprabhu (gaura-vani-pracarine) e combater impersonalistas e niilistas (nirvisesa-sunyavadi-pascatya-desa-tarine). Esse também era o dever oficial de Sanatana Goswami, Rupa Goswami e Anupama Goswami.
A árvore genealógica de Sanatana Goswami, Rupa Goswami e Vallabha Goswami pode ser traçada até o décimo segundo século shakabda, quando um cavalheiro chamado Sarvajña nasceu numa família brâmane muito rica e próspera na província de Karnata. Ele teve dois filhos chamados Aniruddhera Rupesvara e Harihara, que tiveram seus reinos usurpados e foram obrigados a ir morar nas montanhas. O filho de Rupesvara, chamado Padmanabha, mudou para um local na Bengala conhecido como Naihati na beira do Ganges. Ele teve cinco filhos, dos quais o mais novo, Mukunda, tinha um filho muito bem comportado chamado Kumaradeva, que era o pai de Rupa, Sanatana e Vallabha. Kumaradeva morava em Baklachandradwipa, que fica no distrito de Jessore e agora é conhecida como Phateyabad. De seus muitos filhos, três participaram do Vaishnavismo. Mais tarde, Sri Vallabha e seus irmãos mais velhos Sri Rupa e Sanatana vieram de Chandradwipa para a vila no distrito de Maldah da Bengala conhecida como Ramakeli. Foi nesta vila que Srila Jiva Goswami nasceu, ao aceitar Vallabha como seu pai. Porque se dedicaram ao serviço do governo muçulmano, os três irmãos receberam o título Mullik. Quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu visitou a vila Ramakeli, encontrou Vallabha lá. Mais tarde, Sri Rupa Goswami, depois de encontrar Sri Chaitanya Mahaprabhu, renunciou ao serviço do governo, e quando foi para Vrindavana encontrar o Senhor Chaitanya, Vallabha o acompanhou. O encontro de Rupa Goswami e Vallabha com Chaitanya Mahaprabhu em Allahabad é descrito no Madhya-lila, Capitulo Dezenove.
Na verdade, entendemos da afirmação de Sanatana Goswami que Sri Rupa Goswami e Vallabha foram para Vrindavana conforme as instruções de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Eles foram primeiro para Mathura, onde encontraram um cavalheiro chamado Subuddhi Raya, que se mantinha com a venda de lenha combustível. Ele ficou muito contente de encontrar Sri Rupa Goswami e Anupama, e mostrou a eles as doze florestas de Vrindavana. Assim, eles viveram em Vrindavana por um mês e novamente foram procurar Sanatana Goswami. Seguiram o curso do Ganges e chegaram em Allahabad, ou Prayaga-tirtha, como Sanatana Goswami chegou lá por outro caminho, não se encontraram, e quando Sanatana Goswami chegou em Mathura foi informado sobre a visita de Rupa Goswami e Anupama por Subuddhi Raya. Quando Rupa Goswami e Anupama encontraram Chaitanya Mahaprabhu em Benares, ouviram Dele sobre as viagens de Sanatana Goswami, e assim voltaram para a Bengala, acertaram suas contas com o estado, e de acordo com a ordem de Sri Chaitanya Mahaprabhu, foram ver o Senhor em Jagannatha Puri.
No ano 1436 shakabda (1515 d.C.), o irmão mais novo, Anupama, morreu e foi de volta ao lar, de volta ao Supremo. Ele foi até o reino no céu espiritual onde Sri Ramachandra fica. Sri Rupa Goswami informou Sri Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri sobre esse incidente. Vallabha era um grande devoto de Sri Ramachandra; por isso não conseguia considerar seriamente a adoração a Radha-Govinda conforme as instruções de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Contudo, ele aceitava diretamente Sri Chaitanya Mahaprabhu como uma encarnação da Suprema Personalidade de Deus Ramachandra. O Bhakti-ratnakara tem a seguinte afirmação: "Vallabha recebeu o nome Anupama de Sri Gaurasundara, mas estava sempre absorto no serviço devocional do Senhor Ramachandra. Ele não conhecia ninguém mais além de Sri Ramachandra, mas ele sabia que Chaitanya Gosañi era o mesmo Senhor Ramachandra".
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (180) descreve Sri Rupa Goswami como a gopi chamada Sri Rupa-mañjari. Há uma lista dos livros compilados por Sri Rupa Goswami no Bhakti-ratnakara. De todos esses livros, os dezesseis seguintes são muito populares entre os Vaishnavas: (1) Hamsaduta, (2) Uddhava-sandesha, (3) Krishna-janma-tithi-vidhi, (4 e 5) Radha-krishna-ganoddesha-dipika, Brihat (maior) e Laghu (menor), (6) Stavamala, (7) Vidagdha-madhava, (8) Lalita-madhava, (9) Dana-keli-kaumudi, (10) Bhakti-rasamrita-sindhu (é o livro mais célebre de Sri Rupa Goswami), (11) Ujjvala-nilamani, (12) Akhyata-chandrika, (13) Mathura-mahima, (14) Padyavali, (15) Nataka-chandrika e (16) Laghu-bhagavatamrita. Sri Rupa Goswami abandonou todas conexões familiares, entrou na ordem de vida renunciada e dividiu seu dinheiro, deu cinqüenta por cento aos brâmanes e Vaishnavas, vinte e cinco por cento a seu kutumba (membros familiares) e guardou vinte e cinco por cento para emergências pessoais. Ele encontrou Haridasa Thakura em Jagannatha Puri, onde também encontrou o Senhor Chaitanya e Seus outros companheiros. Sri Chaitanya Mahaprabhu costumava elogiar os manuscritos de Rupa Goswami. Srila Rupa Goswami podia compor versos conforme os desejos de Sri Chaitanya Mahaprabhu, e escreveu dois livros chamados Lalita-madhava e Vidagdha-madhava sob a direção Dele. O Senhor Chaitanya desejou que os dois irmãos publicassem muitos livros para apoiar a religião Vaishnava. Quando Sanatana Goswami encontrou Sri Chaitanya Mahaprabhu, o Senhor também o aconselhou a ir para Vrindavana.
Sri Sanatana Goswami é descrito no Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (181). Ele era conhecido anteriormente como Rati-mañjari ou algumas vezes como Lavanga-mañjari. O Bhakti-ratnakara afirma que seu mestre espiritual, Vidyavachaspati, ficava às vezes na vila Ramakeli, e Sanatana Goswami estudou toda literatura Védica com ele. Ele era tão dedicado a seu mestre espiritual que isso não pode ser descrito. Segundo o sistema Védico, se alguém vê um muçulmano, deve realizar rituais para purificar esse encontro. Sanatana Goswami estava sempre na companhia de reis muçulmanos. Sem dar muita atenção às regras Védicas, ele costumava visitar as casas de reis muçulmanos, por isso considerava como se fosse convertido muçulmano. Portanto, ele era sempre muito humilde e calmo. Quando Sanatana Goswami se apresentou ao Senhor Chaitanya Mahaprabhu, admitiu: "Estou sempre na companhia de pessoas de classe baixa, portanto meu comportamento é muito abominável". Na realidade, ele pertencia a uma família brâmane muito respeitável, mas como considerava seu comportamento abominável, nunca tentava se colocar entre os brâmanes mas sempre permanecia entre as pessoas de classe baixa. Ele compôs o Hari-bhakti-vilasa e Vaishnava-toshani, que é um comentário sobre o Décimo Canto do Srimad Bhagavatam. No ano 1476 shakabda (1555 d.C.) ele completou o comentário Brihad-vaishnava-toshani sobre o Srimad Bhagavatam. No ano 1504 shakabda (1583 d.C.), terminou o Laghu-toshani.
Sri Chaitanya Mahaprabhu ensinou Seus princípios por meio de seus seguidores principais. Entre eles, Ramananda Raya é excepcional, pois por seu intermédio o Senhor ensinou como um devoto pode dominar plenamente o poder de Cupido. Por causa do poder de Cupido, quando alguém vê uma bela mulher, é conquistado por sua beleza. Sri Ramananda Raya, entretanto, venceu o orgulho de Cupido. Na real, quando ensaiava o Jagannatha-vallabha-nataka, ele dirigia pessoalmente mulheres extremamente belas na dança, mas nunca foi afetado pela jovem beleza delas. Sri Ramananda Raya pessoalmente banhava essas moças, tocava nelas e as lavava com suas próprias mãos, mesmo assim ficava calmo e impassível, como um grande devoto deve ser. O Senhor Chaitanya Mahaprabhu certificou que isso só é possível para Ramananda Raya. Similarmente, Damodara Pandita era notável por sua objetividade como crítico. Ele não poupava nem mesmo Chaitanya Mahaprabhu de suas críticas. Isso também não pode ser imitado por ninguém. Haridasa Thakura é excepcional por sua tolerância porque apesar de ser surrado com chibatas em vinte e dois mercados, mesmo assim permaneceu tolerante. Similarmente, Sri Sanatana Goswami, apesar de pertencer a uma família brâmane das mais respeitáveis, era excepcional devido à sua humildade e tranqüilidade.
O Madhya-lila, Capítulo Dezenove, descreve o estratagema adotado por Sanatana Goswami para se livrar do serviço público. Ele enviou um memorando de doença ao Nawab, governador muçulmano, mas na realidade estudava o Srimad Bhagavatam com brâmanes em sua casa. O Nawab recebeu essa informação por intermédio do médico real, e foi ver Sanatana Goswami imediatamente para descobrir sua intenção. O Nawab pediu a Sanatana para acompanhá-lo numa expedição para Orissa, mas quando Sanatana Goswami recusou, o Nawab ordenou que ele fosse preso. Quando Rupa Goswami foi embora de casa, escreveu uma nota para Sanatana Goswami com a informação que tinha algum dinheiro guardado com um comerciante local. Sanatana Goswami aproveitou esse dinheiro para subornar o carcereiro e fugir da prisão. Ele foi então para Benares encontrar Chaitanya Mahaprabhu, apenas com um servo cujo nome era Ishana. Eles pararam num sarai, ou hotel, no caminho, e quando o dono do hotel descobriu que Ishana tinha algumas moedas de ouro, planejou matar Sanatana Goswami e Ishana para roubar as moedas. Depois, Sanatana Goswami notou que o dono do hotel não os conhecia, mas estava muito preocupado com seu conforto. Assim, concluiu que Ishana levava algum dinheiro em segredo e o dono do hotel desconfiou e planejava matá-los por causa disso. Sanatana Goswami questionou Ishana que admitiu ter dinheiro consigo, Sanatana Goswami pegou o dinheiro imediatamente e deu ao dono do hotel, então, pediu-lhe para ajudá-los a atravessar a selva. Assim com a ajuda do dono do hotel, que também era o líder dos ladrões daquele território, ele atravessou as montanhas Hazipur, que são conhecidas atualmente como Hazaribags. Depois encontrou seu cunhado Srikanta, que lhe pediu para ficar com ele. Sanatana Goswami recusou mas antes de deixar Srikanta, deu-lhe um cobertor valioso.
Sanatana Goswami finalmente conseguiu chegar em Varanasi na casa de Chandrashekhara. Conforme a ordem do Senhor Chaitanya, Sanatana Goswami raspou a cabeça e pôs roupas de mendigo, ou babaji. Ele usou panos velhos de Tapana Mishra e tomou prasada na casa do brâmane Maharashtran. Depois, ouviu os ensinamentos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, o Senhor explicou tudo sobre serviço devocional pessoalmente a Sanatana Goswami. Ele aconselhou Sanatana Goswami a escrever livros sobre serviço devocional, inclusive um livro sobre as direções para atividades Vaishnavas, e escavar os locais de peregrinação perdidos de Vrindavana. O Senhor Chaitanya Mahaprabhu deu-lhe Suas bênçãos para ele poder realizar todo esse trabalho e também explicou a Sanatana Goswami o significado do verso atmarama através de sessenta e um ângulos de visão.
Sanatana Goswami foi para Vrindavana pela estrada principal, e quando chegou em Mathura, encontrou Subuddhi Raya. Depois, voltou para Jagannatha Puri através de Jharikhanda, a selva de Uttara Pradesh. Em Jagannatha Puri, ele decidiu deixar seu corpo por se jogar em baixo da roda do ratha de Jagannatha, mas Chaitanya Mahaprabhu o salvou. Então, Sanatana Goswami encontrou Haridasa Thakura e ouviu dele sobre a partida de Anupama. Sanatana Goswami mais tarde descreveu as glórias de Haridasa Thakura. Sanatana observou a etiqueta do templo de Jagannatha ao ir pela praia para visitar o Senhor Chaitanya, apesar de estar extremamente quente por causa do Sol. Ele pediu a Jagadananda Pandita que lhe desse permissão para voltar a Vrindavana. o Senhor Chaitanya Mahaprabhu elogiou o caráter de Sanatana Goswami, e abraçou Sanatana, assim aceitou seu corpo como espiritual. Sri Chaitanya Mahaprabhu mandou Sanatana Goswami morar em Jagannatha Puri durante um ano. Quando voltou para Vrindavana depois de muitos anos, encontrou Rupa Goswami novamente, e os dois irmãos ficaram em Vrindavana para realizarem as ordens de Sri Chaitanya Mahaprabhu.
O local onde Sri Rupa Goswami e Sanatana Goswami viveram é hoje um lugar de peregrinação. Geralmente conhecido como Gupta Vrindavana, ou Vrindavana escondida, e fica treze quilômetros ao sul do English Bazaar. Lá, os seguintes locais são visitados: (1) o templo da Deidade Sri Madana-mohana, (2) a árvore Keli-kadamba, sob a qual Sri Chaitanya Mahaprabhu encontrava Sanatana Goswami à noite e (3) Rupasagara, uma grande lagoa escavada por Sri Rupa Goswami. Uma sociedade chamada Ramakeli-samskara-samiti foi fundada em 1924 para restaurar o templo e renovar a lagoa.

Verso 85

Entre esses ramos, Rupa e Sanatana são principais. Anupama, Jiva Goswami e outros, liderados por Rajendra, são seus sub-ramos.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 195, afirma que Srila Jiva Goswami foi anteriormente a gopi Vilasa-mañjari. Jiva Goswami desde sua infância gostava muito do Srimad Bhagavatam. Veio para Nabadwip mais tarde a fim de estudar sânscrito, e por seguir o exemplo de Sri Nityananda Prabhu, andava a pé ao redor de toda Nabadwip-dhama. Depois de visitar Nabadwip-dhama, foi para Benares estudar sânscrito com Madhusudana Vachaspati, quando terminou os estudos em Benares, foi para Vrindavana e se abrigou em seus tios, Sri Rupa e Sanatana. Isso está descrito no Bhakti-ratnakara. Segundo a informação que temos, Srila Jiva Goswami compôs e editou pelo menos vinte e cinco livros. Todos são célebres, e são os seguintes: (1) Hari-namamrita-vyakarana, (2) Sutra-malika, (3) Dhatu-sangraha, (4) Krishnarcha-dipika, (5) Gopala-virudavali, (6) Rasamrita-shesha, (7) Sri Madhava-mahotsava, (8) Sri Sankalpa-kalpavriksha, (9) Bhavartha-suchaka-champu, (10) Gopala-tapani-tika, (11) um comentário sobre o Brahma-samhita, (12) um comentário sobre o Bhakti-rasamrita-sindhu, (13) um comentário sobre o Ujjvala-nilamani, (14) um comentário sobre o Yogasara-stava, (15) um comentário sobre o Gayatri-mantra, como descrito no Agni Purana, (16) uma descrição sobre os pés de lótus do Senhor derivada do Padma Purana, (17) uma descrição dos pés de lótus de Srimati Radharani, (18) Gopala-champu (em duas partes) e (19-25) sete sandarbhas: Krama, Tattva, Bhagavat, Paramatma, Krishna, Bhakti e Priti. Depois da partida de Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami de Vrindavana, Srila Jiva Goswami se tornou o acharya de todos Vaishnavas na Bengala, Orissa e o resto do mundo, ele que guiava todos em seu serviço devocional. Ele inaugurou o templo Radha-Damodara em Vrindavana, onde tivemos a oportunidade de morar e ficar em retiro até os sessenta e cinco anos, quando decidimos ir para os Estados Unidos da América. Quando Jiva Goswami ainda estava presente, Srila Krishnadasa Kaviraja Goswami compilou seu famoso Sri Chaitanya Charitamrita. Mais tarde, Srila Jiva Goswami inspirou Srinivasa Acharya, Narottama Dasa Thakura e Duhkhi Krishnadasa para pregarem a Consciência de Krishna na Bengala. Jiva Goswami foi informado de que todos os manuscritos reunidos em Vrindavana que foram mandados para Bengala com propósito de pregação foram roubados perto de Vishnupura, na Bengala, mas depois soube que os livros foram recuperados. Sri Jiva Goswami concedeu o título Kaviraja a Ramachandra Sena, um discípulo de Srinivasa Acharya, e ao irmão mais novo de Ramachandra, Govinda. Quando Jiva Goswami estava vivo, Srimati Jahnavi-devi, a potência de prazer de Sri Nityananda Prabhu, foi para Vrindavana com alguns devotos. Jiva Goswami era muito bom para os Gaudiya Vaishnavas, os Vaishnavas da Bengala. Todos que iam para Vrindavana recebiam moradia e prasada. Seu discípulo Krishnadasa Adhikari relacionou todos os livros dos Goswamis em seu diário.
Os sahajiyas fizeram três acusações a Srila Jiva Goswami. Isso com certeza não é adequado para a realização de serviço devocional. A primeira acusação diz respeito a um materialista muito orgulhoso de sua reputação como grande erudito em sânscrito que se aproximou de Sri Rupa e Sanatana para debater com eles sobre as escrituras reveladas. Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami não queriam perder tempo e deram a ele uma declaração por escrito que foram derrotados por ele num debate sobre as escrituras reveladas. O erudito pegou essa declaração e foi até Jiva Goswami para obter um certificado de derrota similar, mas Jiva Goswami não concordou. Ao contrário, ele debateu com ele sobre as escrituras e o derrotou. Claro que é certo Jiva Goswami impedir tal erudito desonesto de alardear que derrotou Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami, mas por causa de sua falta de educação, a classe sahajiya aproveita esse incidente para acusar Srila Jiva Goswami de se desviar do princípio da humildade. Eles não sabem, todavia, que humildade e tolerância são adequadas quando a própria honra é insultada, mas não quando o Senhor ou os acharyas são blasfemados. Nesses casos, a pessoa não deve ser humilde e tolerante mas sim agir. Temos que seguir o exemplo dado por Sri Chaitanya Mahaprabhu. O Senhor Chaitanya afirma em Seu Shikshastaka (3):

trnad api sunicena
taror ivasahisnuna
amanina manadena
kirtaniyah sada harih

"A pessoa pode cantar o Santo Nome do Senhor em um estado mental humilde, por se considerar inferior à folha seca no chão. Deve ser mais tolerante do que uma árvore, desprovida de todo senso de falso prestígio, e deve estar pronta a prestar todo respeito aos outros. Nesse estado mental, a pessoa pode cantar o Santo Nome do Senhor constantemente". Entretanto, quando o Senhor soube que Nityananda Prabhu foi ferido por Jagai e Madhai, foi até o local imediatamente, furioso como o fogo, e queria matá-los. Assim o Senhor Chaitanya explicou Seu verso com o exemplo de Seu próprio comportamento. A pessoa tem que tolerar os insultos contra si mesma, mas quando ocorre uma blasfêmia cometida contra superiores como outros Vaishnavas, não deve ser humilde ou tolerante, mas deve ter a atitude apropriada para agir contra essa blasfêmia. Esse é o dever do servo de um guru e Vaishnavas. Qualquer um que entende o princípio da servidão eterna ao guru e Vaishnavas aprecia a ação de Sri Jiva Goswami em relação à vitória de um suposto erudito sobre seus gurus, Srila Rupa e Srila Sanatana Goswami.
Outra história fabricada para difamar Srila Jiva Goswami afirma que depois de compilar o Sri Chaitanya Charitamrita, Srila Krishnadasa Kaviraja Goswami mostrou o manuscrito a Jiva Goswami, o qual achou que arruinaria sua reputação como um grande erudito e por isso o atirou num poço. Srila Krishnadasa Kaviraja Goswami ficou muito chocado, e morreu imediatamente. Felizmente, uma cópia do manuscrito do Sri Chaitanya Charitamrita foi guardada por uma pessoa chamada Mukunda, por isso que foi possível publicá-lo depois. Esta história é outro exemplo vergonhoso de blasfêmia contra guru e Vaishnava. Esta história nunca pode ser aceita como verdadeira.
Segundo outra acusação, Srila Jiva Goswami não aprovava os princípios de parakiya-rasa em Vraja-dhama, por isso apoiava swakiya-rasa, por demonstrar que Radha e Krishna são casados eternamente. Na realidade, quando Jiva Goswami ainda era vivo, alguns de seus seguidores rejeitavam parakiya-rasa das gopis. Srila Jiva Goswami apoiou swakiya-rasa para o benefício espiritual deles, pois previu que os sahajiyas explorariam parakiya-rasa, como fazem no presente. Infelizmente, virou moda entre os sahajiyas de Vrindavana e Nabadwip, em seu deboche, achar um parceiro sexual sem casamento para viverem juntos e praticar o suposto serviço devocional em parakiya-rasa. Srila Jiva Goswami apoiou swakiya-rasa porque previu isso, e depois todos acharyas Vaishnavas também aprovaram. Srila Jiva Goswami nunca foi contra parakiya-rasa transcendental, nem nenhum outro Vaishnava desaprovou. Srila Jiva Goswami seguia fielmente seus gurus e Vaishnavas predecessores, Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami, e Srila Krishnadasa Kaviraja Goswami o aceita como um de seus gurus instrutores.

Verso 86

Por causa do desejo do jardineiro supremo, os ramos Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami cresceram múltiplas vezes, e se expandiram por todos países ocidentais e cobriram toda a região.

Verso 87

Esses dois ramos se expandiram até as fronteiras do rio Sindhu e os vales da cordilheira Himalaia por toda a Índia, inclusive os lugares de peregrinação como Vrindavana, Mathura e Haridwara.

Verso 88

Os frutos do amor ao Supremo que frutificaram nesses dois ramos foram distribuídos em abundância. Todos que experimentaram esses frutos ficaram loucos por eles.

Verso 89

As pessoas em geral do lado ocidental da Índia não são nem inteligentes nem bem comportadas, mas pela influência de Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami elas foram bem treinadas em serviço devocional e bom comportamento.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Apesar de não apenas no oeste da Índia que as pessoas foram contaminadas pela companhia dos muçulmanos, é um fato que quanto mais para o oeste da Índia, mais se encontram pessoas afastadas da cultura védica. Até cinco mil anos atrás, quando o planeta inteiro estava sob o controle de Maharaja Parikshit, a cultura Védica era vigente em toda parte. Porém, gradualmente, as pessoas foram influenciadas pela cultura não Védica, e perderam a percepção de como se comportar em relação ao serviço devocional. Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami com muita compaixão pregaram o culto de bhakti no oeste da Índia, e vários propagadores do culto de Chaitanya seguem seus passos e propagam o movimento sankirtana nos países ocidentais e ensinam pelo exemplo pessoal os princípios do comportamento Vaishnava, assim purificam e melhoram muitas pessoas que anteriormente eram acostumadas à cultura dos mlecchas e yavanas. Todos nossos devotos dos países ocidentais abandonam seus maus hábitos de sexo ilícito, intoxicação, comer carne e jogos de azar. Claro que quinhentos anos atrás, essas práticas não eram conhecidas na Índia, pelo menos no leste da Índia, mas infelizmente, no presente, toda a Índia foi vítima desses princípios não Védicos, que em alguns casos são até apoiados pelo governo.

Verso 90

Segundo as direções das escrituras reveladas, os dois Goswamis escavaram os lugares de peregrinação perdidos e inauguraram a adoração às Deidades em Vrindavana.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O local onde fica Sri Radha-kunda no presente era um campo agrícola no tempo de Chaitanya Mahaprabhu. Havia um pequeno reservatório de água lá, e Sri Chaitanya Mahaprabhu Se banhou naquela água assim revelou que o Radha-kunda original existia naquele lugar. Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami seguiram Suas instruções e restabeleceram Radha-kunda. Este é um exemplo brilhante de como os Goswamis escavaram os lugares de peregrinação perdidos. Similarmente, foi pela dedicação dos Goswamis que todos os templos importantes de Vrindavana foram estabelecidos. São sete templos originais Gaudiya Vaishnava mais importantes estabelecidos em Vrindavana, chamados, templo Madana-mohana, templo Govinda, templo Gopinatha, templo Sri Radharamana, templo Radha-Shyamasundara, templo Radha-Damodara e templo Gokulananda.

Verso 91

Srila Raghunatha Dasa Goswami, o quadragésimo sexto ramo da árvore, é um dos servos mais queridos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Ele abandonou todas suas posses materiais para se render completamente ao Senhor e viver a Seus pés de lótus.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Srila Raghunatha Dasa Goswami provavelmente nasceu no ano 1416 shakabda (1495 d.C.) numa família kayastha como filho de Govardhana Majumdara, que era irmão mais novo do Zamindar da época, Hiranya Majumdara. Ele nasceu na vila chamada Sri Krishnapura. Há uma estação na ferrovia entre Calcutá e Burdwan chamada Trishabagha, a vila Sri Krishnapura fica a cerca de três quilômetros dela, onde ficava a casa dos pais de Sri Raghunatha Dasa Goswami. Tem um templo de Sri Sri Radha-Govinda até hoje lá. Há uma grande área aberta na frente do templo mas não tem nenhum salão grande para reuniões. Porém, um cavalheiro rico de Calcutá chamado Haricharana Ghosha, que morava no quarteirão Simla, restaurou o templo recentemente. O complexo do templo inteiro foi cercado por muros, e há um pequeno quarto no lado do templo com uma pequena plataforma onde Raghunatha Dasa Goswami adorava a Deidade. O moribundo rio Sarasvati passa ao lado do templo.
Os antepassados de Srila Raghunatha Dasa Goswami eram todos Vaishnavas e eram muito ricos. Seu mestre espiritual caseiro era Yadunandana Acharya. Apesar de Raghunatha Dasa ser chefe de família, não tinha apego por seu patrimônio e esposa. Como sabiam de sua tendência a fugir de casa, seu pai e seu tio contrataram guarda-costas especialmente para vigiá-lo, mas mesmo assim ele conseguiu escapar deles e foi embora para Jagannatha Puri encontrar Sri Chaitanya Mahaprabhu. Esse incidente aconteceu no ano 1439 shakabda (1518 d.C.). Raghunatha Dasa Goswami compilou três livros, chamados Stava-mala (ou Stavavali), Dana-charita e Muktacharita. Ele viveu muito. Viveu a maior parte de sua vida no Radha-kunda. O lugar onde Raghunatha Dasa Goswami realizava seu serviço devocional ainda existe no Radha-kunda. Ele quase parou de comer, por isso era esquelético e tinha saúde fraca. Sua única preocupação era cantar o Santo Nome do Senhor. Ele reduziu seu sono gradualmente até o ponto de quase não dormir. É dito que seus olhos estavam sempre cheios de lágrimas. Quando Srinivasa Acharya foi ver Raghunatha Dasa Goswami, o Goswami o abençoou ao abraçá-lo. Srinivasa Acharya pediu suas bênçãos para poder pregar na Bengala, e Srila Raghunatha Dasa Goswami o abençoou. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (186) afirma que Srila Raghunatha Dasa Goswami foi anteriormente a gopi chamada Rasa-mañjari. Às vezes se diz que ele era Rati-mañjari.

Verso 92

Quando Raghunatha Dasa Goswami se aproximou de Sri Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri, o Senhor o confiou aos cuidados de Swarupa Damodara, Seu secretário. Assim os dois se dedicaram ao serviço confidencial do Senhor.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Esse serviço confidencial era o cuidado pessoal do Senhor. Swarupa Damodara, como Seu secretário pessoal, cuidava dos banhos, refeições, descanso e massagens do Senhor, e Raghunatha Dasa Goswami o ajudava. De fato, Raghunatha Dasa Goswami atuava como secretário assistente do Senhor.

Verso 93

Ele prestou serviço confidencial ao Senhor por dezesseis anos em Jagannatha Puri, depois da partida do Senhor e de Swarupa Damodara, deixou Jagannatha Puri e foi para Vrindavana.

Verso 94

Srila Raghunatha Dasa Goswami pensou em ir para Vrindavana a fim de ver os pés de lótus de Rupa e Sanatana, e depois deixar sua vida por pular da colina Govardhana.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Pular do cume da colina Govardhana é um sistema de suicídio realizado especialmente por pessoas santas. Depois da partida do Senhor Chaitanya e Swarupa Damodara, Raghunatha Dasa Goswami sentia profunda angústia da separação dessas duas personalidades exaltadas, por isso decidiu deixar sua vida por pular da colina Govardhana em Vrindavana. Porém, antes de fazer isso, ele queria ver os pés de lótus de Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami.

Verso 95

Srila Raghunatha Dasa Goswami veio então para Vrindavana, visitou Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami e prestou reverências a eles.

Verso 96

Os dois irmãos, entretanto, não permitiram que ele morresse. Eles o aceitaram como seu terceiro irmão e o mantiveram em sua companhia.

Verso 97

Como Raghunatha Dasa Goswami foi assistente de Swarupa Damodara, sabia muito sobre as características externas e internas dos passatempos do Senhor Chaitanya. Por isso os dois irmãos Rupa e Sanatana sempre ouviam isso dele.

Verso 98

Raghunatha Dasa Goswami abandonou gradualmente toda comida e bebida, e tomava apenas algumas gotas de leite desnatado.

Verso 99

Como dever diário, ele prestava regularmente mil reverências ao Senhor, cantava pelo menos cem mil Santos Nomes e prestava reverências a dois mil Vaishnavas.

Verso 100

Ele prestava serviço íntimo em sua mente a Radha-Krishna dia e noite, e discursava sobre o caráter do Senhor Chaitanya Mahaprabhu durante três horas por dia.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Temos muito que aprender sobre bhajana, ou adoração ao Senhor, por seguir os passos de Raghunatha Dasa Goswami. Todos os Goswamis se ocupavam nessas atividades transcendentais, como descreve o poema sobre eles de Srinivasa Acharya (krsnotkirtana-gana-nartana-parau premamrtambho-nidhi). A pessoa deve realizar serviço devocional com fidelidade por seguir os passos de Raghunatha Dasa Goswami, Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami, especialmente o cantar do Santo Nome do Senhor.

Verso 101

Sri Raghunatha Dasa Goswami tomava três banhos por dia no lago Radha-kunda. Logo que via um Vaishnava morador de Vrindavana, abraçava-o e prestava-lhe todo respeito.

Verso 102

Ele se dedicava ao serviço devocional por mais de vinte e duas horas e meia por dia, e dormia menos de duas horas, apesar de alguns dias isso também não era possível.

Verso 103

Fico maravilhado quando ouço sobre o serviço devocional que ele realizava. Eu aceito Srila Rupa Goswami e Raghunatha Dasa Goswami como meus guias.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Srila Krishnadasa Kaviraja Goswami aceita Raghunatha Dasa Goswami como seu guia especial. Por isso que ele diz no fim de cada capítulo, sri-rupa-raghunatha-pade yara asa caitanya-caritamrta kahe krsnadasa. Às vezes há o mal entendido de que usa a palavra raghunatha para prestar respeitosas reverências a Raghunatha Bhatta Goswami, porque às vezes se diz que Raghunatha Bhatta Goswami foi seu mestre espiritual iniciador. Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Goswami não aprova essa afirmação, ele não aceita Raghunatha Bhatta Goswami como mestre espiritual de Srila Krishnadasa Kaviraja Goswami.

Verso 104

Mais tarde darei uma explicação bem elaborada de como todos esses devotos encontraram Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 105

Sri Gopala Bhatta Goswami, o quadragésimo sétimo ramo, é um dos maiores e mais exaltados ramos da árvore. Ele estava sempre dedicado a conversas sobre o amor ao Supremo na companhia de Rupa Goswami e Sanatana Goswami.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Gopala Bhatta Goswami era filho de Venkata Bhatta, um morador de Srirangam. Gopala Bhatta pertencia anteriormente à sucessão discipular do Ramanuja-sampradaya, mas depois se tornou membro do Gaudiya-sampradaya. No ano 1433 shakabda (1512 d.C.), quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu viajava pelo sul da Índia, permaneceu quatro meses durante o período de Chaturmasya na casa de Venkata Bhatta, que teve a oportunidade de servir o Senhor para a felicidade de seu coração. Gopala Bhatta também teve a oportunidade de servir o Senhor nessa época. Sri Gopala Bhatta Goswami foi iniciado depois por seu tio, o grande sannyasi Prabodhananda Sarasvati. Tanto o pai quanto a mãe de Gopala Bhatta Goswami eram extremamente afortunados, porque dedicaram suas vidas inteiras ao serviço do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Eles permitiram que Gopala Bhatta Goswami fosse para Vrindavana, e deixaram suas vidas com o pensamento em Sri Chaitanya Mahaprabhu. Quando o Senhor Chaitanya foi informado que Gopala Bhatta Goswami tinha ido para Vrindavana e encontrou Sri Rupa e Sanatana Goswami, ficou muito contente, e aconselhou Sri Rupa e Sanatana a aceitarem Gopala Bhatta Goswami como seu irmão mais novo e cuidarem dele. Sri Sanatana Goswami, por causa de seu grande afeto por Gopala Bhatta Goswami, compilou o Vaishnava smriti chamado Hari-bhakti-vilasa e o publicou em seu nome. Com as instruções de Srila Rupa e Sanatana, Gopala Bhatta Goswami instalou uma das sete Deidades principais de Vrindavana, a Deidade Radharamana. Os sevaits (sacerdotes) do templo Radharamana pertencem ao Gaudiya-sampradaya.
Quando Krishnadasa Kaviraja Goswami pediu a permissão de todos Vaishnavas antes de escrever o Sri Chaitanya Charitamrita, Gopala Bhatta Goswami também lhe deu suas bênçãos, mas pediu a ele que não mencionasse seu nome no livro. Por isso que Krishnadasa Kaviraja Goswami menciona Gopala Bhatta Goswami apenas com muita cautela em uma ou duas passagens do Sri Chaitanya Charitamrita. Srila Jiva Goswami escreveu no início de seu Tattva-sandarbha: "Um devoto do sul da Índia que nasceu numa família brâmane e era amigo íntimo de Rupa Goswami e Sanatana Goswami escreveu um livro que não compilou cronologicamente. Por isso que eu, um ser vivo insignificante conhecido como jiva, tento classificar os eventos do livro em ordem cronológica, com a consulta à direção de grandes personalidades como Madhwacharya, Sridhara Swami, Ramanujacharya e outros Vaishnavas superiores na sucessão discipular". Há uma afirmação similar no início do Bhagavat-sandarbha de Srila Jiva Goswami. Srila Gopala Bhatta Goswami compilou um livro chamado Sat-kriya-sara-dipika, editou o Hari-bhakti-vilasa, escreveu o prefácio do Sat-sandarbha e um comentário sobre o Krishna-karnamrita, e instalou a Deidade Radharamana em Vrindavana. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 184, menciona que seu nome anterior nos passatempos do Senhor Krishna era Ananga-mañjari. Às vezes se diz que ele é uma encarnação de Guna-mañjari. Srinivasa Acharya e Gopinatha Pujari são dois de seus discípulos.

Verso 106

O acharya Shankararanya é considerado o quadragésimo oitavo ramo da árvore original. Os sub-ramos chamados Mukunda, Kashinatha e Rudra saem dele.

Iluminação de Srila Prabhupada:
É dito que Shankararanya era o nome sannyasa de Srila Visvarupa, irmão mais velho de Visvambhara (o nome original de Sri Chaitanya Mahaprabhu). Shankararanya faleceu no ano 1432 shakabda (1512 d.C.) em Sholapur, onde há um lugar de peregrinação conhecido como Panderapura. Isso é mencionado no Madhya-lila, Capítulo Nove, versos 299 e 300.
O Senhor Chaitanya Mahaprabhu abriu uma escola primária na casa de Mukunda, ou Mukunda Sanjaya, e o filho de Mukunda, cujo nome era Purushottama, se tornou aluno do Senhor. Kashinatha organizou o casamento do Senhor Chaitanya em Seu ashrama prévio, quando Seu nome era Visvambhara. Kashinatha convenceu o pandita (sábio) da corte, Sanatana, a oferecer sua filha a Visvambhara. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 50, menciona que Kashinatha é uma encarnação do brâmane Kulaka, quem Satrajit enviou para tratar do casamento de Krishna com Satyabhama, e o verso 135 menciona que Rudra, ou Sri Rudrarama Pandita, foi anteriormente um amigo do Senhor Krishna chamado Varuthapa. Sri Rudrarama Pandita construiu um grande templo em Vallabhapura, que fica dois quilômetros ao norte de Mahesha, para as Deidades chamadas Radhavallabha. Os descendentes de seu irmão, Yadunandana Vandyopadhyaya, são conhecidos como Chakravarti Thakura, e são encarregados da manutenção do templo como sevaits. Antigamente, a Deidade Jagannatha vinha para o templo Radhavallabha por Mahesha durante o festival Ratha-yatra, mas no ano 1262 bengali (1855 d.C.), devido a um mal entendido entre os sacerdotes dos dois templos, a Deidade Jagannatha parou de vir.

Verso 107

Srinatha Pandita, o quadragésimo nono ramo, era o recipiente querido de toda misericórdia de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Todos nos três mundos ficavam admirados de ver como ele adorava o Senhor Krishna.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Cerca de três quilômetros de Kumarahatta, ou Kamarhatta, que fica a poucos quilômetros de Calcutá, está a vila conhecida como Kanchadapada que era o lar de Sri Shivananda Sena. Ele construiu um templo de Sri Gaura-gopala lá. Um outro templo foi inaugurado lá com as murtis Sri Radha-Krishna por Srinatha Pandita. A Deidade desse templo se chama Sri Krishna Raya. O templo de Krishna Raya, construído no ano 1708 shakabda (1787 d.C.) por um Zamindar proeminente chamado Nimai Mullik de Pathuriya-ghata em Calcutá, é muito grande. Tem um grande pátio na frente do templo, e há quartos para hospedagem de visitantes e boa organização para preparação de prasada. Todo o pátio é cercado por muros altos, e o templo é tão grande quanto o templo de Mahesha. Tem uma placa com a inscrição dos nomes de Srinatha Pandita, seu pai e seu avô, e a data da construção do templo. Srinatha Pandita, um discípulo de Adwaita Prabhu, era mestre espiritual do terceiro filho de Shivananda Sena, que era conhecido como Paramananda Kavi-karnapura. É dito que a Deidade Krishna Raya foi instalada na época de Kavi-karnapura. É dito que Virabhadra Prabhu, o filho de Nityananda Prabhu, trouxe uma grande pedra de Murshidabad com a qual as três Deidades foram esculpidas, chamadas Radhavallabha vigraha de Vallabhapura, Shyamasundara vigraha de Khadadaha e Sri Krishna Raya vigraha de Kanchadapada. A casa de Shivananda Sena ficava na beira do Ganges perto dum templo quase em ruínas. É dito que o mesmo Nimai Mullik de Calcutá viu esse templo de Krishna Raya em ruínas no caminho para Benares e depois construiu o presente templo.

Verso 108

Jagannatha Acharya, o qüinquagésimo ramo da árvore de Chaitanya, é um servo extremamente querido pelo Senhor, por cuja ordem ele decidiu viver na margem do Ganges.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Jagannatha Acharya é mencionado no Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (111) como o antigo Durvasa de Nidhuvana.

Verso 109

O qüinquagésimo primeiro ramo da árvore de Chaitanya é Krishnadasa Vaidya, o qüinquagésimo segundo é Pandita Shekhara, o qüinquagésimo terceiro é Kavichandra, e o qüinquagésimo quarto é Shasthivara, que era um grande realizador de sankirtana.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (171) menciona que Srinatha Mishra era a gopi Chitrangi e que Kavichandra era a gopi Manohara.

Verso 110

O qüinquagésimo quinto ramo é Srinatha Mishra, o qüinquagésimo sexto é Shubhananda, o qüinquagésimo sétimo é Srirama, o qüinquagésimo oitavo é Ishana, o qüinquagésimo nono é Srinidhi, o sexagésimo é Sri Gopikanta, e o sexagésimo primeiro é Mishra Bhagavan.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Shubhananda, que viveu em Vrindavana anteriormente como Malati, era um dos líderes de kirtana que dançava na frente do carro Ratha-yatra durante o festival de Jagannatha. É dito que ele comeu a espuma que saia da boca do Senhor quando Ele dançava na frente do carro Ratha-yatra. Ishana era servo pessoal de Srimati Shachidevi, que lhe concedeu grande misericórdia. Ele também era muito querido pelo Senhor Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 111

O sexagésimo segundo ramo da árvore é Subuddhi Mishra, o sexagésimo terceiro é Hridayananda, o sexagésimo quarto é Kamala-nayana, o sexagésimo quinto é Mahesha Pandita, o sexagésimo sexto é Srikara, e o sexagésimo sétimo é Sri Madhusudana.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Subuddhi Mishra, que foi anteriormente Gunachuda em Vrindavana, instalou as Deidades Gaura-Nityananda num templo na vila conhecida como Belagan, que fica cerca de cinco quilômetros de Srikhanda. Seu descente atual é conhecido como Govindachandra Goswami.

Verso 112

O sexagésimo oitavo ramo da árvore original é Purushottama, o sexagésimo nono é Sri Galima, o septuagésimo é Jagannatha Dasa, o septuagésimo primeiro é Sri Chandrashekhara Vaidya, e o septuagésimo segundo é Dwija Haridasa.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Há um certa dúvida se Dwija Haridasa é o autor do Ashtottara-shata-nama. Ele teve dois filhos chamados Sridama e Gokulananda, que eram discípulos de Sri Adwaita Acharya. Sua vila, Kanchana-gadiya, fica a oito quilômetros da estação Bajarasau, a quinta estação a partir de Ajimaganja no distrito de Murshidabad, Bengala Ocidental.

Verso 113

O septuagésimo terceiro ramo da árvore original é Ramadasa, o septuagésimo quarto é Kavichandra, o septuagésimo quinto é Sri Gopala Dasa, o septuagésimo sexto é Bhagavatacharya, e o septuagésimo sétimo é Thakura Saranga Dasa.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (203) afirma: "Bhagavatacharya compilou um livro chamado Krishna-prema-tarangini, e era o devoto mais querido do Senhor Chaitanya Mahaprabhu". Quando o Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu visitou Varahanagara, um subúrbio de Calcutá, ficou na casa do brâmane mais afortunado que era muito erudito na literatura Bhagavata. Logo que o brâmane viu o Senhor Chaitanya Mahaprabhu, começou a ler o Srimad Bhagavatam. Quando Mahaprabhu ouviu sua explicação, que expunha bhakti-yoga, ficou imediatamente inconsciente de êxtase. O Senhor Chaitanya disse depois: "Nunca ouvi uma explicação tão boa do Srimad Bhagavatam. Por isso Eu o nomeio Bhagavatacharya. Seu único dever é recitar o Srimad Bhagavatam. Essa é uma ordem Minha". Seu nome verdadeiro era Raghunatha. Seu monastério, em Varahanagara, que fica cerca de seis quilômetros ao norte de Calcutá na beira do Ganges, ainda existe, e é administrado pelos discípulos iniciados por Sri Ramadasa Babaji. Atualmente, entretanto, não é tão bem administrado como na presença do Babaji Maharaja.
Outro nome de Thakura Saranga Dasa é Sarnga Thakura. Às vezes, ele também é chamado de Sarngapani ou Sarngadhara. Ele era morador de Nabadwip na vizinhança conhecida como Modadruma-dwipa, e adorava o Supremo Senhor num local reservado na beira do Ganges. Ele não aceitava nenhum discípulo, mas era inspirado repetidamente pela Suprema Personalidade de Deus de dentro do coração para fazer isso. Até que numa manhã decidiu: "A primeira pessoa que eu ver, tornarei minha discípula". Quando foi tomar seu banho no Ganges, viu por acaso um defunto que flutuava na água, e o tocou com seus pés. Isso fez com que o corpo ganhasse vida de imediato, e Thakura Saranga Dasa o aceitou como discípulo. Esse discípulo ficou famoso mais tarde como Thakura Murari, e seu nome é sempre associado ao de Sri Saranga. Sua sucessão discipular ainda habita a vila Sar. Há um templo em Mamagachi que dizem foi inaugurado por Sarnga Thakura. Não faz muito tempo, um novo prédio do templo foi erigido na frente duma árvore bakula lá, e agora é administrado pelos membros do Gaudiya Matha. É dito que a administração do templo é muito melhor agora do que antes. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (172) afirma que Saranga Thakura foi anteriormente a gopi chamada Nandimukhi. Alguns devotos dizem que ele foi anteriormente Prahlada Maharaja, mas Sri Kavi-karnapura afirma que seu pai Shivananda Sena, não aceita essa proposição.

Verso 114

O septuagésimo oitavo ramo da árvore original é Jagannatha Tirtha, o septuagésimo nono era o brâmane Sri Janakinatha, o octogésimo é Gopala Acharya, e o octogésimo primeiro é o brâmane Vaninatha.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Jagannatha Tirtha é um dos nove sannyasis principais companheiros do Senhor Chaitanya. Vaninatha Vipra era morador de Chanpahati, uma vila no distrito de Burdwan perto da cidade de Nabadwip, da delegacia de polícia de Purvasthali e da agência de correio de Samudragada. O templo de lá estava muito abandonado, mas foi restaurado no ano bengali 1328 (1921 d.C.) por Sri Paramananda Brahmachari, um dos discípulos de Sri Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura, que reorganizou o seva-puja (adoração no templo) e deixou o templo sob a direção do Sri Chaitanya Matha de Sri Mayapur. Hoje em dia no templo tem a Deidade de Sri Gaura-Gadadhara que é adorada estritamente conforme os princípios das escrituras reveladas. Chanpahati fica a três quilômetros tanto de Samudragada como da estação de Nabadwip da ferrovia oriental.

Verso 115

Os três irmãos Govinda, Madhava e Vasudeva são o octogésimo segundo, octogésimo terceiro e octogésimo quarto ramos da árvore. O Senhor Chaitanya e Nityananda dançavam quando eles faziam kirtana.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Os três irmãos Govinda, Madhava e Vasudeva Ghosa pertenciam a uma família kayastha. Govinda inaugurou o templo Gopinatha em Agradwipa, onde morava. Madhava Ghosa era um excelente líder de kirtana. Ninguém nos três mundos pode se comparar a ele. Ele era conhecido como o cantor de Vrindavana e era muito querido por Sri Nityananda Prabhu. É dito que quando os três irmãos faziam sankirtana, o Senhor Chaitanya e Nityananda dançavam em êxtase de imediato. Segundo o Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (188), os três irmãos foram anteriormente as gopis Kalavati, Rasollasa e Gunatunga, que cantavam as canções compostas por Sri Vishakha-gopi. Os três irmãos faziam parte de um dos sete grupos que realizavam kirtana quando o Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu participava do festival Ratha-yatra em Jagannatha Puri. Vakresvara Pandita era o dançarino principal de seu grupo. Isso é descrito vividamente no Madhya-lila, Capítulo Treze, versos 42 e 43.

Verso 116

Ramadasa Abhirama estava profundamente absorto no sabor de amizade. Ele fez uma flauta de bambu com dezesseis nós.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Abhirama era morador de Khanakula-krishna-nagara.

Verso 117

Pela ordem de Sri Chaitanya Mahaprabhu, três devotos acompanharam o Senhor Nityananda Prabhu quando voltou para a Bengala para pregar.

Verso 118

Esses três são Ramadasa, Madhava Ghosa e Vasudeva Ghosa. Govinda Ghosa, porém, ficou com Sri Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri e assim sentiu grande satisfação.

Verso 119

Bhagavatacharya, Chiranjiva, Sri Raghunandana, Madhavacharya, Kamalakanta e Sri Yadunandana são todos ramos da árvore de Chaitanya.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Madhavacharya era esposo da filha do Senhor Nityananda, Gangadevi. Ele recebeu iniciação de Purushottama, um ramo de Nityananda Prabhu. É dito que quando a filha de Nityananda Prabhu casou com Madhavacharya, o Senhor lhe deu a vila chamada Panjinagara como dote. O templo de Madhavacharya fica perto da estação de Jirat na ferrovia oriental. Segundo o Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (169), Sri Madhavacharya foi anteriormente a gopi chamada Madhavi. Kamalakanta pertencia ao tronco de Sri Adwaita Prabhu. Seu nome completo é Kamalakanta Visvasa.

Verso 120

Jagai e Madhai, o octogésimo nono e nonagésimo ramos da árvore, eram os grandes recipientes da misericórdia do Senhor Chaitanya. Esses dois irmãos são as testemunhas da prova de que o Senhor Chaitanya é corretamente chamado de Patita-pavana, "o libertador dos seres caídos".

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (115) afirma que os dois irmãos Jagai e Madhai foram anteriormente os porteiros chamados Jaya e Vijaya, que depois se tornaram Hiranyaksha e Hiranyakashipu. Jagai e Madhai nasceram em famílias brâmanes respeitáveis, mas adotaram as profissões dos ladrões e bandidos, por isso se envolveram em todos tipos de atividades indesejáveis, especialmente caça a mulheres, intoxicação e jogos de azar. Mais tarde, pela graça do Senhor Chaitanya Mahaprabhu e Sri Nityananda Prabhu, foram iniciados, e tiveram a chance de cantar o maha-mantra Hare Krishna. Como resultado do cantar, os dois irmãos se tornaram devotos exaltados do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Os descendentes de Madhai existem até hoje, e são brâmanes respeitáveis. Os túmulos desses dois irmãos, Jagai e Madhai, ficam num lugar conhecido como Ghoshahata, ou Madhaitala-grama, que fica cerca de dois quilômetros ao sul de Katwa. É dito que Sri Gopicharana Dasa Babaji construiu um templo de Nitai-Gaura nesse local por volta de duzentos anos atrás.

Verso 121

Fiz uma breve descrição dos devotos do Senhor Chaitanya na Bengala. Na verdade, Seus devotos são inumeráveis.

Verso 122

Eu mencionei todos esses devotos especialmente porque eles acompanharam o Senhor Chaitanya Mahaprabhu na Bengala e Orissa, e O serviram de várias formas.

Iluminação de Srila Prabhupada:
A maioria dos devotos do Senhor Chaitanya viviam na Bengala e Orissa. Por isso são célebres como Oriyas e Gaudiyas. No presente, porém, pela graça do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, Seu culto é propagado em todo o mundo, e é muito provável que na história futura do movimento do Senhor Chaitanya, europeus, americanos, canadenses, australianos, sul-americanos, asiáticos e pessoas de todo o mundo ficarão célebres como devotos do Senhor Chaitanya. A Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna já construiu um grande templo em Mayapur, Nabadwip, que é visitado por devotos de todas as partes do mundo, como foi previsto pelo Senhor Chaitanya Mahaprabhu e antecipado por Sri Bhaktivinoda Thakura.

Verso 123

Agora vou descrever brevemente alguns devotos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri.

Versos 124-126

Entre os devotos que acompanharam o Senhor em Jagannatha Puri, dois deles, Paramananda Puri e Swarupa Damodara, são a vida e a alma do Senhor. Entre outros devotos estão Gadadhara, Jagadananda, Shankara, Vakresvara, Damodara Pandita, Thakura Haridasa, Raghunatha Vaidya e Raghunatha Dasa.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-lila, Capítulo Cinco, afirma que Raghunatha Vaidya veio ver Sri Chaitanya Mahaprabhu quando o Senhor estava em Panihati. Ele é um grande devoto e tem todas boas qualidades. Segundo o Sri Chaitanya Bhagavata, ele foi anteriormente Revati, a esposa de Balarama. Qualquer pessoa que ele olhasse, obtinha imediatamente a Consciência de Krishna. Ele vivia na praia em Jagannatha Puri e compilou um livro chamado Sthana-nirupana.

Verso 127

Todos esses devotos são companheiros do Senhor desde o começo, e quando o Senhor foi morar em Jagannatha Puri, eles permaneceram lá para servi-Lo fielmente.

Verso 128

Todos devotos que moravam na Bengala visitavam Jagannatha Puri todo ano para ver o Senhor.

Verso 129

Agora vou descrever os devotos da Bengala que foram os primeiros a virem para ver o Senhor em Jagannatha Puri.

Verso 130

Entre eles está Sarvabhauma Bhattacharya, um dos maiores ramos da árvore do Senhor, e o esposo de sua irmã, Sri Gopinatha Acharya.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O nome original de Sarvabhauma Bhattacharya era Vasudeva Bhattacharya. O lugar de seu nascimento, conhecido como Vidyanagar, fica a cerca de quatro quilômetros da estação ferroviária de Nabadwip, ou estação Chanpahati. Seu pai era uma personalidade célebre chamado Mahesvara Visharada. É dito que Sarvabhauma Bhattacharya era o maior erudito em lógica da sua época na Índia. Ele foi aluno do grande professor Pakshadhara Mishra em Mithila, Bihar, que não permitia os alunos anotarem nenhuma de suas explicações sobre lógica. Sarvabhauma Bhattacharya, entretanto, era tão talentoso que aprendia as explicações de cor, e quando voltou para Nabadwip depois, fundou uma escola para o estudo de lógica, assim diminuiu a importância de Mithila. Estudantes da Índia inteira vinham para Nabadwip estudar lógica. Segundo algumas opiniões autorizadas, o célebre lógico Raghunatha Shiromani também foi aluno de Sarvabhauma Bhattacharya. De fato, Sarvabhauma Bhattacharya se tornou o principal de todos estudantes de lógica. Apesar de ser grihastha (devoto casado), ele ensinou muitos sannyasis sobre o conhecimento da lógica.
Ele inaugurou uma escola em Jagannatha Puri para o estudo da filosofia Vedanta, da qual também era grande erudito. Quando Sarvabhauma Bhattacharya encontrou Sri Chaitanya Mahaprabhu, aconselhou o Senhor a aprender filosofia Vedanta dele, mas depois se tornou aluno do Senhor Chaitanya Mahaprabhu para entender o verdadeiro significado do Vedanta. Sarvabhauma Bhattacharya era tão afortunado que viu a forma de seis braços do Senhor Chaitanya conhecida como Sadbhuja. Até hoje existe uma Deidade Sadbhuja que fica em um dos cantos do templo Jagannatha. A realização diária de sankirtana acontece nessa parte do templo. O encontro de Sarvabhauma Bhattacharya com o Senhor Chaitanya Mahaprabhu é descrito vividamente no Madhya-lila, Capítulo Seis. Sarvabhauma Bhattacharya escreveu um livro chamado Chaitanya-shataka. Em acréscimo aos cem versos desse livro, os versos que começam com as palavras vairagya-vidya-nija-bhakti-yoga e kalan nastam bhakti-yogam nijam yah são muito famosos entre os Gaudiyas Vaishnavas. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (119) afirma que Sarvabhauma Bhattacharya é uma encarnação de Brihaspati, o grande sábio erudito dos planetas celestiais.
Gopinatha Acharya, que pertencia a uma família brâmane respeitável, também era morador de Nabadwip e companheiro constante do Senhor. Como este verso do Sri Chaitanya Charitamrita menciona, ele era esposo da irmã de Sarvabhauma Bhattacharya. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (178) descreve que anteriormente ele foi a gopi chamada Ratnavali. Segundo outras opiniões, ele é uma encarnação de Brahma.

Verso 131

A lista dos devotos de Jagannatha Puri (que começa com Paramananda Puri, Swarupa Damodara, Sarvabhauma Bhattacharya e Gopinatha Acharya), Kashi Mishra é o quinto, Pradyumna Mishra o sexto e Bhavananda Raya o sétimo. O Senhor Chaitanya tinha muito prazer em encontrar com eles.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Senhor Chaitanya em Jagannatha Puri morava na casa de Kashi Mishra, que era o sacerdote do rei. Mais tarde, essa casa foi herdada por Vakresvara Pandita, e depois por seu discípulo Gopalaguru Goswami, que instalou lá uma Deidade de Radhakanta. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (193) afirma que Kashi Mishra foi anteriormente Kubja em Mathura. Pradyumna Mishra, morador de Orissa, era um grande devoto do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Pradyumna Mishra nasceu numa família brâmane e Ramananda Raya numa família não brâmane, mesmo assim o Senhor Chaitanya Mahaprabhu aconselhou Pradyumna Mishra a aprender os ensinamentos de Ramananda Raya. Esse incidente é descrito no Antya-lila, Capítulo Cinco.
Bhavananda Raya era o pai de Sri Ramananda Raya. Sua residência ficava em Alalanatha (Brahmagiri), que fica cerca de cinco quilômetros a oeste de Jagannatha Puri. Ele pertencia à comunidade karana de Orissa em termos de casta, cujos membros às vezes são chamados de kayasthas e outras vezes como shudras, mas ele era o governador de Madras sob o domínio do rei Prataparudra de Jagannatha Puri.

Verso 132

O Senhor abraçou Raya Bhavananda e declarou para ele: "Você apareceu anteriormente como Pandu, e seus cinco filhos apareceram como os Pandavas".

Verso 133

Os cinco filhos de Bhavananda Raya são Ramananda Raya, Pattanayaka Gopinatha, Kalanidhi, Sudhanidhi e Nayaka Vaninatha.

Verso 134

Sri Chaitanya Mahaprabhu disse a Bhavananda Raya: "Seus cinco filhos são todos Meus devotos queridos. Ramananda Raya e Eu somos um, apesar de nossos corpos serem diferentes".

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (120-24) afirma que Ramananda Raya foi anteriormente Arjuna. Ele também é considerado uma encarnação da gopi Lalita, apesar de outras opiniões afirmarem que ele é uma encarnação de Vishakhadevi. Ele é o devoto mais confidencial do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Sri Chaitanya Mahaprabhu afirmou: "Apesar de Eu ser um sannyasi, Minha mente fica perturbada às vezes quando vejo uma mulher. Mas Ramananda Raya é muito melhor que Eu, porque nunca fica perturbado, mesmo quando toca numa mulher". Só Ramananda Raya tem essa prerrogativa de tocar numa mulher dessa forma, ninguém deve imitá-lo. Infelizmente, existem canalhas que imitam as atividades de Ramananda Raya. Não precisamos discuti-las mais.
Durante os passatempos finais do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, Ramananda Raya e Swarupa Damodara sempre se dedicavam a recitar versos adequados do Srimad Bhagavatam para acalmar os sentimentos extáticos de separação de Krishna do Senhor. É dito que quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu foi para o sul da Índia, Sarvabhauma Bhattacharya O aconselhou a encontrar Ramananda Raya, e declarou que não havia nenhum devoto tão avançado na compreensão do amor conjugal de Krishna com as gopis. Quando viajou pelo sul da Índia, o Senhor Chaitanya encontrou Ramananda Raya na beira do Godavari, e em suas longas conversas, o Senhor assumiu a posição de aluno, e Ramananda Raya O instruía. Chaitanya Mahaprabhu concluiu essas conversas ao dizer: "Meu querido Ramananda Raya, tanto você quanto Eu somos loucos, por isso que nos encontramos intimamente no mesmo nível". O Senhor Chaitanya aconselhou Ramananda Raya a renunciar ao seu cargo no governo e voltar a Jagannatha Puri para viver com Ele. Apesar de Sri Chaitanya Mahaprabhu recusar um encontro com Maharaja Prataparudra por ele ser rei, Ramananda Raya, com um plano Vaishnava, organizou um encontro entre o Senhor e o rei. Isso é descrito no Madhya-lila, capítulo Doze, versos 41 a 57. Sri Ramananda Raya estava presente durante os jogos aquáticos do Senhor depois do festival Ratha-yatra.
O Senhor Chaitanya Mahaprabhu considerava Sri Ramananda Raya e Sri Sanatana Goswami como iguais em renúncia, apesar de Sri Ramananda Raya ser grihastha ocupado no serviço público e Sri Sanatana Goswami estar na ordem renunciada com desapego pleno das atividades materiais, os dois eram servos da Suprema Personalidade de Deus que mantinham Krishna no centro de todas suas atividades. Sri Ramananda Raya é uma das três e meia personalidades com quem Sri Chaitanya Mahaprabhu discutia os tópicos mais confidenciais da Consciência de Krishna (ver verso 137 adiante neste mesmo capítulo). O Senhor Chaitanya Mahaprabhu aconselhou Pradyumna Mishra a aprender a ciência de Krishna com Sri Ramananda Raya. Do mesmo modo como Subala sempre ajuda Krishna em Seu relacionamento com Radharani no krishna-lila, Ramananda Raya ajudava o Senhor Chaitanya Mahaprabhu em Seus sentimentos de separação de Krishna. Sri Ramananda Raya é o autor de Jagannatha-vallabha-nataka.

Versos 135-136

O rei Prataparudra de Orissa, os devotos oriya Krishnananda e Shivananda, Paramananda Mahapatra, Bhagavan Acharya, Brahmananda Bharati, Sri Shikhi Mahiti e Murari Mahiti acompanhavam Chaitanya Mahaprabhu constantemente quando Ele viveu em Jagannatha Puri.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Prataparudra Maharaja, que pertencia à dinastia dos reis Ganga e cuja capital é Chuttak, era o imperador de Orissa e um grande devoto do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Foi pelo arranjo de Ramananda Raya e Sarvabhauma Bhattacharya que ele pôde servir o Senhor Chaitanya. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (118) afirma que o rei Indradyumna, que construiu o templo de Jagannatha milhares de anos atrás, mais tarde nasceu novamente em sua própria família como Maharaja Prataparudra durante a época de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Maharaja Prataparudra era tão poderoso quanto o rei Indra. A peça de teatro chamada Chaitanya-chandrodaya foi escrita sob sua direção.
No Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-lila, Capítulo Cinco, Paramananda Mahapatra é descrito como se segue: "Paramananda Mahapatra estava entre os devotos que nasceram em Orissa e aceitaram Chaitanya Mahaprabhu como seu único bem. Ele sempre pensava em Chaitanya Mahaprabhu no êxtase do amor conjugal". Bhagavan Acharya, um catedrático muito erudito, morava em Halisahara, mas deixou tudo para viver com Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri. Sua relação com Chaitanya Mahaprabhu era de amizade, como a de um menino pastor de vacas. Ele era muito amigo de Swarupa Gosañi, mas era fielmente devotado aos pés de lótus do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Ele convidou Chaitanya Mahaprabhu para sua casa algumas vezes.
Bhagavan Acharya era muito liberal e simples. Seu pai, Shatananda Khan, era totalmente materialista, e seu irmão mais novo, Gopala Bhattacharya, era um filósofo Mayavadi convicto que estudou minuciosamente. Quando seu irmão veio para Jagannatha Puri, Bhagavan Acharya queria ouvir dele sobre filosofia Mayavada, mas Swarupa Damodara o proibiu de fazer isso, e o assunto foi encerrado. Certa vez, um amigo de Bhagavan Acharya da Bengala queria recitar o texto duma peça de sua autoria que era contra os princípios do serviço devocional, apesar de Bhagavan Acharya querer recitar a peça para o Senhor Chaitanya Mahaprabhu, Swarupa Damodara, o secretário do Senhor, não permitiu. Mais tarde, Swarupa Damodara apontou vários erros e divergências na peça contra a conclusão do serviço devocional, o autor tomou conhecimento das falhas em sua composição, depois se rendeu a Swarupa Damodara, e implorou por sua misericórdia. Isso é descrito no Antya-lila, Capítulo Cinco, versos 91 a 158.
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 189, afirma que Shikhi Mahiti foi anteriormente uma assistente de Srimati Radharani chamada Ragalekha. Sua irmã Madhavi também era assistente de Srimati Radharani e se chamava Kalakeli. Shikhi Mahiti, Madhavi e seu irmão Murari Mahiti eram todos devotos puros de Sri Chaitanya Mahaprabhu que não podiam esquecê-Lo nem por um momento em suas vidas. Tem um livro na língua Oriya chamado Chaitanya-charita-mahakavya no qual há narrações sobre Shikhi Mahiti. Uma das narrações é quando ele teve um sonho extático. Shikhi Mahiti estava sempre dedicado a servir o Senhor em sua mente. Uma noite, quando prestava esse serviço, caiu no sono, e seu irmão e irmã vieram despertá-lo enquanto dormia. Nesse momento, ele estava em pleno êxtase porque teve um sonho maravilhoso que o Senhor Chaitanya, quando visitava o templo de Jagannatha, entrava e saía repetidas vezes do corpo de Jagannatha, e olhava para a Deidade de Jagannatha. Assim que acordou, abraçou seu irmão e irmã e os informou: "Meus queridos irmão e irmã, tive um sonho maravilhoso que vou explicar a vocês. As atividades do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, o filho da mãe Shachi, são com certeza maravilhosas. Eu vi que o Senhor Chaitanya Mahaprabhu, quando visitava o templo de Jagannatha, entrava no corpo de Jagannatha e saia de Seu corpo de novo. Eu ainda vejo esse mesmo sonho. Vocês acham que eu estou enlouquecido? Eu ainda vejo o mesmo sonho! E o mais maravilhoso é que quando chego perto de Chaitanya Mahaprabhu, Ele me abraça com Seus longos braços". Enquanto falava dessa forma a seu irmão e irmã, a voz de Shikhi Mahiti ficou embargada, e as lágrimas encheram seus olhos. Então, os irmãos e a irmã foram ao templo de Jagannatha, e viram o Senhor Chaitanya no Jagamohana (o salão de kirtana no templo de Jagannatha), que olhava para a bela Deidade de Sri Jagannatha da mesma forma que no sonho de Shikhi Mahiti. O Senhor era tão magnânimo que abraçou Shikhi Mahiti imediatamente, e exclamou: "Você é o irmão mais velho de Murari"! Ao receber esse abraço, Shikhi Mahiti sentiu a bem-aventurança transcendental extática. Assim, ele com seu irmão e sua irmã sempre se dedicavam a prestar serviço ao Senhor. Murari Mahiti, o irmão mais novo de Shikhi Mahiti, é descrito no Madhya-lila, Capítulo Dez, verso 44.

Verso 137

Madhavidevi, a décima sétima dos devotos proeminentes, é a irmã mais nova de Shikhi Mahiti. Ela é considerada uma das servas de Srimati Radharani anteriormente.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Há uma descrição de Madhavidevi no Antya-lila do Sri Chaitanya Charitamrita, Capítulo Dois, versos 104 a 106. Sri Chaitanya Mahaprabhu a considerava como uma das servas de Srimati Radharani. Aqui neste mundo, Chaitanya Mahaprabhu teve três e meio servos muito íntimos. Os três são Swarupa Gosañi, Sri Ramananda Raya e Shikhi Mahiti, e a irmã de Shikhi Mahiti, Madhavidevi, como é mulher, é considerada metade. Por isso se diz que Sri Chaitanya Mahaprabhu teve três e meio devotos confidenciais.

Verso 138

Brahmachari Kashisvara era discípulo de Isvara Puri, e Sri Govinda era outro de seus discípulos queridos.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Govinda é o servo pessoal de Sri Chaitanya Mahaprabhu. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 137, afirma que os servos que se chamavam anteriormente Bhringara e Bhangura em Vrindavana se tornaram Kashisvara e Govinda nos passatempos de Chaitanya Mahaprabhu. Govinda sempre se dedicava ao serviço do Senhor, mesmo com alto risco.

Verso 139

Na lista dos devotos proeminentes de Nilachala (Jagannatha Puri), Kashisvara é o décimo oitavo e Govinda o décimo nono. Os dois vieram ver Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri, como foram ordenados por Isvara Puri durante seu falecimento.

Verso 140

Tanto Kashisvara quanto Govinda eram irmãos espirituais de Sri Chaitanya Mahaprabhu, por isso o Senhor os honrou logo que chegaram. Mas porque Isvara Puri ordenou aos dois para prestarem serviço a Chaitanya Mahaprabhu, o Senhor aceitou o serviço deles.

Verso 141

Govinda cuidava do corpo de Sri Chaitanya Mahaprabhu, enquanto Kashisvara andava na frente do Senhor quando Ele ia ver Jagannatha no templo.

Verso 142

Quando Chaitanya Mahaprabhu ia para o templo de Jagannatha, Kashisvara, como era muito forte, abria o caminho através da multidão com suas mãos para que Chaitanya Mahaprabhu pudesse passar sem ser tocado.

Verso 143

Ramai e Nandai, o vigésimo e vigésimo primeiro entre os devotos importantes de Jagannatha Puri, sempre ajudavam Govinda vinte e quatro horas por dia na prestação de serviço ao Senhor.

Verso 144

Todos os dias, Ramai enchia vinte e dois grandes potes de água, enquanto Nandai ajudava Govinda pessoalmente.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (139) afirma que os dois servos que forneciam leite e água para o Senhor Krishna se tornaram Ramai e Nandai nos passatempos de Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 145

O vigésimo segundo devoto, Krishnadasa, nasceu numa família brâmane pura e respeitável. Quando viajou para o sul da Índia, o Senhor Chaitanya levou Krishnadasa com Ele.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Krishnadasa é descrito no Madhya-lila, Capítulos Sete e Nove. Ele foi com Sri Chaitanya Mahaprabhu para carregar Seu pote de água. No estado de Malabar, membros do culto Bhattathari tentaram cativar Krishnadasa por mandarem uma mulher seduzi-lo, mas apesar de Sri Chaitanya Mahaprabhu salvá-lo do dano, quando voltaram para Jagannatha Puri, Ele pediu a Krishnadasa para ficar lá, pois o Senhor nunca Se dispunha favoravelmente a um companheiro que tivesse atração por mulher. Assim, Krishnadasa perdeu a companhia pessoal do Senhor Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 146

Como é um devoto autêntico, Balabhadra Bhattacharya, o vigésimo terceiro companheiro principal, atuou como o brahmacari de Sri Chaitanya Mahaprabhu quando Ele viajou para Mathura.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Balabhadra Bhattacharya atuou como um brahmacari, ou ajudante pessoal de um sannyasi. Um sannyasi não deve cozinhar. Geralmente, um sannyasi toma prasada na casa de um grihastha, e o brahmachari o ajuda nesse sentido. O sannyasi é considerado mestre espiritual e o brahmachari seu discípulo. Balabhadra Bhattacharya atuou como brahmacari de Sri Chaitanya Mahaprabhu quando o Senhor viajou para Mathura e Vrindavana.

Verso 147

Bada Haridasa e Chota Haridasa, o vigésimo quarto e vigésimo quinto devotos em Nilachala, eram bons cantores que sempre acompanhavam o Senhor Chaitanya.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Chota Haridasa foi banido da companhia do Senhor Chaitanya Mahaprabhu como afirma o Antya-lila, Capítulo Dois.

Verso 148

Entre os devotos que viveram com o Senhor Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri, Ramabhadra Acharya é o vigésimo sexto, Simhesvara o vigésimo sétimo, Tapana Acharya o vigésimo oitavo, Raghunatha o vigésimo nono e Nilambara o trigésimo.

Verso 149

Singabhatta é o trigésimo primeiro, Kamabhatta o trigésimo segundo e Kamalananda o trigésimo quarto. Todos eles serviram Sri Chaitanya Mahaprabhu antes na Bengala, mas depois esses servos deixaram a Bengala para viver com o Senhor em Jagannatha Puri.

Verso 150

Achyutananda, o trigésimo primeiro, era filho de Adwaita Acharya. Ele também viveu com o Senhor Chaitanya, ao se abrigar em Seus pés de lótus em Jagannatha Puri.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Há uma afirmação sobre Achyutananda no Capítulo Doze, verso 13, do Adi-lila.

Verso 151

Nirloma Gangadasa e Vishnudasa são o trigésimo sexto e trigésimo sétimo entre os devotos que viveram em Jagannatha Puri como servos de Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Versos 152-154

Os devotos proeminentes de Varanasi são o médico Chandrashekhara, Tapana Mishra e Raghunatha Bhattacharya, filho de Tapana Mishra. Quando o Senhor Chaitanya veio para Varanasi depois de visitar Vrindavana, ficou durante dois meses na casa de Chandrashekhara Vaidya e aceitou prasada na casa de Tapana Mishra.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Quando Sri Chaitanya Mahaprabhu estava na Bengala, Tapana Mishra se aproximou Dele para discutir sobre o avanço espiritual. Assim foi favorecido pelo Senhor Chaitanya Mahaprabhu e recebeu iniciação hari-nama. Depois disso, pela ordem do Senhor, Tapana Mishra foi morar em Varanasi, e quando o Senhor Chaitanya visitou Varanasi, ficou na casa de Tapana Mishra.

Verso 155

Quando Sri Chaitanya Mahaprabhu ficou na casa de Tapana Mishra, Raghunatha Bhatta, que era uma criança na época, lavava Seus pratos e massageava Suas pernas.

Verso 156

Quando Raghunatha se tornou um homem jovem, foi visitar o Senhor Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri e ficou lá por oito meses. Ele ofereceu prasada algumas vezes para o Senhor.

Verso 157

Mais tarde, pela ordem do Senhor Chaitanya, Raghunatha foi para Vrindavana e ficou lá sob o abrigo de Srila Rupa Goswami.

Verso 158

Quando ficou com Srila Rupa Goswami, sua ocupação era recitar o Srimad Bhagavatam para ele ouvir. Como resultado de seu recitar do Srimad Bhagavatam, alcançou o amor perfeito por Krishna, com o qual ficou enlouquecido para sempre.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Raghunatha Bhattacharya, ou Raghunatha Bhatta Goswami, um dos seis Goswamis, era filho de Tapana Mishra. Nasceu aproximadamente no ano 1425 shakabda (1504 d.C.), era perito em recitar o Srimad Bhagavatam, e o Antya-lila, Capítulo Treze, descreve que ele também era um exímio cozinheiro, tudo que ele cozinhava era como néctar. Sri Chaitanya Mahaprabhu ficava muito contente em aceitar a comida que ele cozinhava, e Raghunatha Bhatta costumava comer os restos da comida deixada por Sri Chaitanya Mahaprabhu. Raghunatha Bhattacharya viveu oito meses em Jagannatha Puri, depois o Senhor Chaitanya o mandou ir para Vrindavana para encontrar Sri Rupa Goswami. Sri Chaitanya Mahaprabhu pediu a Raghunatha Bhattacharya para não se casar e permanecer brahmachari, também mandou que ele lesse o Srimad Bhagavatam constantemente. Assim ele foi para Vrindavana, onde se ocupou em recitar o Srimad Bhagavatam para Srila Rupa Goswami. Ele era tão bom em recitar o Srimad Bhagavatam que recitava cada e todo verso em três tons melodiosos. Quando Raghunatha Bhatta Goswami morou com Sri Chaitanya Mahaprabhu, o Senhor o abençoou ao lhe dar nozes de bétel oferecidas à Deidade Jagannatha e um colar de flores de Tulasi que tinha quase dez metros de comprimento. Um dos discípulos de Raghunatha Bhatta Goswami construiu o templo Govinda sob sua direção. Raghunatha Bhatta Goswami forneceu todos os ornamentos da Deidade Govinda. Ele nunca falava futilidades ou assuntos mundanos mas sempre se dedicava a ouvir sobre Krishna vinte e quatro horas por dia. Ele nunca considerava uma blasfêmia contra qualquer Vaishnava. Mesmo se houvesse motivo para crítica, ele dizia que todos Vaishnavas estão dedicados ao serviço do Senhor por isso não se importava com suas faltas. Mais tarde, Raghunatha Bhatta Goswami morou numa pequena cabana no Radha-kunda. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 185, afirma que Raghunatha Bhatta Goswami foi anteriormente a gopi chamada Raga-mañjari.

Verso 159

Eu citei dessa forma apenas uma pequena parte dos inumeráveis devotos do Senhor Chaitanya. É impossível descrever todos eles.

Verso 160

De cada ramo da árvore cresceram centenas de milhares de sub-ramos de discípulos e discípulos netos.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O desejo do Senhor Chaitanya Mahaprabhu é que Seu culto fosse propagado por todo o mundo. Por isso há uma grande necessidade de muitos e muitos discípulos dos ramos de Sri Chaitanya Mahaprabhu na sucessão discipular. Seu culto deve ser propagado não apenas em algumas vilas, ou na Bengala, ou na Índia, mas por todo o mundo. É muito lamentável que supostos devotos complacentes criticam os membros da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna por aceitarem sannyasa e propagarem o culto do Senhor Chaitanya por todo o mundo. Não é da nossa conta criticar ninguém, mas porque eles tentam encontrar falhas neste movimento, a verdade real tem que ser dita. Sri Chaitanya Mahaprabhu queria os devotos por todo o mundo, e Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura e Srila Bhaktivinoda Thakura também confirmaram isso. Para satisfazer a vontade deles é que o movimento ISKCON se espalhou por todo o mundo. Os devotos genuínos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu devem ter orgulho de propagar o movimento da consciência de Krishna em vez de criticar destrutivamente seu trabalho de propaganda.

Verso 161

Cada ramo e sub-ramo da árvore são repletos de frutos e flores inumeráveis. Eles inundam o mundo com as águas do amor por Krishna.

Verso 162

Cada e todo ramo dos devotos de Sri Chaitanya Mahaprabhu tem poder e glória espirituais ilimitados. Mesmo se alguém tiver milhares de bocas, será impossível descrever os limites de suas atividades.

Verso 163

Eu descrevi brevemente os devotos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu em diferentes locais. Mesmo o Senhor Shesha, que tem milhares de bocas, não conseguiria listá-los.

Verso 164

Rogo aos pés de lótus de Sri Rupa e Sri Raghunatha, pois sempre desejo sua misericórdia, assim eu, Krishnadasa, narro o Sri Chaitanya Charitamrita, por seguir seus passos.

Assim terminam os significados Bhaktivedanta do Sri Chaitanya Charitamrita, Adi-lila, Décimo Capítulo, sobre o assunto do tronco principal da árvore de Chaitanya, seus ramos e seus sub-ramos.